A Playboy ainda existe e até cria uma marolinha de confusão

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Eu nem sabia que a revista Playboy ainda existia. Então, quando surgiu a notícia de que eles colocariam uma gorda na capa, fiquei sem entender se era um relançamento em forma de paródia ou a própria revista. Sim, porque os padrões de beleza das revistas e da TV ignoram totalmente as mulheres acima do peso. E há lindas. Então, achei divertido que a certamente combalida Playboy fosse na direção contrária ao convencional corpo de modelo e também do horrendo — na minha opinião — padrão fitness. Mas o que não entendi mesmo foi o coral daquelas mesmas pessoas que antes reclamavam da objetificação deste gênero de publicações: agora o coro dizia a moça arrasaria, que ia se empoderar. Ri e esqueci da conversa.

Só que a revista recuou e colocou a plus size — termo aparentemente aceitável pelo politicamente correto — apenas na capa da edição digital… Exposta nas bancas, pode-se ver a habitual magra sem graça, fato que chocou a turma que estava aplaudindo e recolocou a revista na posição anterior de objetificadora e machista. Eu achei uma sacanagem com a Fúlvia Lacerda.

Então, quem procurava por isso nas bancas,

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encontrou isso.

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Ri novamente. Um jornalista escreveu: “A gorda é pra sair escondido. A de andar de mãos dadas na rua é a magra. A Playboy só reforçou isso”

De minha parte, digo apenas que as fotos da magrelinha fitness me faria procurar os artigos preenchidos por letrinhas na revista. Deve ter, né? Afinal, próximo do traseiro da menina, logo abaixo da envergonhada menção à Fúlvia, está anunciada uma entrevista com o ex-Secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame. Talvez seja interessante.

 

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1 comment / Add your comment below

  1. Cara, a Playboy tá aí há quantos anos? 50, sei lá. Ela sempre mostrou esse padrão da mulher magra e sexual e moralmente prostituível; a assinatura do seu dono, sei lá o nome daquele velho idolatrado, é a da objetificação mais abjeta da mulher, daí seu harém particular, daí as torpes disputas por poder auferidas pelo glamour de ser a nova capa da revista, que sempre relacionou o mérito com a conivência de ser garotas acompanhantes de altos empresários e mecenas do cinema e da arte. Quem leu o ótimo livro do Talese, que apesar de ótimo é evidente que se trata de uma propaganda paga pela corporação revolucionária do mercado de sexo americano impulsionado pelos anos 60, viu que Playboy e congêneres é a instituição da puta de luxo, mulher altamente consumível e descartável. Daí a revista decreta o fim de sua relevância em um mundo repaginado pela pornografia caseira e grátis pela internet, pára de circular em todo o restante do mundo, mas retem uma sobrinha no panorama nacional, e vem a crítica das feministas ou de sei lá mais quem de que seu restolho tem que publicar mulheres gordas nuas? Ou seja, depois que ela sugou ao máximo o potencial vendível do corpo feminino, por meio século, as feministas vem reivindicar uma compensação de mendicância dessas?, uma espécie de mea culpa por não ter explorado a objetificação das gordas, das exóticas, ou de sei lá qual mais padrão exórdio da magra anoréxica?; tem uma parte engraçadíssima na autobiografia do Amós Oz, em que ele, menino, assiste a uma palestra em uma assembléia judaica, em que o ministrante está indignado pelos EUA estar patrocinando armas para a palestina. A palavra “arma”, em iídiche, diz Oz, é a mesma para “foder”; então o ministrante diz: “os EUA só fodem com a Palestina. mas queremos que eles fodam Israel também. Nós queremos que os EUA fodam a gente também”. Pois bem, é o que as feministas estão querendo com essa crítica tardia e estúpida, a de que as gordas e as demais mulheres também sejam fodidas pela revista. Depois falam que a net emburrece e tem gente que não acredita.

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