O Inter perdeu a grande chance que lhe foi dada pelo árbitro Anderson Daronco. Este distribuiu tantos cartões bobos que foi obrigado a expulsar Geromel quando este fez, finalmente, uma falta merecedora de cartão. Depois o Grêmio recuou, mas o Inter não se fartou de perder gols, perdeu uns aqui e ali, não houve grande pressão. E, pqp, foi uma partida ruim, bem chata de se ver. O Douglas Ceconello matou a questão: “Gre-Nal, se não fosses tão feio, não serias eterno”.
O resultado do jogo foi o reflexo exato daquilo que se passou dentro do campo. Não me digam dos gols perdidos pelo Inter. Por exemplo, soltando aquele traque, como fez no segundo tempo, Sasha jamais fará gol em Grohe. Ninguém pode sequer querer reclamar grande injustiça de placar ou arbitragem. Daronco foi ruim para os dois lados. Como tem ocorrido, foi mais um Gre-Nal entre dois times com mais receio de perder do que desejo de ganhar. Houve poucas oportunidades de gol ou jogadas de perigo e, portanto, o marcador foi a consequência lógica desta postura medrosa. O resultado foi ótimo para o Grêmio e há precedentes. Em 2006, exatamente desta forma, o Grêmio foi campeão no Beira-Rio pelo saldo qualificado após um empate em zero no Olímpico.
Os garotos Rodrigo Dourado e Valdívia voltaram a ser os destaques do Inter — Valdívia tem que iniciar os jogos, certo Aguirre? Também recém vindos dos juniores, William, Alisson e Geferson foram bem. A exceção foi Sasha, que decaiu muito. O milionário restante do time foi apenas irregular…
Para piorar, enquanto víamos o jogo, eu e Elena perdíamos de conversar com o Henrique Bente, que fora ver a coisa lá em casa. Minutos depois de sair lá de casa, o Henrique escreveu o que segue em seu perfil do Facebook:
Primeiro Gre-Nal a que assisto depois de desligar-me do Grêmio em função do Caso Aranha.
Claro que não vestiria nem a camiseta de um, tampouco a do outro, então em solidariedade aos anfitriões vesti as cores tchecas e ingressei nos domínios do Imperador Vassily, o Magnífico, para torcer pelas fraturas.
Assistir a uma partida de futebol tão desgraçada na casa de uma musicista e de um melômano foi interessante, não tanto pelos vinte e dois caboclos que insistiam em desonrar o ludopédio, mas pela experiência de escutar, em vez da voz de boleiros, boa música: César Franck, Franz Schubert e Johann Sebastian Bach fizeram suas contribuições, mas foi a Sinfonia Italiana de Felix Mendelssohn-Bartholdy a que melhor se saiu junto com a coreografia sovaquenta daqueles inimigos da bola.
Assistir ao Braian Rodriguez passar lotado pela bola ao som da abertura de Sonho de uma Noite de Verão foi talvez um pouco demais para meu telencéfalo, de modo que meus atentos anfitriões não tardaram a desinfetar meus sentidos com um potente absinto. Depois de dois goles da Fada Verde, tudo melhorou.
Espero repetir a experiência com melhor futebol. Por ora, muito obrigado, Milton e Elena!
Tem razão o Henrique, o absinto tornou o final da partida agradável. Os erros de passes tornaram-se lógicos, os rostos duros de ruindade tornaram-se engraçados, o problema é que no Beira-Rio, no próximo domingo, ninguém vai deixar eu levar a garrafa milagrosa.