Às vezes, pisamos a linha do vulgar nesta série de posts conhecida como PHES.
Às vezes, mesmo que tentemos ao máximo, ultrapassamos em muito esta linha,
brincamos um pouco lá do outro lado e
retornamos para nossa conhecida austeridade e seriedade.
Às vezes, raras vezes, uma poesia começa a cantar sozinha na minha cabeça.
Pode ser qualquer uma que estava gravada na memória e que de repente surge.
A desta semana é uma bem desconhecida e cômica de Drummond.
Se não me engano, está no livro Brejo das Almas, de 1934. O nome dela é Em face dos últimos acontecimentos e — se dividida ao meio em três partes, poder-se-ia dizer que é meio social, meio erótica, meio humorística.
Em face dos últimos acontecimentos (poema de Carlos Drummond de Andrade)
Oh! sejamos pornográficos
(docemente pornográficos)
Por que seremos mais castos
que o nosso avô português?
Oh! sejamos navegantes,
bandeirantes e guerreiros,
sejamos tudo que quiserem,
sobretudo pornográficos.
Teus amigos estão sorrindo
de tua última resolução.
Pensavam que o suicídio
fosse a última resolução.
Não compreendem, coitados,
que o melhor é ser pornográfico.
Propõe isso a teu vizinho,
ao condutor do teu bonde,
a todas as criaturas
que são inúteis e existem,
propõe ao homem de óculos
e à mulher de trouxa de roupa.
Dize a todos: Meus irmãos,
não quereis ser pornográficos?
(Cliquem sobre as fotos que algumas crescem!)
Vai faltar bonde e condutor, mas serei pornográfico assim mesmo.
🙂
Fotos que crescem? Será a luz de Eros, que as faz crescer? Ou simples clique? No caso, cliquóris, ou cliquíris! Vou considerar o apelo à moral e bons costumes e voltar a ser simplesmente pornográfico. Considerei. Não tem porquê. Tá bonito o cercadinho!