Li sobre a existência de romances, novelas e contos com as sinopses numeradas abaixo. Nunca as li. Soube delas através do ensaio Comicidade e Riso, de Vladimir Propp. Não é um bom livro, porém, para mim, é quase impossível não ficar fantasiando sobre os temas, mesmo de descrições tão curtas. Certamente, mais um defeito de fábrica.
1. A relação da senhora simplesmente agradável com a senhora agradável sob todos os aspectos.
2. A secretária que descreve diferentes pratos com tamanho apetite que ninguém consegue trabalhar.
3. Para enganar seus credores, declara-se insolvente. Passa seus bens para o nome do genro. Então, o genro vira-lhe as costas, deixa-o ir preso e usufrui de pequena fortuna.
4. O marido, brincando, diz à mulher e à sogra que ganhou na loteria. Ele lamenta a brincadeira, mas bem depressa a mulher, a sogra e outros parentes demonstram tamanha cobiça que ele os observa, desconhecendo-os.
Não obstante as interessantes sinopses e suas possibilidades cômicas, tão importantes para Propp, o que me interessa é que a ficção, ao expandir tais argumentos, procurará representar a realidade, acabando por ultrapassá-la e tornando-se também realidade. Será a verdade ficcional uma mentira? Sim, mas não é ela quem mais se aproxima da verdade? E, quando lida, a história ainda é do autor ou é do leitor que se apropria e reinterpreta aquela realidade? Quando lemos Lucien de Rubempré fazendo seus cálculos contábeis, ainda somos nós mesmos? E por que temos a necessidade de ler ficção? Seja Joyce, novelas na TV ou de ler romances românticos de bancas de revistas?
Mais: vocês, meus sete leitores, acreditam em alguma coisa do que escrevo aqui? Ou são só simpáticos e aceitam a convenção mesmo sem acreditar?
Acreditar? Eu não!
Recebi um bilhete contendo apenas um verso, mas reconheci a letra, a motivação e a resolução ali contida:
“Acreditar, eu não
Recomeçar, jamais
A vida foi, em frente
E você simplesmente
Não viu que ficou pra trás”
Muito conveniente. Cada um conta a história de sua vida de acordo com seu próprio ponto de observação; se os versos cabiam a mim, também a ela, sem dúvida alguma. O que fiz? Reescrevi o texto e enviei na forma de bilhete, a ser entregue pelo mesmo motoboy, sob pagamento idêntico.
Em precisando de testemunhas, eu tinha as minhas, ela, as dela, e o caso ia esquentar.
Duas horas depois recebi do mesmo motoboy outro bilhete, contendo novos versos:
“Quem diz que Amor é falso ou enganoso,
ligeiro, ingrato, vão, desconhecido,
Sem falta lhe terá bem merecido
Que lhe seja cruel ou rigoroso”
Este samba eu não conheço. É poesia. Agora ela quer me fazer crer que é conhecedora de poesia, de vasto repertório, e pode me encher de lições acerca do que e como sentir, sobre quem, para quem e até para sempre. Peço então para o rapaz esperar um pouco e envio de volta para ela a letra do Samba do Grande Amor inteirinha. Diga o que quiser, é tudo mentira, mentira, e que fiquemos assim, cientes das mentiras que contamos um para o outro.
Chego em casa e ela está lá. Me diz até “você tem razão”, “temos que parar de mentir um para o outro”, “a verdade é que nos amamos”, e et cetera et cetera. Let me try again, é o que está tocando. Digo metaforicamente, porque o cd player ela levou para a casa da mãe o mês passado. Mas o disco do Sinatra ainda está aqui. Eu acho.
Para enganar seus credores, declara-se insolvente. Passa seus bens para o nome do genro. Então, o genro vira-lhe as costas, deixa-o ir preso e usufrui da pequena fortuna.
Isto ocorreu com o De León, apenas uma o outra cirscuntância era diferentes
Branco
Ueba, fui incorporada! Da última vez, eram os “seis leitores e a Caminhante”. Agora, somos sete. Estou me sentindo de casa e já me arrisco até a colocar meus pés na mesinha de centro.
