Às vezes temos revelações inesperadas décadas depois.
Há um sujeito casado com uma colega da mãe dos meus filhos. Por algum motivo, nestes mais de 20 anos pós-separação, eu cruzava muito com ele. Ele ou me cumprimentava efusivamente ou me ignorava por completo.
Eu achava que ele era de lua ou tinha um parafuso a menos.
Hoje, na saída do cinema, esgueirando-se entre as pessoas, passaram em fila a colega — oi, tudo bem? –, o tal sujeito — que me ignorou, agindo verdadeiramente como um grosso — e uma cópia idêntica dele — que me cumprimentou alegremente — oi, Milton, tudo bem, sempre no cinema ou com um livro na mão, hein? Ele até me abraçou e bateu nas minhas costas.
Pois é, o cara tem um irmão gêmeo com o mesmo corte de cabelo e tudo. E eu pensando que ele fosse doido varrido.