Mudança, de Mo Yan

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Maravilhoso livrinho agridoce do chinês Mo Yan. Mudança só é passível de ser encontrado em sebos porque se trata de uma edição da pranteada Cosac Naify. Uma pena.

Bem, Mo Yan é um mestre. Mudança é um livro de memórias. Porém, além de lançar flashes biográficos com muito humor, o autor se propõe a mostrar algumas mudanças ocorridas na China durante a segunda metade do século XX. Digamos que ele vai da revolução à corrupção (última linha do livro).

Alternando com histórias de dois colegas de escola, Mo Yan cria um retrato singular e simpático da vida na China. Retrato singular e simpático da DIFÍCIL vida na China. É curiosa a participação que dois caminhões soviéticos Gaz 51 têm na narrativa. Delicadamente, em tom menor, Yan conta sem ênfases ou dramas como saiu do campo para o quartel e depois para a literatura.

Em 2012, Mo Yan (1955) se tornou o primeiro cidadão chinês a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura. Ele nasceu na província de Shandong, numa família de trabalhadores rurais. Deixou a escola durante a Revolução Cultural e, com 20 anos, alistou-se no Exército Popular de Libertação, as forças armadas do país. Nessa época começou a escrever. Seu pseudônimo foi escolhido logo no início da carreira e significa “não fale”. Numa entrevista recente explicou que o nome se refere ao período revolucionário da década de 1950, quando seus pais o instruíam a não falar tudo o que pensa quando em público.

A Cia. das Letras publicou faz poucos anos o também elogiadíssimo As Rãs.

Mo Yan: mestre.

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