Eu acredito desacreditando. Acho, por princípio, impossível apresentar um retrato fiel da realidade ao escrever. Mais ainda quando a gente escreve num blog. Em blogs, as respostas são mais imediatas e imprevisíveis do que num artigo ou num livro. Na maioria das vezes, são respostas geram questões interessantes. Mas vez ou outra surgem comentários tão idiotas que a gente se pergunta porquê manter um blog e se expor à burrice alheia. Se com meu blog (que tem tão poucas visitas) isso acontece, com o teu deve acontecer com mais freqüencia.
Acho que o que escrevemos é uma das nossas facetas, que nos parece mais fácil ou agradável de representar. E acabamos revelando outras coisas, inconscientemente. Isso sem falar nas projeções dos leitores…
Seu comentário, Caminhante, toca fundo numa característica dessa nova forma de expressão literária chamada blog que não existe nas outras formas tradicionais.
O blog está ligado a um imediatismo que trai qualquer pretensão de individualidade por parte de seu autor, caindo de cara na exposição compartilhada, onde, inevitavelmente, contam muito o humor dos frequentadores, as manhas, a hipertensão cotidiana que passa para as palavras publicadas. Por isso que sites privados apenas à palavra de seu dono, a mim não podem ser definidos como blogs, e não tem qualquer propósito para existirem, como o Caderno do Saramago.
Pergunto-me que espécie torta de vaidade leva um autor consagrado a criar um blog, fechando-o às palavras do leitor como se fosse um totem da abençoada palavra diária. É contraditório um escritor iconoclasta e violentamente anti-clerical como o Saramago ficar produzindo seus conselhos e observações cotidianas como se uma hora do ângelus do intelectual venerado.
O blog é uma conversa de bar melhorada.Ou piorada, visto a falta da espontaneidade verdadeira do calor da conversa. Daí a infidelidade das informações trocadas, da leviandade de alguns textos, da procura não pela concisão, mas pela maior a-literariedade possível, pois o blog tende ao expositivo em excesso, à comunhão com as massas, ao vulgar pintado de erudito. O blog, na verdade, é a última tentativa do assassinato da escrita. O que vemos de sofisticação são os últimos estertores do corpo que agoniza.
Isso é bom? Julgava que não, mas olha só minha birra em participar frequentemente do blog do Milton. Mas mantenho uma resistência ativa que acredito saudável em enfrentar essa nova expressão com sarcasmo, ironia e enfado, como os missivistas renhidos que ditavam suas palavras pelo telégrafo sentindo-se que a qualquer momento seriam absorvidos pela engambelação. Escrevo com a cara do idiota que não quer que os esquemas da novidade que o fascina o revelam na artimanha final como um completo tolo trapaceado.
Esse não é o blog do Milton. Esse é o blog de quem escreve nele, e o Milton é o intermediador, o censor, o alvo. O blogeiro, sempre me pareceu, é um condutor de banda, um jazzista que lança o fraseado musical para que a cozinha de músicos o acompanhe. Miles não é mais importante que Cannonball.
O blogeiro tem que ser um ser superior. Guardar a ira para si mesmo diante um comentário desabonador, porque, como os orientais sabem, o anfitrião da casa não pode desrespeitar o convidado, que de uma forma ou de outra o honra por sua visita.
Mas vale falar a verdade, devolver o coice com requinte. Pois quem visita, parte das fraquezas e inconstâncias da vida real, e talvez nesta indefinição do que seja o blog, o futuro resolva conceitos que o aproximem do divã. Por exemplo: cansado de tanto ver um ídolo meu, como o Miles Davis, ser tratado com relativismo no blog do grijó, dirigi ao camarada grijó um comentário no mínimo indecoroso, de quem estava “por aqui”, sobre o esnobismo dos aficcionados do jazz e coisa que o valha. O grijó, educadamente, deixou claro por seu silêncio que não curtiu.
E olha só a indefinição total da coisa: meses anteriores havia combatido o Marcos Nunes, justo por ele estar “por aqui” dos aficcionados do jazz.
