Afinal, Bach nasceu em 21 ou 31 de março de 1685?

Afinal, Bach nasceu em 21 ou 31 de março de 1685?

Depende. Vamos falar de 1582? Naquele ano, o calendário gregoriano foi introduzido em alguns lugares da Europa, não em todos. A Itália, a Espanha, Portugal e a Polônia, os mais católicos, aceitaram a mudança ditada pela igreja, o resto não. Só depois é que todos os outros países aderiram. O 21 de março de 1685 da Alemanha não era o mesmo 21 de março de 1685 na Itália, Espanha etc. Havia 10 dias de diferença. O dia em que Bach nasceu foi “chamado” de 21 de março na Alemanha, onde eles ainda estavam usando o calendário juliano. Mas Bach nasceu num 31 de março, considerando o calendário que todos usam hoje, o gregoriano. O que vale? Ora, segundo os historiadores, vale o que está escrito lá na igreja onde Johann Sebastian Bach foi registrado. Vale o 21 de março.

Da mesma forma, é muitas vezes dito que Shakespeare e Cervantes morreram exatamente no mesmo dia, 23 de abril de 1616, como uma diferença de menos de 24h. Não é verdade. As mortes foram separadas por 10 dias. A de Shakespeare ocorreu em 23 de abril de 1616 (juliano), que equivalente hoje a 3 de maio (gregoriano). A de Cervantes aconteceu no dia 23 gregoriano. Mas os historiadores dizem que o que vale é o que está escrito, então ambos morreram em 23 de abril, mas com uma diferença de dez dias porque se a Espanha já usava o calendário gregoriano, a Inglaterra ainda usava o juliano. Então, eles não morreram ao mesmo tempo… Vá entender!

O que é certo é que podemos comemorar dois aniversários de Bach, nosso maior ídolo. E sempre com (muita) cerveja, que Bach amava e produzia em quantidades industriais em sua própria casa. Mas esta já outra história.

Eu nasci em 21 de março, mas em 31 de março, entendem?
Eu nasci em 21 de março e em 31 de março, entendem?

Boa noite, Argel Fucks (com os melhores lances, se podemos dizer tal absurdo)

Boa noite, Argel Fucks (com os melhores lances, se podemos dizer tal absurdo)
Tu pareces que só treinas um jogador, Argel: Paulão
Tu pareces que só treinas um jogador, Argel: Paulão

Querido Argel, o Inter está há quatro jogos sem vencer e joga o Campeonato Gaúcho. O diagnóstico pode ser feito por qualquer um que acompanhe o time: o grupo de jogadores é fraco, tu és um treinador digno deles e a diretoria observa tudo com uma passividade que beira a indiferença. Não sei o que passa pela cabeça do presidente Piffero, mas deve ser um marasmo ou uma confusão pré-Alzheimer. 2016 é um ano para assustar. O torcedor colorado sabe o que esperar do Brasileiro: mais um ano na fila. Os menos fantasiosos, como eu, aspiram apenas a discrição. Não queremos ser notados. Se me oferecessem agora um 12º ou 13º lugar, eu fechava AGORA com a certeza de ter feito um bom negócio. Mas tenho muito medo da queda. Estamos fazendo tudo para isso.

Vi boa parte do 0 x 0 entre Lajeadense e Inter. Foi um jogo de baixíssimo nível técnico e o único elogio que posso te fazer, Argel, é tu és o melhor treinador de Paulão que já passou pelo Beira-Rio. É muito pouco, mas eu te parabenizo. Hoje estou a fim de ver o lado positivo das coisas. Artur também jogou bem. O resto sucumbiu bem sucumbido e nem vou comentar.

Se tivéssemos contratado quatro ou cinco destaques na Segunda Divisão brasileira para o lugar da legião dispensada — merecidamente dispensada, diga-se — e mais um técnico de futebol que nem precisaria ser um figurão, estaríamos flanando na liderança deste fraquíssimo Charmosão 2016.

E não vou perder meu tempo escrevendo novamente o que todos sabem.

Porque hoje é sábado, só italianas

Porque hoje é sábado, só italianas

Pedem-me um PHES só de italianas. Deve ser fácil.

Tenho todas os PHES em diretórios separados. O diretório de onde saiu a foto acima chama-se Cristiana Capotondi.

Então, não é surpreendente que o diretório onde achei a foto acima se chamasse Carla Bruni.

O sobrenome da inglesa Claire Forlani não me engana.

Muito menos o da australiana Natalie Imbruglia.

Nem o da mezzo-sueca romana Isabella Rossellini.

Nem o da americana oriundi Madonna.

E muito menos o da brasileira Luana Piovani.

Mas o melhor ficou mesmo na bota, com Maria Grazia Cucinotta.

Monica Bellucci.

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Porque hoje é sábado, Irène Jacob

Porque hoje é sábado, Irène Jacob

Post de setembro de 2010.

Hoje, este seu blog deverá chegar aos 2 milhões de page views.

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Resolvi comemorá-los com Irène Jacob, este belo ser que…

… anda meio desaparecido de nossas retinas. Não sei o que anda fazendo, …

… nem se está revoltada com sua desaparição. Há coisas que a gente jamais esquece, …

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… coisas como A Dupla Vida de Véronique, filme de Kieslowski onde a conheci.

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Foi inesquecível. Vi-a mais vezes, mas a primeira surpresa foi a que se gravou com maior força.

Introvertida e estranha para o padrão de deslumbramento do star system, …

… Irène recusa convites americanos para seguir fazendo ….

… filmes franceses de baixo orçamento. Pouco fez nos States.

(Imaginem que ela recusou o papel principal de Proposta Indecente, …

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… que acabou no colo da anabolizada Demi Moore).

