Este blog achou linda a propaganda do Boticário. Se você ainda não viu, veja aqui

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Linda, bem feita e humana.

Foi só O Boticário promover um comercial para o Dia dos Namorados com casais formados por pessoas do mesmo sexo que a onda conservadora começou a atacar. Na internet, religiosos fundamentalistas pedem para que seus seguidores “desaprovem” o vídeo no Youtube, clicando na mãozinha com sinal negativo. Em outro momento, pedem para que consumidores desaprovem o comercial em sites de reclamações.

No Youtube, o “não gostei” está com mais de 147 mil desaprovações contra 157 mil que aprovaram a campanha.

Já no site “Reclame Aqui”, uma consumidora escreveu: “Fiquei insatisfeita em assistir a um comercial onde ocorre a banalização das famílias no modelo tradicional, e onde aparecem famílias homossexuais, como se fosse normais (…) Tenho o direito de preservar a instituição família dentro da minha casa, e infelizmente o comercial do Boticário está ferindo esse direito”.

Diante da reação negativa dos conservadores, a empresa decidiu responder por meio da Central de Relacionamentos com o Consumidor: “O Boticário acredita na beleza das relações, presente em toda sua comunicação. A proposta da campanha “Casais”, que estreou na TV aberta no dia 25 de maio, é abordar com respeito e sensibilidade a ressonância atual sobre as mais diferentes formas de amor. Independente de idade, raça, gênero ou orientação sexual – representadas pelo prazer em presentear a pessoa amada no Dia dos Namoradoras. O Boticário reitera, que valoriza a tolerância e respeita a diversidade de escolhas e pontos de vista”.

Veja a propaganda abaixo:

* Com informações do UOL (números atualizados até às 15h35)

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11 comments / Add your comment below

  1. Fiquei emocionado assim que vi na tv. Sempre me sinto meio idiota e culpado quando me emociono com comerciais de tv, ainda mais quando sei que os mais lindos são de bancos (o cúmulo da contradição e da vilania disfarçada), e de seguradoras. Mas essa abordagem feita pelos publicitários contratados pela Boticário é a única sobre o tema, que eu vi, que é adulta, inteligente, humana, sofisticada, e sutil_ sem nada de pejorativismo ou caricaturesco em nenhum sentido. Parece, mesmo, atender a uma sinceridade verdadeira, ainda que ao escrever isso me soam todos os alarmes restantes sobre o filistinismo do meio publicitário. Mas, no final das contas, fica algo positivo, e uma nostalgia já antecipada: ah, se o discurso sempre se mantivesse nessas esferas elevadas.

    1. Faço minhas as palavras do Milton e as do Charlles. Fico sempre desconfortável com anúncios publicitários. Fora isso, foi um golaço dos publicitários contratados pelo Boticário.

      1. Andei pensando nessa reação boçal e anacrônica dos que “zelam pela família”, suscitada por esse comercial. Daí pensei na minha família. Meu avô fez com que ficasse incutido na genética da família a urgência pelos estudos. Todos da minha família, desde os loucos, os fracassados, as ovelhas negras, os desviados, os santos e os criminosos (uma das minhas maiores dificuldades é a inconstância em que ora e outra me situo entre tais categorias), são pra lá de estudados. Mesmo os ignorantes e os que só tem força intelectual para assinar o nome, são estudados. E todos, em maior ou menor grau, são, graças a isso, independentes financeiramente. Cumprem à risca a prediga religiosa de meu avô de botarem e retirarem seus chapéus simbólicos onde bem entenderem. Minhas primas, as quais admiro muito, são, a maioria, mães solteiras. MÃES SOLTEIRAS_ em caixa alta para os distraídos. Uma filigrana de desequilíbrio da providência, e seriam consideradas putas. Mas ali está meu avô, as olhando severamente de algum improvável avatar ultra-dimensional, para receber o agradecimento de ter ministrado a sarna do esclarecimento no gene da família, e com isso ter dado sua herança máxima, a de se poder fazer o que se bem entender com suas vidas pessoais, mandando a opinião alheia para o único lugar devido em que ela deve estar: a merda.

        Por que eu entrei nesse assunto genealógico todo? Para dizer que esses hipócritas que condenam tal propaganda o fazem porque não suportam serem confrontados com um desvio mínimo de seus acondicionamentos do “como pensar” e “como agir”. São a tal ralé criticada pela Hannah Arendt dos comandados que só olham o mundo através de clichês. Eles aceitam a bicha engraçada, bufa, afetada, estridente, com a alminha previsível dos palhaços deformados que não oferecem ameaça a ninguém; os Felix e demais bichas das novelas globais, criadas por roteiristas e vendidas por essa emissora estúpida com bula e atestado de “liberdade sexual para todos os gêneros” em adventos falsos do primeiro beijo gay e sei lá mais o quê. Isso aí eles podem suportar: a caricatura, o farsesco.

        Mas mostrem a liberdade de escolha sexual com requinte, com tranquilidade e equilíbrio, como foi feito pela propaganda do Boticário, aí essa ralé vai pular alto, como está pulando. Eu fico rindo lendo os comentários desses sacripantas obtusos, e rio mais ainda pelo que eu vejo de seus inerentes desesperos. O Boticário, pelo que eu saiba, está longe de ser uma empresa sem perspectivas estudadas a fundo sobre seu público consumidor. Ela não se lançaria em uma campanha assim se não soubesse da grande faixa de consumidores GLS que seguramente existe para seus produtos. De gente que pouco está se importando com o que pensa e esbraveja a massa alheia. O que há de novo (um novo tardio que deveria ter sido mostrado na mídia há muito tempo) nessa propaganda, é mostrar que a diferença sexual EXISTE, calmamente, com pessoas que lutam tranquilamente por suas felicidades, pessoas no todo sem nenhuma diferença conceitual uma das outras. O escandaloso nisso é a sua silenciosa normalidade. Um país como o nosso está preparado para admitir que um beijo truncado de uma bicha neurótica bufa apresentado em uma novela seja revolucionário, mas não para aceitar essa normalidade insuportável do tido como diferente.

    2. O comentário é também de alto nível. Traduziu tudo o que penso sobre o que penso sobre questões de grande relevância. Numa palavra, edificante.

  2. O blog achou linda, e esta leitora achou mais linda ainda. Cada vez mais se faz necessário o debate sobre a questão e o respeito ao viver diferente, ainda mais nos tempos atuais, em que vemos um discurso de ódio tomando conta das pessoas. Por mais amor, sempre, seja do jeito que for!

  3. Pessoal, vale ressaltar a campanha que paginas progressistas estão fazendo para que o vídeo tenha mais curtidas do que as negativas. Peço que cliquem no vídeo e avaliem positivamente. Os evangélicos estão em campanha contrária.

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