Nunca li algo do que enumeras, Milton. Mas abaixo algumas sinopses existentes, um pouco semelhantes:
1. O rapaz, atolado num casamento sem sentido e na companhia de uma sogra vampiresca, certa noite viaja para outra cidade, abandona-se inesperadamente ao jogo e ganha uma fortuna. Antes de retornar à sua vida mesquinha, descobre nos jornais que a polícia encontrou o corpo de um morto o qual atribuem seu nome, fato que de primeiro lhe atordoa para depois revelar-se sua libertação. Oficialmente morto, vai atrás da vida que sempre sonhou, conhecendo uma das mulheres mais apaixonantes da literatura: Adriana. (Como a amei!!)
2. O rapaz_outro, outro_ sai muito jovem da casa de seus pais para ir atrás da fortuna. Muitos anos se passam sem que dê qualquer notícia quando, já na meia idade e no auge da riqueza que foi buscar, resolve fazer uma feliz surpresa a sua velha mãe e sua irmã solteirona. Volta para a cidade natal e se hospeda sem se revelar na hospedaria da mãe. De madrugada, a mãe e a filha matam aquele desconhecido ilustre para roubar-lhe o dinheiro.
3. Um casal de jovens intelectuais participam eufóricos da queda do muro de Berlim. Passeando por uma floresta da Alemanha oriental, a mulher se perde do namorado e se defronta com dois dobermans abandonados famintos. Quando um dos cães salta para o ataque fatal, a moça fecha os olhos e restitui no desespero um pouco da fé que nunca teve. Quando abre os olhos, vê seu namorado com a cara aliviada por ter-lhe encontrada. Ao questionar-lhe, ele diz nunca ter visto cão nenhum. Ela se torna uma devota ao nível do citado Pascal de ontem. Uma parábola sobre o mal.
4. Um grupo de três amigas canadenses descobre que a quarta amiga é a mesma mulher que, em diferentes épocas de suas vidas, roubou-lhes os noivos. Armam a vingança e capturam o cisne, mas descobrem por final que a independência é ensinada das mais estranhas maneiras e o inimigo não é quem parece.
5. Um documentarista despede-se da esposa e filho que embarcam no avião. Horas depois os jornais notificam a queda no mar, a ausência de sobreviventes. Seu refúgio na dor é um série de viagens à Alemanha no inverno, onde divide o tempo com longas conversas com os antigos amigos e a captação por sua câmara filmadora das marcas de passos humanos na neve. Suas idas à biblioteca lhe dão a conhecer uma mulher lacônica, que vive nos mortos tempos da dinastia Ulrica para esquecer os abusos sexuais que sofrera. Depois de sobreviver a um ataque de uns punks, nosso herói descobre-se apaixonado por essa mulher. Parte para a um improvável encontro na Espanha, onde ela escolheu como último refúgio.
Lá vai os nomes dos romances acima:
1. O Finado Matias Pascal, do Pirandello (um dos 50 melhores romances que já li).
2. Uma peça de Albert Camus que não recordo o nome, nunca li mas vi um comentário do García Márquez.
3. Cães Negros, do Ian Mc Ewan. (romance do tempo em que Ewan era um grande escritor sem um grande livro_ resolvido com Reparação_, mas muito bom, como tudo que o inglês escreve)
4. A Noiva Ladra, de Margareth Atwood. (Extremamente divertido, leitura mais hipnótica que esses best-sellers de conveniência, e ainda por cima a mais alta literatura.)
5. Dia de Finados, de Nooteboom. (livro que oferece apenas um inconveniente: como escrever algo melhor, e tão bem escrito?)
Caro Charlles,
Me explique porque Reparação é um grande livro, pois o li uns anos atrás e não considerei-o muito interessante não, achei que ele padeceria de uma ideia de arte muito semelhante àquela dos apólogos da autoajuda, tipo reatar os laços que foram partido por erros que, assim, ficaram reparados, na pequena medida permissível ao que é, afinal das contas, ficção, apesar disso com prazo de validade menos curto do que os dos próprios elementos sobre os quais se intenta esse ato de reparação histórica, na verdade irremediável, etc. Ou não?