Nascida em 1966, aparece em alguns filmes sob o nome de Iren Zhakob, o que …

… parece ser apenas uma brincadeira.

Elegante e reservada, bela e misteriosa, …

… (e de poucas fotos) …

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… Irène é a mulher do segundo milhão.

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Nos 125 anos de Prokofiev, Valery Gergiev e quatro amigos restauram a casa do compositor

Nos 125 anos de Prokofiev, Valery Gergiev e quatro amigos restauram a casa do compositor

prokofiev-dacha-nikolina-goraO maestro e quatro amigos não identificados estão restaurando a dacha (casa de campo) do compositor, na aldeia de Nikolina Gora, nos arredores de Moscou. Gergiev é amigo de Putin e o líder das comemorações do 125º aniversário de Sergei Prokofiev.

O regente adora publicidade, mas desta vez está sendo discreto. “Estou muito feliz por poder salvar a dacha de Prokofiev. Eu e quatro amigos vamos colocá-la em ordem”.

De acordo com Gergiev, a questão é o que será feito depois. “Se ela será utilizada como um museu ou não, não é algo discutir publicamente agora. O fato é que a casa estava caindo aos pedaços e precisa de um tratamento muito cuidadoso”, disse.

Via Norman Lebrecht, é óbvio.

Keith Emerson, autor de Quartetos de Cordas

Keith Emerson, autor de Quartetos de Cordas
Keith Emerson (1944-2016)
Keith Emerson (1944-2016)

O legista afirmou que Keith Emerson, do Emerson, Lake & Palmer, matou-se com um tiro na semana passada. Ele vinha sofrendo há anos com dores musculares nos braços e tinha problemas cardíacos. Estava com 71 anos. Mas os reais motivos de seu ato não são conhecidos.

Esta manhã, apareceu um vídeo inédito de Wayne H. Lipton, administrador da Orquestra Sinfônica de South Shore, em Long Island.

Lipton explica que Emerson escreveu 3 Quartetos de Cordas que foram estreados na noite de aniversário de seus 70 anos, em outubro de 2014. O vídeo é incompleto, mas interessante. Um pouco depois dos 11 minutos, Keith faz uma entrada tranquila para tocar com o quarteto. Certamente esta é uma face que a esmagadora maioria de seus milhões de fãs desconhecem.

Músicos italianos e europeus pedem acesso aos manuscritos de Verdi e Puccini

Músicos italianos e europeus pedem acesso aos manuscritos de Verdi e Puccini

Cinquenta importantes figuras da música e das humanidades — lideradas por Daniel Barenboim, Riccardo Chailly, Placido Domingo, Daniele Gatti, Zubin Mehta, Antonio Pappano, Maurizio Pollini, Christian Thielemann, juntamente com nomes fundamentais da vida pública italiana — como Dario Fo, Bernardo Bertolucci, Andrea Camilleri, Claudio Magris, e Umberto Veronesi — assinaram um apelo ao ministro italiano do Patrimônio Cultural, relativo ao acesso acadêmico aos arquivos dos compositores Giuseppe Verdi e Giacomo Puccini.

As duas coleções — o Verdi Archivio (em Sant’Agata, Piacenza) e o Archivio Puccini (Torre del Lago, Lucca) — pertencem aos herdeiros dos compositores. Muitos manuscritos importantes, fundamentais para o estudo de como estes dois compositores viveram e criaram sua música, estão armazenados lá. Só que os atuais detentores dos materiais não dão acesso adequado a eles. Também não é possível saber das condições em que estão sendo preservados ou não, e muito menos de seus conteúdos.

Giuseppe Verdi & Giacomo Puccini: infelizmente, estes compositores italianos têm parentes também italianos
Giuseppe Verdi & Giacomo Puccini: infelizmente, estes compositores italianos têm parentes também italianos

Por toda a Europa, o acesso dos pesquisadores é livre para estudar os manuscritos de compositores. Porém, os herdeiros de Pucciverdi recusam-se a permitir aos investigadores o exame dos manuscritos. Esta recusa viola Art. n. 127 do Código da Herança Cultural italiana.

O recurso para o ministro italiano do Patrimônio Cultural foi publicado pela revista italiana mensal “Voce Classica”. Os cinquenta signatários são:

Roberto Abbado, Salvatore Accardo, Alberto Arbasino, Rosellina Archinto, Daniel Barenboim, Giorgio Battistelli, Bernardo Bertolucci, Francesco Saverio Borrelli, Mario Brunello, Renato Bruson, Massimo Cacciari, Bruno Cagli, Andrea Camilleri, Riccardo Chailly, James Conlon, Azio Corghi, Plácido Domingo, Ivan Fedele, Juan Diego Flórez, Dario Fo, Carlo Fontana, Luca Francesconi, Daniele Gatti, Gianluigi Gelmetti, Adriano Guarnieri, Philippe Jordan, Raina Kabaivanska, Fabio Luisi, Nicola Luisotti, Claudio Magris, Giacomo Manzoni, Michele Mariotti, Mario Martone , Zubin Mehta, Francesco Meli, Kent Nagano, Gianandrea Noseda, Anthony Pappano, Michele Pertusi, Maurizio Pollini, Salvatore Sciarrino, Renata Scotto, Alessandro Solbiati, Peter Stein, Christian Thielemann, Marco Tutino, Uto Ughi, Fabio Vacchi, Umberto Veronesi e Alberto Zedda.

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Nossa peregrinação ao Grande Pato

Nossa peregrinação ao Grande Pato

Deus Pato da Paulista

No último domingo, hordas de crentes dirigiram-se ao Grande Pato gritando “Quac! Quac!”. Sabemos que todo brasileiro adulto é obrigado a, pelo menos uma vez na vida e desde que disponha dos meios econômicos e goze de saúde, visitar o Grande Pato da Av. Paulista em São Paulo. Ele é nossa imagem, apesar de ter sido criado por um pessoal que vive de tenebrosas transações (obrigado, Chico).

