Enquanto o mundo têm se comovido com o destino de Aylan Kurdi, a criança síria que se tornou o símbolo da crise dos refugiados, o jornal satírico francês Charlie Hebdo tratou de zombar do fato.
Oito meses após o ataque terrorista que atingiu a sua sede em Paris , em janeiro, Charlie está de volta à cena com um novo set controverso de desenhos, nos quais faz piada com a imagem de Aylan, recentemente encontrado morto em uma praia turca.
Intitulado “Tão próximo de seu objetivo”, o primeiro desenho caracteriza Aylan deitado de bruços na praia perto de uma placa de publicidade de um “2 pelo preço de 1” da McDonald`s que diz “Dois menus criança pelo preço de um “.
Digamos que o primeiro ainda posa ser chamado de humor, mas o segundo vai contra o próprio ateísmo da revista. Ou não? Este chama-se “A prova de que a Europa é cristã”, mostrando uma criança afogando-se nas águas. No lado esquerdo, um homem, supostamente Jesus, caminha sobre as águas. o texto diz: “Cristãos caminham sobre as águas. As crianças muçulmanas crianças afundam. ”
O debate sobre estas imagens e sobre a verdadeira intenção da publicação está nas redes sociais. Há quem acuse o Charlie Hebdo de racismo. No entanto, há quem discorde e que argumente que estes cartoons versam sobre a reação europeia em relação à crise dos refugiados. Há oito meses atrás, eu disse que a Charlie era uma revista de humor grosseiro e quase fui fatiado. Sou a favor da liberdade de expressão da revista e de todos, sou contra bombardearem uma redação, claro, mas sigo achando a Charlie uma publicação de considerável mau gosto.
Continuo sendo um dos 17 leitores, as vezes discordando e as vezes concordando.
No caso, concordo com tudo, desde janeiro.
Julio, são 7!
Dobrei a meta +
Caro Milton, estranho ter que apontar a você o sarcasmo, justo você que sempre tem que vir aqui ou no Facebook ensinar que textos e mensagens possuem mais que a literal camada da superfície. Essa charge sobre Jesus e a criança muçulmana nada tem a ver com defesa do cristianismo, mas um ataque ao purismo hipócrita dito cristão que vemos também na Europa. Claro que a Charlie não vai ganhar pontos com um islão da mesma forma indisposto senão com a literariedade. Não concordo com esse tipo de humor; escrevi sobre o “menino sírio” em meu blog, e não coloquei as fotos de seu corpo na praia. É a foto mais brutal e deprimente que eu já vi, e não estou no equilíbrio para contar o quanto ela me …. (coloque aqui a palavra que achar mais adequada). Reproduzir essa foto é perigosa, acho que cai naquela de dessensibilizar pelo excesso de exposição. Violência contra crianças é algo inominável demais. De imediato lembrei do inigualável monólogo do Ivan Karamazóv dizendo que ele estaria disposto a crer em deus, mas ele esfregaria na cara de deus cada assassinato e cada brutalidade cometida contra crianças e por que deus se omitiu de cada um deles. E da mensagem do padre Zózima sobre o quanto é fundamental que nenhuma violência seja cometida contra uma criança, para o bem de nossa espécie_ ele dizia que até para se aproximar de uma criança ele media a candura de sua expressão para não ofendê-la minimamente. A Charlie fez seu papel de chocar; ficou enojado ao ver esses desenhos. Mas… mesmo não concordando, tais desenhos são muito menos dessensibilizadores do que a contínua e infinita reprodução da famosa foto.