Marcos,
divido com você a sacrofagia quanto aos autores contemporâneos, porém sou menos holocáustico (que chique, criei uma palavra!). Li Reparação na onda da propaganda massiva feita pela imprensa cultural, nos moldes daquela conversa que nós três tivemos no blog de sua esposa ontem (sei que foi ela que escrevia por ser bem mais doce que você; mas ouvi suas observações por detrás). Assim que o comprei, o devorei num final de semana. Achei-o esquemático, excessivamente organizado, falso por não transparecer a experiência, mas a imaginação literária de Mc Ewan. Porém, me emocionei aos extremos com o livro, e há passagens ali tão bem escritas que me parece tornarão antológicas. Relativamente à produção inglesa atual, é o maior romance lançado há anos. Martin Amis, p. ex., nunca produziu nada de consistente. è um autor “pop” de um país com boa tradiçaõ de leitores. Barnes é um francês mediano disfarçado de súdito da rainha.
Mas depois de Reparação, McEwan não escreveu nada à altura. “Sábado” é um êmulo de O Planeta do Sr. Sammler, sem a qualidade deste. “Na Praia” não traz nada de novo do autor de “Deus dará”. Acho que Reparação tem como entrar no Cânone da literatura desproteinada do final do século XX, de escritores que foram para as guerras sem saírem de seus escritórios. Sinal dos tempos! Mas não se sustenta ao lado de Orgulho e Preconceito, ou qualquer Dickens.
Ê, bosta, continuo sem saber porque Reparação é um grande livro! Por que tem passagens antológicas? Né pouco não? E, aproveitando a oportunidade, 1) esse tal de jazz é mesmo uma musiquinha fajuta, 2) nós três no blog da minha esposa? Isso já virou ménage à trois?
Charlles, sempre achei Matias Pascal o “meu” patinho feio. Eu nutria a suspeita de que pessoas muito mais letradas e eruditas do que eu não apreciariam o pequeno romance, por inúmeras razões que eu mesmo elaborei, todas muito bem razoáveis mas que não tinham o condão de me influenciar. Confesso que esse foi um livro decisivo na minha “formação” literária, e aquela passagem onde o espírita fala sobre a natureza da consciência é um dos meus trechos favoritos de toda a literatura. Quando leio meus rascunhos aqui em casa, vejo muita influência dessa obra do Pirandello.
Por isso, fico muito feliz ao saber que alguém como você, com mais cancha que eu, inclui esse romance entre os cinquenta (o que já é uma grande posição) melhores que já leu.
Mais cancha? Partindo de você, ou é gozação ou um puta de um elogio.
Não há romance mais delicioso do que Matias Pascal. Tu me fez lembrar da tal cena da espírita, com Matias simulando os esbarrões na mesa como mensagens do além. Cara! Vou reler o Matias. Não me lembrava desta cena, e há algum tempo tenho um argumento na cabeça de algo muito parecido.
O Pirandelo também escreveu umas dezenas de contos absolutamente geniais. Tenho um volume de alguns deles, “O Velho Deus”, que certifica a nostalgia de que a literatura anterior à comodidade tecnológica é onde a escrita mais lindamente se adequa.
A peça de Camus é Le Malentendu. O mal entendido. É curioso que, n’O Estrangeiro, logo quando Mersault é preso, ele lê num jornal a sinopse desta peça. Para não acabar com a curiosidade, n’A Peste, uma personagem também lê num jornal a notícia de Mersault (como isto é divertido!).
eu acredito em tudo q tu escreve. fica mais legal. aí depois desacredito né.
Marcos, então me cite um romance atual que tu valorizes!
Complementando…
Vejo sempre que o Marcos tem inúmeras críticas a várias obras citadas aqui. Nada contra: muito antes pelo contrário! Aprecio muito mais esse jeitão corajoso, iconoclasta, do que pessoas sem opinião e incapazes de questionar, criticar e ironizar (felizmente, não temos um exemplar desses entre os sete leitores). Se tivéssemos mais “Marcos”, talvez nossa literatura fosse mais forte, porque a boa literatura é criada assim: apanhando com vara de cinamomo, levando vergastada no lombo, sendo cagada a pau.