A peregrinação do último domingo é nosso Hajj, nossa ida a Meca. Fiéis de todos os pontos do país acorreram ao local em busca de salvação e alento. Mas, desta vez, ao lado da religiosidade do brasileiro — tão desenvolvida em nós que nosso Congresso é em boa parte fundamentalista — ao lado o espírito místico da salvação, havia certo desespero.

Pois já que está difícil de Jesus voltar, já que o governo está ao pedaços, já que somos liderados por uma pessoa que não conversa e fala mal, já que ela que não faz política, já que perdeu o Congresso, restou-nos o Grande Pato.

Já que se tirarmos a Dilma entra o Temer — que é um nome e um verbo –, já que se tirarmos o Temer entre o Cunha — que é um nome e uma primeira sílaba –, restou-nos o Grande Pato.

Já que o varguista Pré-Sal vai nos fazer nadar num mar de fuligem e poluição, restou-nos o Grande Pato.

Já que desfizemos as proteções ambientais e partimos para a ofensiva contra os povos indígenas, restou-nos o Grande Pato.

Já que desprezamos a política, restou-nos o Grande Pato.

Já que algumas Operações da Polícia federal vão de vento em popa, enquanto outras ficam em calmaria, restou-nos o Grande Pato.

Já que 2013 afogou-se em 2014, restou-nos o Grande Pato.

Já que as merendas não chegam, restou-nos o Grande Pato.

E o Grande Pato é nossa imagem. Clarice Lispector diria que ele nos é. Ou que nós o somos.

Meus amigos, o fim do mundo está próximo. Iremos e veremos. Não esqueçam que Vá e veja é nome de obra-prima cinematográfica e citação do Apocalipse. .

Que Ciro Gomes e Marina Silva permaneçam quietos em suas casas, orando junto ao Grande Pato. E que Deus permita que seus carros fiquem sempre limpos, porque esse pessoal das garagens é muito perigoso. Às vezes, levam até as esperanças dos candidatos.

22 detalhes fascinantes que provavelmente você jamais notou na Torre de Babel de Bruegel

22 detalhes fascinantes que provavelmente você jamais notou na Torre de Babel de Bruegel

Hoje em dia é muito fácil admirar as obras mais importantes das artes plásticas de todos os tempos. Basta guglar e é gol. Mas há algumas pinturas que exigem uma abordagem particular. A Torre de Babel, de Pieter Bruegel, O Velho, é uma delas. Esta obra-prima foi pintada em 1563 e, para admirar o original, você precisa visitar o Museu Kunsthistorisches em Viena. Quando olhamos para a pintura parece que podemos ver tudo, mas na verdade não é assim tão fácil. Bruegel é conhecido pelos múltiplos detalhes. Seus Provérbios Holandeses é outro desses casos. São tantos detalhes que… Bem, vamos à Torre de Babel.

Apresentamos alguns detalhes que não são assim tão fáceis de perceber ao primeiro olhar.

(QUER VER MAIOR? CLIQUE SOBRE AS IMAGENS).

A Torre de Babel (aspecto geral)

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1. A visão distante: Um castelo, um rio com um moinho de vento, prados e montanhas.

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2. Os viajantes caminham em direção à torre.

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3. Jardins são visíveis por trás do muro.

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4. Uma carroça está passando por cima de uma ponte, enquanto as mulheres estão lavando roupa no rio ao lado de um pequeno moinho de vento.

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5. Existe um poço ao lado do rio, e as pessoas estão plantando algo na horta.

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6. À média distância: há ferreiros perto da torre.

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7. Algumas pessoas estão descansando ou dormindo, enquanto outras trabalham.

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8. Os trabalhadores no nível mais baixo fazem o reboco de uma parede.

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9. Carroças de material de construção estão subindo.

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10. Outros estão para serem carregados.

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11. Uma jangada.

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12. Barcos descarregam suas mercadorias.

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13. A visão distante: Casas e hortas.

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14. Vacas no pasto e viajantes dirigem-se para a cidade.

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15. A torre: A torre está sendo construída por tanto tempo que há pessoas que vivem no local da construção: algumas delas estão cuidando de seus jardins de flores, outros colocam roupas para secar, e outros cozinham ao fogo.

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16. Um andar acima, podemos ver praticamente a mesma coisa.

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17. O trabalhadores

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18. Mais trabalhadores.

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19. O primeiro plano: os pedreiros.

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20. Alavancando pedras muito pesadas.

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21. Nimrod – o rei bíblico que ordenou a construção da Torre de Babel.

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22. Trabalhadores rezando..

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Porque hoje é sábado, Maria Tereza Goulart

Porque hoje é sábado, Maria Tereza Goulart

Dedicado ao Gustavo Uriartt.

Jango era casado com uma linda mulher, Maria Tereza Goulart.

Maria_Tereza_Goulart_01O governo Jango tinha mais de 70% de aprovação quando foi derrubado. Dilma tem 10.

Maria_Tereza_Goulart_02Eram tempos exaltados. Mesmo com tanta aprovação, estavam Deus e os Milicos

Maria_Tereza_Goulart_03na rua e tinha gente pra caralho na tal Marcha da Família com Deus pela Liberdade.

Maria_Tereza_Goulart_04Os de agora não têm Deus, mas adorariam que os Milicos aparecessem.

Maria_Tereza_Goulart_19As marchas de direita em 1964 foram convocadas no momento em que Jango realizou

Maria_Tereza_Goulart_05as primeiras desapropriações para a Reforma Agrária.

Maria_Tereza_Goulart_06Já em 2016, o governo passou um ano inteiro sem assentar um sem-terra.

