2020 é o ano Beethoven (1770-1827). Ele foi batizado em 17 de dezembro de 1770. O ano de nascimento é indiscutível, mas ele deve ter nascido uns dias antes do dia 17.
Depois de uma curta estada em Viena em 1786-1787, o compositor fixou-se na capital austríaca em 1792, onde veio a falecer em 1827, com 56 anos. A música de Mozart (1756-1791) influenciou muito a de Beethoven, mas em Viena, ele foi aluno de outro compositor, Haydn (1732-1809), alguns anos mais velho que Mozart. As aulas foram interrompidas por uma crítica do professor, porém ambos sempre se respeitaram. Aliás, o trio Haydn-Mozart-Beethoven são as três joias vienenses e, de diferentes formas, todos se influenciaram mutuamente do ponto de vista musical.
Não é acaso que Viena tenha sido o local onde tantos compositores surgiram para o mundo. Lá, sempre houve um mecenato atuante e organizado. Viena era pura música no final do século XVIII e início do XIX. Foi a cidade que comandou a transição do Classicismo — que interrompe o Barroco — e o Romantismo musical. Então, se Haydn tem raízes no Barroco, Beethoven já entra pelo Romantismo. Aliás, também em Viena, ainda havia o genial Schubert (1797-1828) já com os dois pés no romantismo.
É complicado e, para nossa sorte, ocioso, definir onde Beethoven foi maior. Nas sinfonias, nos quartetos, nos concertos, nas sonatas para as mais diversas formações? Pode escolher, meu amigo. A recente edição da Deutsche Grammophon de suas obras completas traz 118 CDs, 2 DVDs e 3 BDs, com mais de 175 horas de música. Parece muito, mas fica aquém de Bach (153 CDs), Haydn (160 CD) e de Mozart (200 CD). Se Beethoven compôs nove sinfonias (deixou apontamentos de uma décima), Haydn compôs 104 e Mozart 40 (sim, não há uma Sinfonia Nº 37). OK, as sinfonias de Beethoven eram muito mais complexas e às vezes incluíam programas, mas mesmo assim a diferença numérica espanta.
Beethoven foi imenso. No final de sua vida, afirmava escrever para o futuro. Tinha razão. Seus últimos quartetos e sonatas são um aceno e uma direção para o que viria um século depois. É um compositor incontornável, tem de ser estudado e ouvido por quem se dedica à música ou não. Foi um homem atarracado e, dizem, muito feio. Claro que os gravuristas lhe deram uma mãozinha, principalmente na cabeleira rebelde. Mas não se enganem, ele tem o tamanho de um Shakespeare ou de um Homero.
Aproveitemos esses últimos anos de nosso planeta com ele. Não há muita coisa melhor para fazer.
Temos que aproveitar bem os 250 anos de seu nascimento porque a Terra pode não chegar aos 200 anos de sua morte.