Arthur Rubinstein achava que um músico deveria praticar por 4 horas e depois passar outras 4 lendo, informando-se ou em contato com outro gênero artístico a fim de ter o que expressar quando voltasse à tocar.
Uma musicista como a Elena ouve um violinista e diz que ele deve ser muito culto para poder tocar daquele jeito. Eu pesquiso e o cara tem mil interesses. Os muito especialistas que me perdoem, mas cultura é fundamental.
(Para citar 3 supercraques, quando Pollini ou Brendel ou Ehnes chegam perto de seus instrumentos, eles trazem todo um mundo com eles, crianças).
Outros artistas que não se restringiram a seus instrumentos foram os pianistas Claudio Arrau e Alfred Brendel.
A outra face da moeda também é válida. Sou leigo em música erudita, mas ao ouvir gravações do Von Karajan sempre percebi traços de megalomania, narcisismo e arrogância, características pessoais dessa figura execrável.
No jazz a música revela muito da personalidade dos intérpretes. O Lester Young introspectivo e atormentado, Bix Beiderbecke e Chet Baker idem, Coleman Hawkins imponente e dominador, Sidney Bechet flamboyant, etc. Na era do swing um contraste interessante entre dois instrumentistas e bandleaders judeus: Benny Goodman, semiletrado e alpinista social (casou com uma herdeira dos Vanderbilt, irmã do produtor e mecenas do jazz John Hammond) versus o intelectualizado e playboy Artie Shaw (foi casado com as atrizes de Hollywood Lana Turner, Ava Gardner e com as menos famosas Doris Dowling e Evelyn Keyes). Interessante que o Goodman se ressentia dessa indigência intelectual e chegou a gravar concertos do Mozart para se autoafirmar.