Dia dos Namorados

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Hoje é o Dia dos Namorados e eu tenho a melhor de todas, desculpem.

Um amigo me dizia que a beleza dói. Doeu fundo quando eu vi a Elena pela primeira, segunda, terceira vezes. Dói de vez em quando ainda.

Meu pai dizia que há pessoas cuja inteligência é tanta que parece que lhes vai derramar pelos olhos. É o caso.

Eu digo que há vozes que se acomodam no ouvido da gente e que a gente não se incomoda jamais com elas. É o caso.

E só no dia de hoje soube o real significado da palavra “borogodó”. Tomem de relho na paleta, pois ela significa “atrativo pessoal irresistível”. E ela foi usada para referir-se a Elena. E não por mim.

Vocês sabem que eu sou um pobre diabo — então, o que sobra para mim?

Ora, dizer a ela como ela é (pois a moça insiste em ser modesta e em sempre me olhar como dissesse absurdos), pensar na minha incrível sorte, fazer carinho, café, arrumar a cama, lavar a louça, passar o aspirador na casa, acompanhá-la. Daqui a pouco vou buscá-la porque está ensaiando.

Como deixar minha namorada cheia de borogodó aí sozinha pela rua?

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