O racismo nunca deve ser relativizado. Ele deve ser punido exemplarmente. Acho também detestável o nhém-nhém-nhém jurídico que, através de recursos, transformam as penas em pó. Se houve ofensa racial, o clube e o torcedor devem sofrer o que prevê a lei e isso deve valer para Inter, Grêmio, Flamengo ou ASA da Arapiraca, indistintamente.
Gremistas e colorados fazem parte da mesma sociedade. Há muitos gaúchos, torcedores de ambos os times, que chamam os negros de macacos quando acham que eles estão demais. Nosso racismo circundante não é restrito a determinados clubes.
Os jogos de times como Internacional e Grêmio são registrados por dezenas de câmeras e microfones. Estes devem ser examinados. Acreditar no depoimento de um jornalista é simplesmente ocioso. Ontem, entrei no twitter de Luciano Potter — que acusa torcedores de chamarem Fabrício de macaco. A coisa é uma série de lugares comuns, cheios de grandes palavras vazias. Parece-me que é conselheiro do Inter, o que lhe daria autoridade moral, mas sua postura trai a vontade de posar como herói defensor dos oprimidos. Posso estar errado, mas acho que, para comprovar as ofensas, bastam os registros eletrônicos, sem a necessidade de egos.
E há alguns fatos estranhos: um homem foi acusado de ofender Fabrício. Havia fotos e filme. Ele se apresentou e negou o fato. Estava até rindo da coisa. Afinal, ele é negro e não chamaria ninguém de macaco, disse. Outro é o silêncio de Fabrício a respeito do caso. Ele se declara apenas arrependido de sua atitude e não se apoia em injúrias sofridas. E mais: há certo desejo de que o Inter também seja acusado de racismo, como foi o Grêmio no ano passado.
Aqui, a atitude de Fabrício em vídeo.
Por outro lado, o presidente Piffero anunciou que o jogador não joga mais no Inter. É uma atitude que demonstra o destemor do clube com as denúncias de injúrias raciais. Fabrício teria reagido daquele forma por ser meio louco e descontrolado. Quem, como eu, o conhece de outras reações que teve no passado, não se surpreendeu muito.
Concluindo: sou favorável a que a denúncia por injúria racial seja examinada em detalhe, mas por favor, usemos a tecnologia, não o parente de Harry.
Caro Milton, este episódio é profundamente lamentável. Não discorro sobre teu post, mas tomo a liberdade de tecer algumas considerações.
Muitos colorados conhecidos e amigos, que horrorizaram-se na época, anatemizaram um time inteiro, perorizaram – justificadamente – contra aquela atitude racista de parte da torcida. Coisa, que sem o exagero, concordei. tanto que inclui a foto do Everaldo como minha no Face. Agora, calam-se, assim como calaram-se no episódio da mãe do Paulão. Alguns defenderão aquela frase estapafúrdia do Noveletto sobre ser compreensível até? Percebi, agora, que tenhos amigos colorados – com também gremistas – racistas, mas estes eu taxo de hipócritas. Acho a atitude pior que o racismo em si pois tentaram usar o racismo – este fruto de ignorância e mal pensar – dos outros para proveito próprio. Sinto vergonha por estes.
Em relação ao teu post, eu concordo contigo, mas gostaria de observar que a não denúncia pelo Fabricio (assim como com o Paulão) pode ter ocorrido pelo seguinte:
– não ouviu, o que não impede de ter sido ofendido, tanto faz se a bala atingiu o alvo
– ouviu e não se importou – uma das piores faces do racismo, aquela em que o negro se entende como inferior (paulo freire, o opressor introjetado)
– ouviu e se importou, mas não acusaria o próprio clube – figura clássica de assédio moral, CLT. este é um caso comum em outras áreas.
O fato de um negro gritar macaco. Ora, havia també no episódio do Grêmio. Por que um negro não seria racista também. A injuria em si tem por objetivo atacar o injuriado. As palavras são escolhidas para ferir e não pelo que se crê ou pensa.
Desculpe pelo post longo
na mosca, Branco
Nosso amigo jornalista da RBS é o novo queridinho da casa. Em poucos anos foi elevado à categoria “multimídia-geração-YZ”. Assim como todos os outros jornalistas mais antigos da casa adoram criar polêmica e chamarem a atenção dos fatos para si mesmos e, de quebra, forçar o empate do Gre-Nal. Maior ignorância foi do Novelleto, que certamente acha que as mulheres que usam saia curta merecem ser estupradas pois estão “provocando”.
Eu estava no estádio, não escutei um único grito capaz de ser injúria racial. Incluindo aí o macaco, negão, nego aquilo ou nego isto. Talvez estivesse bem perto do Potter. Acho muito estranho, que agora que todos sabem do que pode acontecer com o clube, que alguém no estádio aceite uma manifestação racista sem identificar o torcedor, isto server para o Potter, ou seja, escutou mas não viu? Viu mas não consegue identificar o sujeito? Viu o que as câmeras não mostram? E se o “testemunho” dele vale o meu não valeria no contra senso? Parece apenas um “jovem talento” que não conhece limites, aliás, como muitos de sua geração e alguns da minha.
Sou colorado , e acho que, se houve a injúria , meu time deve ser punido, mas, como disse o Milton, tem que haver provas um pouco mais sérias do que um depoimento de um cara pronto a faturar …