Hoje fui entregar três caixas cheias de livros na casa de uma pessoa. Compra grande, bem escolhida, tudo coisa fina, excelente e variada literatura, um show. Mas quando cheguei na casa da cliente não tinha (ou não parecia ter) ninguém. Bati na porta como um louco, nas janelas laterais também, até que veio um cachorro de rua me ajudar. Não adianta, sou um cachorreiro nato. E ele latia e me mordia os calcanhares, puxava as minhas calças e latia; enfim, fizemos um escândalo. Tanto que acordou quem estava dentro de casa. Enquanto esperava que me abrissem a porta, o cachorro abraçou minha perna direita e começou a fazer justamente aquilo que o Bolsonaro quer fazer com a esquerda. O motorista do Uber que me acompanhava disse: “Acho que ele quer sexo casual com o senhor”. Com dificuldade, convenci o bicho que era muito cedo para nós. A porta se abriu. Quando entrei com as caixas dos livros, meu novo amigo entrou junto na maior cara de pau. A dona da casa perguntou: “Quem é esse?”.