O 11 de dezembro de 1993 é para eu lamentar. Era um sábado. O sábado em que meu pai morreu inesperadamente. No dia anterior, eu tinha me encontrado casualmente com ele num supermercado e tínhamos conversado animadamente sobre a música de Schubert. Jamais imaginaria que aquela fosse nossa despedida. Na manhã seguinte, minha mãe telefonou e encontrei-o deitado no chão do banheiro, cercado por ela, minha irmã e equipe médica.
A saudade é imensa e isso não é somente uma frase chavão. Comecei a senti-la quando vi que seu corpo estava frio e que todas as memórias que ele guardava de mim tinham se dissipado naquele ataque cardíaco. Eu tinha 36 anos e senti uma solidão de um gênero desconhecido, sem saída. É claro que esta sensação quase não existe 22 anos depois. Mas ela fica me ameaçando a cada 11 de dezembro.
A única foto que tenho dele aqui no trabalho é esta aí, com o neto Bernardo. Infelizmente, ele não conheceu a Bárbara.
Gosto muito da música :” Naquela Mesa” para momentos assim.
“Naquela mesa ele sentava sempre
E me dizia sempre o que é viver melhor
Naquela mesa ele contava histórias
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor
Naquela mesa ele juntava gente
E contava contente o que fez de manhã
E nos seus olhos era tanto brilho
Que mais que seu filho
Eu fiquei seu fã…”