Porém, a crítica não pode ser absoluta, sob pena de esvaziar-se. É como comer pimenta em todas as refeições: aos poucos, começa a parecer insossa.
Então, há muito tempo estou a pedir que o Marcos liste, pelo menos, cinco obras que ele admira profundamente. Não precisam ser todas atuais, desde que não sejam, claro, nenhuma daquelas obras universalmente aclamadas. Quero cinco obras que ainda não estão abençoadas pelo consenso do público e da crítica (muitas vezes, um consenso que acoberta a mediocridade da obra), mas para as quais o Marcos se abre, por preferência exclusivamente pessoal, corajosa até. Sabendo o que ele realmente ama na literatura, teremos condições de sopesar melhor suas valorosas (aqui não há nenhuma ironia) críticas.
Boa! Tá lançado o desafio!
E agora Marcos…?
É meio dia, o sino toca, dois cavaleiros se aproximam, e o vento começa a soprar.
(Trilha sonora de Enio Morricone)
alguém está na parede. e eu aqui, esperando, no camarote.
Pena que eu tenha passado a tarde de hoje fora!
10 Livros perfeitos das últimas décadas:
1. Sebastian Knight, Nabokov. 1941? Avancemos, avancemos.
2. Uma Confraria de Tolos, Toole.
3. Reparação, oh yeah, McEwan.
4. The Magus, Fowles.
5. Zen e a Arte de Manutenção de Motocicletas, Pirsig.
6. O Arco-Íris da Gravidade, Pynchon.
7. Counterpoint, Roth.
8. Baía dos Tigres, Pedro Rosa Mendes.
9. Extinção, Bernhard.
10. 2666, Bolaño.
E há mais.
Não posso deixar de citar El Común Olvido, de Sylvia Molloy. Obra-prima.
Comentário entre parêntese:
Enquanto isso, o desafiado vai pesquisando em sua biblioteca. “Crime e Castigo”, não, esse não, artificial demais a velhinha morta, antecipa o kirstch do Hitchcock. Bom, vamos ver… Ana Karenina, não, não, cristão demais! Passemos ao século XX…vejamos!…”Ulisses”, supervalorizado, para mim não é literatura, conversa mole de irlandês bêbado. Para a América, e avante! Hemingway? Me poupe, achei que estávamos falando de literatura, pô, não derive! “Luz em Agosto”? Piegas, rebuscado, definitivamente, não é um grande romance. “O Grande Gatsby”, hein, hein, num é pussível, esse sim. Mais americano esteriotipado que este, cheio de firulas e chavões, e ainda do escritor da era do jazz, essa música abominável? Então o quê? Então o que o quê! o que então?? Para a frança, vamo vê. Camus? Não. Sartre? Arghhh! Mauriac? Mau, ri, argh?? Não, não! itaália: dante, Dannúnzio?? Dane-se, dá se uso para dannúzio? Tô fora! Mann, Canneti? Já te falei, não derive!
ENTÃO, PELO AMOR DE DEUS, O QUÊ, O QUE. QUE HOMEM INSENSÍVEL, ISSO É UM HOMEM.
Taí, taí. Esse é razoável!
Qual?
Isso é um Homem do Primo Levi. Legível! Acertastes!
Luz em Agosto, Luz em Agosto… Melhor não ler o Marcos amanhã. Se ele falar mal, posso ter uma convulsão.
Ah, seu Milton, gostaste assim de John Kennedy Toole? Ninguém sabia de onde eu tinha tirado o nome pro blog.
Até hoje minha barriga dói de tanta risada que eu dei…
Céus, esse livro é sensacional. Muita teologia e simetria… Está entre os melhores que li. Só de pensar em Ignatius Reilly já me dá vontade de comer! Vou por um pão no bolso.
Todo mundo adora uma lista. Arco ìris da Gravidade, Milton!! Que surpresa, não me parece seu estilo. Os meus livros das últimas décadas:
1.O arco íris da gravidade, Thomas Pynchon (uma ode genial à literatura, à liberdade de escrever e a independência criativa. Quando travo, a voz humorística de Pynchon sempre vem para me salvar.)