Maria_Tereza_Goulart_07O que Dilma tem em comum com Jango — além do isolamento — é outra coisa.

Maria_Tereza_Goulart_08É o que se construiu em torno de ambos os governos. Read More

Porque hoje é sábado, Kelly Reilly

Porque hoje é sábado, Kelly Reilly

Uma das muitas coisas que não posso explicar …

portrait1024… é o motivo de ter resolvido fazer este PHES com Kelly Reilly.

Voltava do almoço conjeturando se faria o post sabatino e com quem, …

936full-kelly-reilly-826x1024… quando me veio à mente esta atriz …

… da qual vi apenas dois filmes e que depois …

… sumiu nas brumas shakesperianas dos teatros londrinos.

Kelly, de 33 anos (hoje 38), deve ter o pior agente do mundo …

… pois tem beleza e é atriz suficiente …

… para estar em qualquer filme. Mas não está.

kelly-brook-ede-136Pior, fez um filme em que formava um estranho par amoroso … Read More

Marx e Hegel, “Nietzche” e a Martin Claret

Marx e Hegel, “Nietzche” e a Martin Claret

O PSDB e até Reinaldo Azevedo condenaram o pedido de prisão de Lula, mas gostaria de me deter na piada que é a argumentação do MP. O processo da prisão de Lula deflagrado pelo MP de São Paulo entrará para a história como uma ode à ignorância e à irresponsabilidade. O humor involuntário dos absurdos cometidos é hilariante. No documento, é citada a dupla Marx e Hegel em lugar de Marx e Engels, o que demonstra a total falta de intimidade dos promotores com a história da humanidade e a profundidade ideológica do documento. Além do mais, esqueceram de um “s” no nome de Nietzsche, coisa que um Control C-Control V resolveria mesmo que não se soubesse que a coisa mais típica da língua alemã seja a sequência das letras “sch”. E, como se não fosse suficiente, interpretaram seu conceito de super-homem de forma infantil. Creio que é fundamental também salientar que citaram edições da Martin Claret, a editora que faz as piores e mais vergonhosas traduções em nosso país. Um fiasco criado pela nossa educação de baixo nível e arrogância de altíssimo calibre. Os três patetas abaixo ficarão famosos em todo o mundo ao descortinarem nossa estupidez.

Os Três Patetas: Cassio Conserino, José Carlos Blat e Fernando Henrique Araújo
Os Três Patetas: Cassio Conserino, José Carlos Blat e Fernando Henrique Araújo

Ou seja, são citações que os patetas dos procuradores Cassio Conserino, José Carlos Blat e Fernando Henrique Araújo devem ter copiado de alguém tão culto como eles, mas que aceitaram o desafio de escreverem Nietzsche, errando as letras em um documento oficial que prenderia um ex-Presidente da República e que deveria entrar para a História do país pela porta da Frente.

marx e hegel

Meu amigo Éder Silveira brinca dizendo que o MP teria citado também “O Pequeno Príncipe” de Maquiavel. Acho que a citação deve ter sido “Tu és responsável pelo cativeiro”. Na verdade, meus amigos, a situação do país é tão grave que Engels estaria se passando por Hegel. Mais sério, Outro amigo meu, Alexandre Constantino diz que é “impressionante e preocupante esta falta de qualidade técnica e a voracidade da justiça. Principalmente, se procedimentos assim extrapolam para o cidadão comum, no dia a dia dos processos”. E eu sei que extrapolam. Já senti isto na carne com duas decisões das quais, se não tivessem sido contra mim, daria risadas, como fazem meus amigos até hoje.

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Para meus companheiros secadores (com os gols de Grêmio 1 x 1 San Lorenzo)

Para meus companheiros secadores (com os gols de Grêmio 1 x 1 San Lorenzo)
Guardrroger: metendo os pés pelas mãos no segundo tempo
Guardrroger: metendo os pés pelas mãos no segundo tempo

Nós, colorados, adoraríamos estar na Libertadores. Ver o Grêmio jogá-la é uma tortura. Ou nem tanto. Eles fizeram apenas 4 pontos nos primeiros três jogos, jogando duas em casa. Para dormirem bem, precisariam ter feito 6 ou 7. 4 é pouco e a perspectiva de uma desclassificação precoce enche de ânimo nossos maus corações. A campanha ideal foi a que Fossatti fez em 2010 antes de ver sua cabeça ceifada por Piffero: 3 vitórias em casa e 3 empates fora. Total: 12 pontos. Perfeito. O Grêmio descumpriu a Lei de Fossatti em dois jogos: perdeu uma fora e empatou uma em casa. E as luzes de alerta se acenderam.

Hoje, jogam LDU e Toluca em Quito. Nenhum dos dois é grande coisa — fora de casa, a LDU é pior que o Veranópolis. O melhor é uma vitória da LDU, pois os equatorianos irão perder inevitavelmente em Toluca e ambos fariam 3 pontos nessas duas rodadas. Neste caso, se o Grêmio perdesse em Buenos Aires, dia 15, no Nuevo Gasómetro, acabaria a quarta rodada como último do grupo. E o dia 6 de abril, após Toluca e LDU jogarem no México, seria de plena felicidade!

Ontem, vi o jogo conversando com um grupo de colorados no WhatsApp. Alguns são conselheiros do clube e levam a secação como se fosse uma religião. Dois destes fundamentalistas previram que Guardrroger desmontaria o time no segundo tempo. Era só a coisa ficar empatada até os 15 min do segundo tempo que ele teria o tradicional chilique, dando toda a chance para o San Lorenzo virar. E quase aconteceu. O Grêmio teve chances, mas “El Ciclón” quase fez o crime. Imaginem que o cara tirou o Luan para colocar Bobô! O Grêmio também me pareceu cansado ontem. Olha só, mais uma mancada: jamais deveriam ter entrado com os titulares no Gre-Nal. Enfim…

Levo medo neste jogo do dia 15. O SL jogou muito mal em casa contra o Toluca e não me parece muito capaz de espremer adequadamente nosso co-irmão dentro do Gasómetro. Porém permanecemos estamos alertas e esperançosos. Tudo há de dar errado!

https://youtu.be/X8FH4bJFPjM

Cravo ou piano?

