Pois a bagunça do time do Grêmio é digna de Argel. O goleiro do Rosario Central assistiu o jogo quase sem trabalhar. A pressão faz muito mal a Roger Machado. Quando seu time está perdendo, ele começa a empilhar atacantes e raramente tem sucesso. Ontem, sob pressão inédita após a eliminação para o Juventude, ele mandou seu time correr e correr. Na verdade, vi poucos times correndo mais do que o Grêmio ontem. Os bons Giuliano, Douglas e Luan corriam tanto que, quando recebiam a bola, já estavam no meio da zaga do Rosario Central (RC), sem espaço para nada. A correria não gera espaços, é a inteligência e sincronia da movimentação que faz isso.
Então, quando pisava forte no pedal para fazer a bicicleta andar, a correia se soltava e o time tinha que parar a fim de que se recolocasse o diabo na correia no lugar. Era correr e perder a bola, era correr e errar passes, era correr e cometer faltas.
E o Grêmio tem dois volantes enganadores. Wallace tem bom chute, bom toque de bola, mas é desatento na marcação. Deve ter sido um ótimo terceiro homem de meio-de-campo nas divisões inferiores, só pode. Já Maicon tem toque curto, de primeira e impressiona, porém é incapaz de uma virada de jogo, pois sofre de mal congênito (ao menos dentro de campo): não é lá muito esperto. Não se pede criatividade a um volante, mas ele precisa ter método. Maicon passou ontem à noite fazendo impensadamente as mesmas coisas tolas e ainda entrando por cima da bola, um hábito seu. Estava irritado, claro. Trabalhar sem resultado acaba irritando.
Deste modo, o Grêmio era um time de bons atacantes anulados, de volantes inúteis e de defesa apenas mais ou menos, pois lá estão os estilistas Bressan e Marcelo Oliveira..
E o RC é um bom time, apesar de ter Herrera no ataque… Sei que é difícil enfrentar um time de malucos, mas os argentinos davam passes longos e abriam espaços. Perderam muitos gols. Cabia mais, mas eles não forçaram, talvez com receio da fúria impotente do adversário. Afinal, fúria é sempre fúria, né?
Até a ZH ficou perturbada e sentenciou: “O Rosario Central continuou uma equipe ameaçadora no segundo tempo. Muito por conta da falta de inspiração do Grêmio, que acertava muito mais que errava”. Meu deus, que baita ato falho! Antes já tinham dito que o Grêmio jogara “sem força” quando o que houve foi excesso de força. Mas não interessa. O que interessa é o campo e a bola pune, como diz Muricy Ramalho.