Por Samuel Sganzerla
E bom dia a todos os Bicampeões da Recopa Sul-Americana!
Não foi nada fácil, né, Renato?! Como tu mesmo já tinhas anunciado lá naquela coletiva de imprensa de depois do jogo de ida. O Independiente é um grande clube, todos sabemos. Tínhamos certeza de que a partida de volta seria tão ou mais pegada do que a contenda em Avellaneda.
Rey de Copas lá, Rei de Copas cá, levamos a melhor neste duelo de clubes orgulhosos de seus feitos. Não sei se 1984 ainda te dói, Renato, mas 1996 e 2018 estão encravados na história, para, além de derrubar o mito do time Sudaca que não perde finais continentais, encravar na história do confronto a superioridade Tricolor (7 vitórias nossas, 3 derrotas e 4 empates), além de dois títulos em cima deles.
Quando entramos em campo ontem, Renato, a Arena estava mais uma vez numa linda festa. Como sou um bom brasileiro, deixei para depois a compra do ingresso, o que me conduziu a assistir a partida no meu boteco da sorte (mais do que nunca, precisamos dele ontem!). A Nação Tricolor esteve presente com a força habitual nas arquibancadas (apesar de alguns ARREGÕES, por conta da chuva) e em todos os cantos. No estádio, a hinchada roja também se fez presente, engrandecendo ainda mais a disputa.
Bola rolando, e, como eu tinha falado na última vez, ainda vejo o time do Grêmio de 2018 numa fase experimental, ajustando-se aos poucos. Afinal, foi apenas o quarto jogo da equipe titular no ano. Mas ontem começamos bem melhor do que no jogo de ida. Desde logo, conseguimos imprimir nosso jogo, ainda que sem o ritmo e a força do ano passado.
Logo cedo, Everton teve a chance de marcar, após receber grande passe de Alysson e driblar o goleiro, tendo a zaga argentina salvado em cima da linha. Esse lance simbolizaria o jogo: foram várias oportunidades criadas ao longo do Grêmio, sem que tivessem sido aproveitadas – melhorar a finalização já demonstra ser um dos pontos de reparo da equipe.
A metade inicial do primeiro tempo mostrou um Grêmio que inspirou confiança. Mas, na parte final, aconteceu alguma coisa no campo que não futebol. O Independiente soube amarrar o jogo, valer-se da velha catimba argentina e frear o ímpeto do Imortal. Entramos na cena deles, e daí a disputa passou a ser em qualquer canto, a cada oportunidade – e a bola, um mero detalhe.
Foi quando Amorebieta resolveu TATUAR as marcas das travas de suas chuteiras no peito de Luan que o jogo ganhou novos contornos. Tal qual no jogo passado, o recurso do vídeo foi utilizado para a expulsão de um jogador da equipe roja. Olha, Renato, fico com a impressão de que, se existisse o VAR há 50 anos, os uruguaios e os argentinos não teriam levantado tantos troféus nesse período. Mas divago.
Apesar da vantagem numérica em campo, o Independiente soube se fechar muito bem atrás. Duas linhas de quatro bem compactadas na frente da área (uma frase que os analistas contemporâneos gostam de usar), e a criação ficou ainda mais difícil para o Grêmio. Quando Jael entrou em cena, Cícero deixou de exercer a função do “Falso 9” e apareceu mais em campo, pela articulação.
E a partida seguiu tocando a mesma nota: Grêmio, mesmo com dificuldade de penetrar na defesa adversária, conseguindo criar chances boas, mas não aproveitando; Independiente procurando explorar os contra-ataques, pelos pés rápidos de Benítez. Ao final dos 90 minutos, nada de gols, e fomos para a prorrogação.
Tempo extra que é sempre de nervosismo e superação, né, Renato?! Se temos orgulho e apego à nossa tradição de futebol aguerrido, isso com certeza também não falta do lado do Independiente. Foi na prorrogação que chegamos mais perto do gol, com Jael cabeceando na trave, mas também foi o momento em que tomamos o maior susto. O placar seguiu zerado e fomos para os pênaltis.
Daí, Renato, que o coração palpitou a ponto de pensar em marcar o cardiologista. Porque tu sabes da nossa sina com as penalidades. Tuas duas únicas derrotas em mata-mata desde 2016 tinham sido justamente por meio delas. É um trauma Tricolor. Decisão em casa, Campaña inspirado pegando tudo do outro lado, penalidades. “Que cenário para uma tragédia!”, pensamos eu e certamente milhares de outros gremistas. Mas ontem não!
Pelo visto, tu pensaste bastante na possibilidade de a Recopa ser decidida nos pênaltis e mandou os jogadores treinarem bastante as cobranças. Foram cinco penalidades muito bem batidas. Inclusive o de Luan, nosso Rei da América outrora tão criticado por perder pênaltis decisivos, mas que ontem não fugiu da responsabilidade (como nunca foge, na verdade) de realizar a quinta cobrança.
Do outro lado, os argentinos também tiveram bom aproveitamento nas penalidades. Grêmio convertia, eles iam lá e igualavam. Uma típica disputa bastante tensa. Como eu detesto pênaltis quando é com meu time! Até que Benítez foi para a bola, titubeando na quinta cobrança.
Ave, Grohe! Soube esperar, cair para o lado certo e ainda contar com a sorte de bater na trave e sair. É um goleiro com marca de campeão, não adianta. Foi um dos grandes nomes dos títulos da Copa do Brasil e da Libertadores. Merecido que essa taça viesse com a decisão terminando justamente nas mãos deles. Antes muitas vezes criticado (inclusive por este que te escreve), agora um ídolo imortalizado.
Dois empates tensos, peleados e emocionantes, uma decisão por pênaltis. E não adianta: essa geração gremista é vencedora! Agora estamos entre os brasileiros que mais ganharam a Recopa, assim como dividimos o posto de tricampeões da Libertadores e de pentacampeões da Copa do Brasil. Mas só o Grêmio está lá no topo dentre os brasileiros em todos esses casos. Não adianta: é o REI DE COPAS!
E olha, Renato, em quase um ano e meio, já são três taças no armários, três grandes títulos. Mais uma copa erguida na Arena. Mais uma volta olímpica. Obrigado por tudo sempre, ídolo eterno! É Bi da Recopa! 2018 começou, e que venham as próximas taças!
Saudações Tricolores!
E segue o baile…
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O resumo do jogo:
A disputa de pênaltis: