Hoje é aniversário de meu melhor amigo de infância, o João Batista. Às vezes, encontro-me com ele durante suas caminhadas com seus dois cachorros na Vasco da Gama. Conversamos. A Elena gosta dele. Diz que a gente deveria se encontrar mais e que ele é a pessoa mais calma do mundo. Não deve estar muito longe da verdade. Ele tem fala mansa, fino humor e é muito cortês, dando a impressão de que faltou alguma coisa na minha educação. Minha família morava no apartamento 11 do número 1891 da Av. João Pessoa, em Porto Alegre. A dele, no apartamento 31. Jogávamos futebol todos os dias e, quando chovia, ficávamos em torno de uma mesa de botão (futebol de mesa). Lembro bem, ele era melhor do que eu em tudo, inclusive nos estudos.
Há uma ex-amiga que também faz aniversário hoje. Um amigo deu-lhe o melhor dos apelidos: PMDB, em razão da facilidade para aderir a quem lhe der maior vantagem no momento. A atuação do partido em 2015 só atribui maior exatidão à alcunha.
17 de abril. Por essas e outras é que acho que a astrologia nada mais é do que constelações. Na verdade, quando duas estrelas parecem estar lado a lado, uma pode estar a 50 anos-luz, e outra a 500. Além disso, não vemos as estrelas como elas estão agora, mas através do tempo. Se uma se situa a 200 anos-luz, isso quer dizer que a luz observada partiu de sua fonte há duzentos anos. A rigor, ignoramos até se essa estrela ainda existe.
Então, uma figura tranquila e outra hidrófoba — sei do que falo — podem parecer estar lado a lado, mas é uma mentira. É muito perturbador ver alguém tão querido ao lado de outra detestável no céu (equivocado) de minha memória.
Obrigado pelo texto, Milton. Belíssimo.