Então, naquele 11 de janeiro de 2017, nós saímos do Berggruen Museum na maior correria porque a Elena tinha marcado um encontro com sua amiga Nune Bars — ou, mais exatamente, Nune Barseghyan –, uma psicóloga e escritora de origem armênia que mora em Berlim. Nune (diz-se Nuné) trabalha com pacientes desenganados. Não deve ser das coisas mais estimulante, mas ela é uma pessoa alegre que anda de bicicleta por todos os cantos de Berlim. Calculamos mal o tempo e nos atrasamos espetacularmente. Quando chegamos ao bar combinado, Nune já tinha ido embora. Era compreensível. Telefonamos e ela gentilmente voltou para conhecer a amiga de internet. O tempo lá fora estava assim.
Pois é, não era muito convidativo.
Ainda mais para ver uma amiga que tinha se atrasado.
Mas no fim deu tudo certo.
Nune e Elena conversaram em russo, enquanto eu ficava engordando, tomando café e olhando as guloseimas expostas.
A coisa é boa demais, garanto.
Enquanto isso, uma verdadeira tempestade de neve seguia tomando conta da rua.
Sem ter o que fazer, eu fotografava um cara que fazia selfies na neve.
Mais uma para sair bonitinho. Ficou bom? Sim. Então vou postar (abaixo).
Então, Bernardo chegou e nós saímos para a rua a fim de dar uma caminhada. Não diria que Elena estava em seu habitat, mas não pensem que estava surpresa. Na verdade, quem estava meio desadaptado era eu, que a fotografava.
E a fotografava. O estado do casaco que ela pegara emprestado de mim era realmente esplêndido.
E saímos pela rua em direção ao local por onde antes passava o Muro de Berlim.
No meio do caminho, Nune nos abandonou porque tinha um compromisso profissional.
E chegamos ao local que estávamos procurando, na Bernauer Strasse. Ali fica o Memorial do Muro de Berlim.
O clima entre nós — eu, Elena e Bernardo — era tão bom, riamos tanto que eles começaram a dançar sem música e a fazer poses para as fotos. Vá entender essa gente.
Bernardo está virado num alemão. Entra nos bares, compra uma cerveja e sai bebendo pela rua.
Acima, o mesmo muro em dias mais normais. Foto retirada daqui.
Acima, uma foto clássica de um soldado fugitivo da Alemanha Oriental.
Em um monumento retangular, no chão, há todo o mapa do Muro e sua história. Mas com toda aquela neve não dava para entender muita coisa.
Bernardo e Elena seguem em conversações, procurando entender onde estávamos naquele mapa a nossos pés.
Acima, a escultura da Reconciliação, que ficou muito bonita com a neve. É um trabalho de Josefina de Vasconcellos que clama pela reconciliação em locais fortemente destruídos pela Segunda Guerra. Há mais cópias delas em outros lugares do mundo igualmente destruídos.
Quando não está nevando, ela fica como na foto abaixo. Foto roubada daqui.
A coisa estava tão divertida que apareceram os carrinhos de neve.
Depois de todo o frio, merecíamos o Nirvana.
A Criação. Deus olhou para nosso planeta e quis nos dar uma chance. E enfiou o dedo casualmente na Anatólia, Turquia, ali pertinho de onde nasceu a Asli Berktay.
Tudo para criar a melhor das sobremesas, o Künefe. Depois, deu-nos as costas. Naquele dia, comi hoje pela primeira vez a iguaria. Jamais esquecerei. Como disse meu filho, é carinho e amor descendo pelo esôfago.
Se não foi o melhor, foi nosso mais longo dia em Berlim. Pois ainda haverá um concerto e um encontro muito especial à noite.