24 anos da morte de meu pai

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É inacreditável que meu pai tenha morrido já há 24 anos. Tanta coisa aconteceu desde 11 de dezembro de 1993 que é quase um abuso de fantasia querer contar-lhe tudo o que houve. Sua mulher, minha mãe, foi embora em 2012. Ele teve uma primeira e última neta em 1994 — e ela foi “decidida” em razão de sua morte. Ele queria uma neta, me disse uma vez, depois de já ter dois meninos. Meu filho — o outro neto é filho de minha irmã — é fotógrafo e meu pai gostava tanto de tirar fotos que enchia todo mundo com isso. Temos fotos muito legais da família, mas ele aparece em poucas; afinal, ele era o fotógrafo. Seu Inter não ganhou nada em âmbito nacional, mas ganhou duas Libertadores e um Mundial. O Hipódromo do Cristal, local muito frequentado por ele, é hoje um lugar melancólico, quase fechado e falido, creio. Meu pai gostava muito de novidades tecnológicas, mas por alguma razão não o imagino com um perfil no Facebook. Talvez no Twitter. Mas certamente usaria o WhatsApp para economizar. E ele não amaria apenas seus netos — talvez convencesse a Bárbara a seguir na equitação, pois seu amor aos cavalos era algo muito grande, quase ruinoso –, mas também a Elena, porque era um dentista que sonhava ter sido médico ou músico. Imagino facilmente meu pai feliz com o TCC da neta e com o curso do neto na Alemanha. E me divirto criando diálogos dele com a Elena, discutindo violinistas. Aposto que ele ficaria sempre defendendo seus Accardo, Menuhin e Ferras. E ficariam trocando elogios para Grumiaux e Heifetz. Eu? Eu fico em alerta porque daqui seis anos terei 66, a idade em que ele morreu.

Meu pai Milton, minha irmã Iracema, eu e minha mãe Maria Luiza num dia qualquer do fim do século XX.
Meu pai Milton, minha irmã Iracema, eu e minha mãe Maria Luiza num dia qualquer do fim do século XX.

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