Cravo ou piano?

Admirador de Gustav Leonhardt e de Glenn Gould, Jacques Drillon abre mais uma vez o debate, não se afastando de nenhuma das interrogações estilísticas, práticas e mesmo morais.

Tradução de Evandro Martini, a partir do original na Diapason francesa.

Há cerca de 40 anos, uma questão espinhosa era debatida: Bach deve ser tocado no piano ou no cravo? A verdade estava escondida em algum lugar, e precisava ser descoberta. A questão se colocava à parte do debate sobre instrumentos antigos e orquestras historicamente informadas. Como se Bach tivesse um lugar especial na história, e merecesse um tratamento especial. É verdade que ninguém teria a ideia de escolher Kandinsky ou Mondrian para ilustrar a capa de um registro de Couperin ou Buxtehude, enquanto com a Arte da Fuga — música “abstrata”, “Feita para ser lida mais do que tocada” — isso acontecia regularmente…

cravo

Assim como a dimensão política do debate sobre os instrumentos antigos (conservadorismo / progressismo, direita / esquerda) era evitada, e como a dimensão econômica também nunca foi tocada (e eram enormes os interesses financeiros em jogo), o aspecto estilístico de “Bach-no-piano” foi cuidadosamente evitado. Como se Bach estivesse fora dos estilos, fora da história, fora da geografia: como se sua música, e Gould o afirmou, “transcendesse questões de evolução”. É por isso que tudo era “possível” com Bach: tocá-lo com vibrafone, orquestra, quarteto de saxofones. Sua música “resiste a tudo”, lê-se ainda às vezes

Aprendemos, nos últimos quarenta anos, que não era verdade. Nós sabemos hoje o quanto a Itália e a França entram na música de Bach, que é possível classificar por épocas, cidades de residência. E a Arte da Fuga pode ser vista como uma homenagem ao contraponto do passado, contra a música da moda no fim da vida de Bach.

Portanto, a questão permanece: piano ou cravo? Os argumentos se empilham: a polifonia seria mais clara no piano, a dança seria mais natural ao cravo; os ornamentos vêm mais facilmente para o cravo, no piano parecem fora de lugar; a dinâmica está presente na própria escrita da música para cravo (três notas tocadas juntas soam mais alto do que uma), e o piano adiciona dinâmicas artificiais, ou então se limita a um mezzo forte constante e entediante; o temperamento desigual do cravo melhor reflete os tons que o temperamento equalizado do piano; o baixo continuo no piano é simplesmente ridículo, e cantores ou instrumentistas preferem o acompanhamento do cravo; a música de Bach é essencialmente articulada enquanto o piano prefere o fraseado. E por aí vai…

O piano é derrubado por essa série de argumentos. O único aparentemente em seu favor, a clareza da polifonia, não resiste por muito tempo: Leonhardt, ou Koopman, ou Hantaï fazem uma polifonia perfeitamente clara no cravo.

Várias respostas são fornecidas pelos defensores do piano:
1. Não importa, eu faço como eu quiser.
2. Um bom pianista é melhor do que um mau cravista.
3. Eu tenho um piano em casa, não tenho um cravo.
4. É possível tocar Bach no piano de forma “historicamente informada”.
5. Colocar um instrumento de salão no Carnegie Hall?

E nossos debatedores não se entendem. Só que Glenn Gould não se importa. Enquanto outros pianistas passaram a nos servir um Bach morno, preocupados com um estilo “correto”, Gould negou a sua existência. Para ele, o estilo não existe. E é porque ele o declara ilegítimo, como um tribunal é declarado incompetente, que Gould é interessante. Outros pianistas sabiam e ainda sabem que o olho do estilo os examina. Eles tocam Bach com medo e fazendo concessões (por exemplo se abstendo do pedal e seguindo o tratado de C.P.E. Bach). Gould considera os críticos com indulgência e diversão: há muito tempo ele se liberou desse superego esterilizante, triste, mal humorado. Gould está tão longe destas questões! Ele não faz parte do debate, ele o recusa, foge. Na realidade, é o único pianista a interpretar Bach no piano: os outros tocam no não-cravo.

Gould e Bach

Mas Gould não pode ocupar todo o horizonte: nós continuamos a ouvir outros artistas, a ir ao concerto. É preciso agir como se Gould não existisse: temos de voltar para a terra e considerar a questão sob o ângulo trivial do trabalho, da rentabilidade musical, do custo-benefício. No piano, tocar sem dinâmica exige um investimento técnico considerável, articular sem afetação é um desafio, tocar rapidamente sem legato é horrivelmente difícil. Em suma, entendemos que o investimento pianístico para se tocar Bach é de ordem diferente do investimento cravístico. No cravo, basta encostar nele para encontrar o que procuramos. Ao piano, é preciso cavar profundamente. A rentabilidade é baixa, quase insignificante, mas a exploração da matéria-prima Bach tem esse preço. É uma situação comparável ao mercado de petróleo: antes, a exploração de alguns campos não era rentável; o preço do petróleo subiu, a exploração se tornou viável e todo o mundo compra gasolina mais caro. Se alguém quiser Bach no piano, tem que pagar o preço.

10 proibições surpreendentes que ainda afetam as mulheres em 2016

Da RFI

Dia oito de março marca o Dia Internacional das Mulheres e, se é verdade que muitos avanços podem ser registrados em termo de direitos, ainda persiste uma série de proibições que somente afetam as mulheres.

