SILVANA GUIMARÃES (Belo Horizonte/MG)
Segundo turno, casa cheia, a fila enorme na seção eleitoral. Ele custou a esperar sua hora. Vestia calça cáqui e blusa amarelo-ouro, a bandeira do Brasil sobre os ombros. Quando chegou a sua vez, entrou marchando na sala. Antes de votar, bateu continência para a urna, lascou um “pela moral e bons costumes” bem alto e saiu de lá olhando por cima das pessoas. Semana passada, sua foto apareceu no jornal. Pederasta, pego em flagrante, quando obrigava o menino a lamber suas bolas, na praça, atrás da igreja. Antes de entrar na cadeia, ouviu do delegado: — Ordinário, marche!
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