2. As Correções, de Franzen (a grande presença da literatura norte-americana da última década)
3. Reparação (uma grande livro não é necessariamente um livro perfeito, embora McEwan seja tão astuto que nos engana num primeiro momento)
4. Desonra, do Coetzee. ( Não há livro mais impactante, pertubador e fora dos padrões do mais elevado bom senso do que este)
5. Visível Escuridão, do William Golding. ( O autor consegue atingir um limite de expressão com essa história magnífica que sobra ao leitor compreende-la através de outras percepções; um espelho distorcido_e fiel_ da corrupção humana)
6. A Marca Humana, do Philip Roth. ( Coloco esse como representante de uma série de livros lançados por esse autor que são monumentais, como Operação Shylock e Conterpoint)
7. dia de finados, do Cees nooteboom (já falei demais dele)
8. Austerlitz, do Sebald (não é só literatura, mas sinfonia, fotografia; uma cena memorável: adernando num barquinho no imenso lago sob o qual está a cidade desaparecida. O autor nos mostra as fotos antigas das pessoas que viviam nesta cidade submersa. Literatura verdade; o mais nostalgico e belo solo de violoncelo percorrendo da primeira à última página)
9. Extinção (Bernhard é um presente. Deus existindo, os verdadeiros anjos missionários seriam personalidades como essa, que nos trazem o desencanto, o ódio catártico, a proposta última e impossível. E mais, muito engraçado! Não me esqueço o epitáfio provocador do tio do narrador: “aquele que deixou os bárbaros para trás na hora certa”)
10. Otocadordepiano, de Anthony Burguess. (é tudo junto assim mesmo! Se é para rir, esse desmorona!)
Goso imensamente de V., também.
O Milton, obrigado! Também gosto muito de v.
Nunca pensei que veria Zen e a Arte de Manutenção de Motocicletas numa lista de livros perfeitos…
Por quê?
Achei que eu tinha gostado apenas porque li na adolescência e era influenciavel, etc.
Sim, é um livro para pessoas em formação, mas é estupendo! Eu acho.
Já diria o decrépito Quevedo: ficção no ecziste. es tudo obra de la imaginación.
Uma confraria de tolos? Não o achei na Livraria Cultura. Por acaso não roubaste um exemplar a mais para presentear um amigo, Milton?
Posso te mandar o meu. Se não devolveres, vou a Goiás e sequestro o Eric.
Vários aqui:
http://www.estantevirtual.com.br/mod_perl/busca.cgi?pchave=Uma+confraria+de+tolos&tipo=simples&estante=%28todas+estantes%29&alvo=autor+ou+titulo
Melhor não. Pelo visto tu fará que eu passe pelo mesmo martírio de quando conheci o Extinção por este site e fiquei três meses esperando que esse Bernhard, fora de catálogo, aparecesse na EV. E o comprei por um preço abusivo! Triste sina!
Se me manda e eu gostar demais do livro, vou ficar tentado a te passar a perna (ainda mais que já disse que compreende os amigos que não lhe devolvem os livros emprestados, e os perdoa)
No prazo de algumas horas com o Eric, vc vai ser o primeiro sequestrador da história a pagar para devolver a vítima. O filho de um cara que aos oito anos desapareceu das mãos da avó durante a missa, e foi encontrado mais tarde na sacristia devorando um saco de hóstias, tem ums missão de vingança divina a cumprir. Triste sina!
Mas se achares outro exemplar nestas searas onde a cultura viceja, lembre-se: nunca me presenteastes com nada…!
Viceja que é uma loucura….
Se tu soubesses como eu gosto de criança agitada, não dirias isso.
Excelente debate. Dentre os livros referidos por vocês, anotei os que não conhecia e vou atrás.
Como sempre, aprendi muito aqui.
E, MILTON, se gosta mesmo de criança agitada, está convidado a passar duas noites aqui em casa, assim que quiseres (imediatamente, de preferência).
Tu vais dormir no quarto do Miguel.
Devo informar que a porta do nosso quarto estará trancada.