Campanha das Nações Unidas para os direitos da Mulher
Campanha das Nações Unidas para os Direitos da Mulher

1. Afeganistão: proibido usar maquiagem

Além da maquiagem, as mulheres não podem usar saltos, não podem mostrar os tornozelos ou rir em voz alta. As afegãs também não têm o direito de trabalhar fora de casa e de sair nas ruas sem a presença de um membro masculino da família. Já houve casos de punição com amputação dos dedos por uso de esmalte, que também é proibido.

2. Iêmen: proibido sair de casa sem permissão

De acordo com a lei, uma mulher casada é obrigada a viver com o marido e nunca deve sair de casa sem sua aprovação. Existem poucas exceções, como casos de emergência, por exemplo, ou visita aos pais, se estiverem doentes.

3. Arábia Saudita e Maldivas: vítimas de estupro podem ser punidas

Além de não conseguir proteger as vítimas de estupro, alguns países, como Arábia Saudita, punem essas mulheres por terem saído de casa sem a presença de um homem. Nas Maldivas, uma adolescente de 15 anos, que tinha sido estuprada, foi considerada culpada de “fornicação” e condenada inicialmente a oito meses de prisão domiciliar e a 100 chibatadas. O veredicto acabou sendo cancelado.

4. Brasil: o aborto é autorizado apenas em casos bem definidos

Com o aumento dos casos de microcefalia vinculado ao vírus Zika, o debate sobre a legalização do aborto foi reaberto. É legal abortar apenas quando a gravidez representa um risco à vida da gestante ou quando a concepção foi resultado de um estupro. O ministro da Saúde Marcelo Castro (PMDB-PI) chegou a falar para as mulheres não engravidarem: “Sexo é para amador, gravidez é para profissional”.

5. Somália: proibido usar sutiã

Desde 2009, as mulheres somalis que usam sutiã estão sendo chicoteadas em público pelo grupo radical islâmico Al Shabaab. Elas estão acusadas de violar as leis do islã ao enganar outras pessoas sobre o estado natural dos seios e também suscitando o desejo sexual.

6. Marrocos: vítima de estupro pode ser forçada a se casar com agressor

Em 2012, Amina, uma marroquina de 16 anos, cometeu suicídio depois que um juiz a sentenciou a se casar com seu suposto estuprador, de acordo com uma lei que invalida as acusações de estupro caso as partes decidam se casar.

7. Irã: 77 cursos universitários são proibidos às mulheres

Biologia ou Literatura Inglesa fazem parte dos cursos que as mulheres não podem escolher em 36 universidades do país. Por quê? Um diretor acadêmico avaliou que estas não são disciplinas adequadas à natureza feminina.

8. Arábia Saudita: mulheres não podem dirigir

Se as mulheres não podem dirigir é simplesmente porque “a condução afeta os ovários”, afirmou um líder religioso. “A maior parte das mulheres que dirige carros de maneira repetitiva produzem crianças que sofrem com distúrbios clínicos”, adicionou.

9. Suazilândia: proibido vestir calça

Nesse pequeno país africano, última monarquia do continente, usar calças é considerada uma forma de desrespeito. Recentemente uma mulher foi proibida de participar de uma eleição porque vestia calças. Uma lei parisiense parecida autorizava mulheres a usar calças apenas se tivesse uma autorização da polícia. A lei datava de 1800 e não tinha mais poder jurídico, mas foi cancelada oficialmente apenas em 2013.

10. Estados Unidos, Arkansas: homem pode bater na esposa uma vez por mês

A lei faz parte de um conjunto de velhos textos misóginos que não são mais aplicados na prática. Na Carolina do Norte, mulheres precisam estar cobertas com pelo menos 15 metros de tecido. No Michigan, os cabelos da mulher pertencem ao marido.

A última resistência cai e a mulher vai tomando definitivamente a batuta

A última resistência cai e a mulher vai tomando definitivamente a batuta

A nomeação de uma regente titular para a orquestra de Birmingham é sinal inequívoco de novos rumos.

No Dia Internacional da Mulher,
Para todas as mulheres que trabalham em orquestras medievais.

Mirga Grazinyte-Tyla
A regente lituana Mirga Grazinyte-Tyla

O último bastião sexista da música erudita está indo ao chão. A City of Birmingham Symphony Orchestra, mais conhecida como CBSO, uma das mais respeitadas do planeta, anunciou no início de fevereiro que seu maestro titular será uma maestrina: a lituana Mirga Grazinyte-Tyla (Vilnius, 1986). Seus dois antecessores no cargo foram gigantes: Simon Rattle e Andris Nelsons. Rattle de saiu de Birmingham em 2002 para o cobiçado posto na Filarmônica de Berlim e Nelsons recentemente foi para a Sinfônica de Boston e a Gewandhaus Leipzig.

Grazinyte-Tyla é, de certa forma, ligada a outro craque da regência, o venezuelano Gustavo Dudamel. Ela foi assistente dele Dudamel na Filarmônica de Los Angeles a partir de 2012. Dois anos depois, ela começou a dirigir seus próprios concertos matinais no Walt Disney Hall. E logo surgiu na cidade californiana o que um crítico do Los Angeles Times denominou de “Mirgamanía”. Adjetivos como “naturalidade”, “dinâmico” e “forte” costumam acompanhá-la. Trata-se de uma excelente maestrina, e esta é sua outra conexão com Dudamel.

A maestrina lituana Mirga Grazinyte-Tyla
Mirga mandando ver.

