O tempo é uma coisa medida com precisão, mas nossa impressão dele sofre grandes variações. As coisas boas voam, as ruins se arrastam. Quando trabalhamos demais, achamos surpreendente como o tempo passa lento — hoje é só quarta-feira?, costumo pensar. Quando temos prazos a cumprir, parece que aquele muro cresce inexoravelmente sobre nós. Quando estamos em férias, o tempo voa. Hoje, coloquei a foto abaixo no Facebook com a legenda “Neste 31 de agosto, 2 anos”.
E foi ontem.
Fofos!
PRECISA-SE DE BICICLETAS
by Ramiro Conceição
Piketty, em seu Capital, no capítulo 16, trata da dívida pública. De acordo com o autor, a solução que parece mais razoável, ao enfretamento de tal complexa questão, seria a criação de um imposto progressivo – durante um intervalo de tempo a ser estipulado por um extenso acordo político – associado às diferentes categorias de capital, ou seja: i) tal imposto seria praticamente nulo em patrimônios líquidos inferiores a 1 milhão de euros (~ 4 milhões de reais), quer dizer, no caso brasileiro, praticamente 90% da população não seria atingida; ii) aos patrimônios líquidos entre 1-5 milhões de euros (~ 4-20 milhões de reais), tal imposto deveria ser próximo a 1%; iii) e em patrimônios superiores a 5 milhões de euros (20 milhões de reais, aproximadamente), o imposto estaria por volta de 2%.
A proposta de Piketty tem lógica, pois, se não está a me falhar a memória, entre os 5%, mais ricos, mas principalmente, no 1%, mais abastado, está praticamente de 30 a 50% do capital estocado, em uma NAÇÃO RICA, mas alicerçada num ESTADO POBRE.
E capital estocado é capital morto porque não é produtivo, não gera trabalho e nem riqueza a ser distribuída. Chega-se à conclusão, portanto, que o atual estágio do capitalismo é diabético, obeso, parado, rentista, repleto de triglicérides gerados por um diminuta minoria (isso, assim mesmo, redundante…) de párias sociais, encastelados em uma ideologia imediatista a dilapidar esse Planeta.
Por outro lado, Piketty faz uma seriíssima advertência: tal imposto progressivo seria possível se, e somente se, houver uma transparência global sobre o fluxo de capitais em transição nos mercados, pois aquela minoria obesa, aquele 1%, exerce a sua hegemonia via um pequeno exército de capachos, espalhados em todas as categorias do trabalho humano, que eu os definiria como – subanimais!
Logo, nunca dantes esse mundo precisou tanto de bicicletas que, eruditas, sabem do momento de inércia…: a probabilidade do movimento SEM QUEDA.
RASCUNHOS
by Ramiro Conceição
A arte não vem cedo.
A arte não vem tarde.
A arte vem
em rabiscos
da realidade.
Dos rascunhos
que fique a cor
que berre qual
uma novilha contente
sem medo do mundo.
O resto é cena,
não vale a pena
porque é escuro.