Ulysses / Eles eram muitos cavalos
Dublin / São Paulo
16 de junho de 1904 / 9 de maio de 2000
18 capítulos organizados cronologicamente / 70 capítulos organizados cronologicamente
Capítulos escritos em estilos variados / Capítulos escritos em estilos variados
Com personagens principais / Sem personagens principais
Vamos fazer este blog voltar ao gonzo. Então, começo dizendo que gosto muito do ser humano Luiz Ruffato, dos livros que tinha lido dele, de suas posições e artigos. Porém este Eles eram muitos cavalos, que é tão bem avaliado por aí…
Ora, nada impede que um escritor de nosso tempo vá ao menu que Joyce disponibilizou para dele fazer uso, mas a sombra do irlandês é tão imensa que fiquei na expectativa da luminosidade e dos momentos extraordinariamente belos que se repetem como superfetações em Ulysses. E eles não pintaram. Talvez, se eu não tivesse o livro de Joyce tão presente na memória, pudesse apreciar melhor Eles eram muitos cavalos.
O livro me pareceu trancado pela falta de capítulos mais extensos, pela troca constante de personagens — rápida e desconcertante entre tantas divisões –, pela formatação algo exagerada — quase escandalosa entre tantos negritos, itálicos e mudanças de fonte –, pela falta de caracterizações mais fortes, pelo especialmente tolo início do capítulo 28, enfim…
O que deu errado? Não sei. Sei que talvez, se fosse paulistano, pudesse entender melhor a teia de citações e referências do romance e me entusiasmar por ele. Sabe quando tu lês algo que parece bom, mas que tu não gosta? É o caso.
Que coincidência! Acabei exatamente hoje de ler “Eles eram muitos cavalos”. E… talvez eu também tenha esperado demais do livro. Estava pronto para gostar. Esperava gostar como literatura e também como conhecimento sobre a cidade, sobre o mundo complexo, fragmentado e vivo das metrópoles.
E, de fato, gostei no princípio. Mas aí a fórmula foi cansando. E eu estava recém na página 30. Em uma avaliação maldosa, eu diria que parecem vários contos que poderiam ter sido e não foram desenvolvidos. Eu sei, eu sei: caleidoscópio, diferença de ritmos, de escalas, de texturas. Tanta profundidade num grão de areia e, daqui a pouco, toda a vida da cidade vista em um relance… Eu sei de tudo isso, mas concordo contigo. Faltou desenvolver mais alguns dos personagens. Muitas histórias têm o mesmo gosto. É bem escrito. Não é ruim, mas prometia ser melhor.
Foi minha mesmíssima impressão.
São tantos os livros publicados… Só se eu vivesse mil anos daria conta de ler tudo.Nem assim.