Tais fatos vão mexendo as peças do jogo. Grazinyte-Tyla não faz o estilo fora de moda do gerentão irritado. Carrega com leveza aquilo que Elias Canetti chamou de “a expressão mais óbvia de poder”. Dona de grande carisma, ela constrói um modelo diferente com base na cumplicidade e empatia com os músicos: “Reger é algo que fica entre a inspiração e a comunicação. Com os músicos, busco encontrar uma forma de soar e de interpretar. A sensação de compartilhamento deste milagre é fundamental”, disse em uma entrevista para o site da CBSO.

A escolha do Grazinyte-Tyla para o chefia da CBSO não é um fenômeno isolado. É parte de uma tendência que está se consolidando.

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Naturalidade

O feminino no pódio é um movimento ascendente. Para a mexicana-norte-americana Alondra de la Parra (Nova York, 1980), a chave reside na naturalidade do gestual: “Sou pianista e violoncelista, é claro que isto foi fundamental na minha formação, mas há que considerar como as mulheres são. Nós crescemos cantando, dançando e expressando-nos corporalmente”. De la Parra tem impressionado na Orquestra de Paris e na Filarmônica de Londres, o que lhe rendeu uma recente nomeação como chefe de uma das principais orquestras australianas. Já Karina Canellakis (Nova York, 1982) é uma violinista que trocou o arco pela batuta e trabalha em Dallas Symphony como assistente. Ela estreou na Europa em junho passado, substituindo Nikolaus Harnoncourt, já adoentado, na direção da Orquestra de Câmara da Europa. Outro caso de instrumentista transformada em maestrina é o da coreana Han-Na Chang (Suwon, 1982).

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“Se um chefe de orquestra sabe o que quer, se tem conhecimento técnico de cada instrumento, se tem uma visão clara, a orquestra o segue sem se importar se é homem ou mulher”. É o que diz a única mulher a ganhar o Prêmio Alemão de Maestros, a estoniana Kristiina Poska (Turi, 1978), atualmente trabalhando na Komische Oper Berlin: “As diferenças entre os diretores de orquestra vêm mais da personalidade e caráter do que sexo”.

As pioneiras

Houve muitos obstáculos para as mulheres que se tornarem regentes. A geração anterior sabe muito bem disso. A australiana Simone Young (1961) ou as norte-americana Marin Alsop (1956) e Anne Manson (1961), abriram brechas nas salas de concerto, auxiliadas por seus mestres Daniel Barenboim, Leonard Bernstein e Claudio Abbado. Mas usavam um figurino artificial, masculinizado. Foi ainda mais difícil para as pioneiras no passado, que enfrentaram condições ideológicas e culturais totalmente hostis, vindas de músicos, críticos, agentes ou público como Ethel Leginska e Antonia Brico, que atuaram no pódio das Filarmônicas de Nova Iorque e Berlim em 1925 e 1930. A célebre Nadia Boulanger — formadora de toda uma geração de músicos notáveis — evitou a batuta. Outras tiveram uma carreiras confinadas no poço de um teatro para não serem visíveis ou ficaram em seus instrumentos sem poderem orientar uma orquestra.

Antonia Brico
Antonia Brico

Mas a melhor notícia sobre uma mulher conduzindo orquestras será quando… Isto não for mais notícia.

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O movimento é ascendente mesmo, tanto que já tenho três maestrinas em minha timeline do Facebook: Alessandra Arrieche, Ligia Amadio e Valentina Peleggi.

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Tradução livre (e certamente traidora) deste blogueiro a partir do El Pais espanhol. Sugestão de Helen Osório.

Muito obrigado, Nikolaus Harconcourt

Muito obrigado, Nikolaus Harconcourt

maestroharnoncourtPoucas vezes eu fico triste quando um sujeito muito produtivo morre aos 86 anos. Teve longa vida, fez muito, foi reconhecido, morreu. Foi assim com Eco. Mas lamentei muitíssimo a morte de Nikolaus Harnoncourt (1929 – 2016) no último sábado. Conheci-o de forma contrária à maioria. Primeiro, li seus livros O Discurso dos Sons e O Diálogo Musical, depois fui ouvir seus discos, como por exemplo, a integral de Cantatas de Bach que ele gravou em parceria com Gustav Leonhardt. O incrível é que o músico era ainda maior do que o autor que me ensinara tanta coisa. A leitura de seus livros abriu minha cabeça para muita música que desprezava por limitação ou preconceito. Ele mudou totalmente minha forma de ouvir música, deu sentido a muita coisa que me parecia arbitrária. Suas explicações sobre a grandeza da Bach são absolutamente convincentes e brilhantes.

https://youtu.be/Vr5cKdC3v3E

Antes de se tornar maestro, foi excelente violoncelista. As gravações demonstram. Sua integral das Suítes para Violoncelo Solo de Bach são magníficas. Foi pioneiro na música historicamente informada, mas não era intolerante como alguns que não aceitam que cada época dê sua versão de um autor. Só que ele, Harnoncourt, preferia a recriação rigorosa daquilo que o compositor compôs e fora ouvido pelo próprio. Ele também trouxe à tona um repertório riquíssimo de compositores negligenciados, talvez pela preguiça dos intérpretes. Investiu sobre o classicismo e o romantismo, dirigindo orquestras como a Filarmônica de Berlim e a de Viena, a Ópera de Viena, a Orquestra de Câmara da Europa, o Concertgebouw de Amsterdã, entre muitos outros. Mas sua existência sempre ficará associada à orquestra que fundou em 1953 e com quem mais gravou: o Concentus Musicus Wien.

Alguns engoliam com dificuldade suas interpretações históricas, outros não suportavam suas decisões estilísticas. Mas a abordagem histórica de Harnoncourt às sinfonias de Beethoven abriu os ouvidos e corações do grande público. Sua influência foi sentida em toda a Europa. Na área da música de concerto, foi o mais importante músico dos últimos 50 anos.

