Cada um tem sua versão sobre cada acontecimento grave, é claro. Nas grandes crises, que para minha sorte ocorreram todas a mais de 10 anos, eu sempre me recolhi, mas às vezes me dá vontade de escrever um livro chamado Quatro (ou Cinco, ou Seis) Relatos Autobiográficos. Talvez eu pudesse ser tão franco quanto Knausgård, mesmo sem um pingo de seu talento. Seria um monumental gol contra — ninguém leria o livro e eu ainda arranjaria problemas com figuras que hoje estão lá longe, quietas.
Agora, enquanto lavava louça, pensei em três casos: um em minha família, outro na de outrem — mas como encheram o meu saco! — e ainda outro político, o qual me renderia certamente um processo de parte de um partido de direita. Mas, amanhã de manhã, tenho certeza que meu projeto de complicar estará abortado. Afinal, todos nós temos coisas jamais confessadas se remexendo em nossa cabeça e eu acharei as minhas muito bobas.