Os depoimentos são inequívocos. Todos amavam Harnoncourt no invejoso e complicado mundo musical. Norman Lebrecht diz que poucas vezes conheceu uma pessoa mais benigna. Quando se conheceram, Harnoncourt apontou um pequeno erro no livro de Lebracht The Maestro Myth. Segundo Lebrecht, aquilo foi dito com tal simplicidade e interesse que não parecia vir de um músico. E o maestro respondia a seus próprios triunfos com humildade e indiferença. Apenas encolhia os ombros e sorria. Achava estranho que o chamassem de maestro. Nos ensaios, era muito sério, focado, recusando-se a deixar passar um trecho antes de ficar satisfeito com ele.

Foi um idealista e como concordo com ele! Queria e queria que as pessoas tivessem acesso à música. Não dar acesso à música era um erro completo de educação. E, como brasileiro consciente de nosso IDH rasante, falo simplesmente em dar acesso, em dar contato. Já faria uma enorme diferença na vida de muita gente. Ninguém vai descobrir na primeira audição todo o ódio de Shostakovich por Stalin contido em sua 10ª Sinfonia, mas, tocado de alguma forma, poderia adquirir vivência com uma das formas mais sofisticadas e inteligentes de arte. Dar acesso, simples assim. Como diz Harnoncourt no vídeo abaixo:

Muito obrigado pela de lições, Nikolaus Harnoncourt. Foste um enorme e compreensivo  mestre!

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Es ist vollbracht significa Está consumado. A regência é de Nikolaus Harnoncourt, a orquestra é o Concentus Musicus Wien, o solista de gamba é Christophe Coin, o coro — que se ergue mais não canta… — é o Tölzer Knabenchor e o menino é o desconhecido, genial e efêmero (refiro-me à voz, claro) Panito Iconomou. Ah, quem me apresentou a gravação foi o Gilberto Agostinho. É inacreditável.

Bom dia, Argel Fucks (com os melhores lances do Gre-Nal de ontem)

Bom dia, Argel Fucks (com os melhores lances do Gre-Nal de ontem)

E os empates ultrapassaram o Grêmio. Agora são 154 vitórias do Inter, 128 empates e 127 vitórias do tricolor. O Gre-Pate está renhido, com vantagem para o segundo. Torço por eles!

Maicon prepara-se para pisar a tíbia de Dourado. Quase quebrou-lhe a perna | Foto: Ricardo Duarte
Maicon prepara-se para pisar a tíbia de Dourado. Quase quebrou-lhe a perna | Foto: Ricardo Duarte

Assisti o jogo no querido Pastel com Borda da Fernandes Vieira e me diverti muito com a reação das torcidas. Os gremistas vibraram com as agressões de Maicon em Dourado por cima da bola, Geromel em Aylon sem bola e Marcelo Oliveira irritado com William. Vibraram muito mesmo. A torcida em campo também. Mas, agora, ouço o presidente do Grêmio reclamar que Miller Bolaños sofreu uma lesão grave num lance de falta clara de William.

William é meio louco mesmo, mas foi um lance violento de um jogo violentíssimo de parte a parte. Anderson Daronco não conseguiu controlar o jogo do ponto de vista disciplinar. Talvez, se tivesse expulsado logo na primeira agressão — a de Wesley em Artur –, tudo fosse diferente. Bolaños levou a pior, claro, mas Maicon também merecia o cartão preto após falta em Dourado. Até agora não sei como o colorado não fraturou a tíbia. Vejam o dantesco lance abaixo (o vídeo também inclui a falta de William em Bolaños).

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Infelizmente, acho até que o Grêmio terá vantagem sem Bolaños. É um jogador escalado erradamente como centroavante — conheço-o bem do Emelec — e Henrique Almeida é superior a ele na posição. Para Bolaños jogar, haveria que retirar Giuliano, Douglas ou Luan. Difícil, pois o trio titular é quase cativo.

Mas vamos ao que interessa, Argel. E o que interessa, é nosso time.

O primeiro tempo teve superioridade gremista. Era compreensível. A Arena tinha 48 mil pessoas, batendo seu recorde de público, com esmagadora maioria azul. Nosso time é jovem, mas aguentou a pressão. Nós não somos grande coisa, eles também não. No segundo tempo, passamos a dominar as ações, mas o empate foi merecido. Giuliano, Luan, Dourado e Vitinho perderam gols incríveis e ainda teve aquela jogada do Sasha no final do jogo em que o chute não saiu.

Gostei do que vi. Aylon e Fabinho estão surpreendendo. Andrigo não jogou bem, mas não estava acadelado. A criação não funcionou, só que era impossível jogar, pois a partida teve um número altíssimo de faltas: 20 faltas do Grêmio contra 17 do Inter. Isto é, além do Daronco, ninguém teve liberdade. Com um pouco de sorte, poderíamos ter vencido, mas não lamentei o empate, pois adoro estatísticas e achava uma injustiça o Grêmio estar à frente deles.

Teu time está adquirindo uma cara, Argel. Ainda não sei bem qual. O importante é que a defesa melhorou e, com uma boa defesa, haverá tranquilidade para a montagem do resto do time. Voltamos a campo domingo contra o São Paulo de Rio Grande. Acho que está na hora de sairmos daquele eterno quinto lugar, não?

Um resumo do ano pra ti, Argel: Alisson, Dourado, Ernando e Sasha estão confirmando. Andrigo e Aylon — o último fez um belo Gre-Nal — aproveitam bem as chances. Bob e Fabinho são realmente excelentes. Anderson, Paulão e Artur vêm crescendo. Réver e Alex estão pedindo aposentadoria. Marquinhos e Alisson Farias são decepções. Jackson é esquisito. William é um doido varrido, mas fez bom Gre-Nal. Vitinho quase estreou em 2016. Bruno Baio, coitado, é um braço roubado à agricultura.