Sou colorado, mas sei que neste 26 de novembro de 2020, comemora-se os 15 anos de um dos momentos mais sensacionais, nervosos e patéticos da história do futebol gaúcho. Revendo o jogo, acho que, antes de uma epopeia, foi um inconfundível jogo de Segunda Divisão em um estádio e com jogadores típicos da categoria. Não sei como o Grêmio chegou àquilo. Atualmente, é muito outro. Ver em ação Sandro Goiano, Nunes, Galatto, Escalona, Lipatín, Marcel, Domingos e outros menos votados é uma alegria indizível para qualquer colorado. E, bem, a verdade é que a grande vitória gremista passa muito mais pelo despreparo e ruindade do Náutico do que pela atuação do tricolor gaúcho.
O Grêmio precisava apenas do empate para voltar para a Série A, mas jogava muito mal no primeiro tempo. Lá pelo final desta etapa, Domingos cometeu um pênalti em Paulo Matos. O lateral Bruno Carvalho chutou no canto direito de Galatto, acertando o poste. Até hoje, o goleador Kuki recusa-se a falar no assunto, mas os jornais do dia seguinte disseram que o terceiro maior artilheiro da história do clube pernambucano amarelou e acabou não batendo o pênalti. Bateu o tal Bruno.
No segundo tempo, o time gaúcho voltou melhor. Aos 15 min, entrou o jovem Anderson, de 17 anos, que seria decisivo apenas no rumo da partida, pois o empate era suficiente. Aliás, não dá para explicar as escalações de Marcel e Ricardinho tendo Anderson no banco. Com o menino em campo, o Grêmio logo ganhou velocidade e contra-ataques, diminuindo um pouco a pressão do Náutico. Não obstante, o Náutico seguia perdendo gols, alguns com Kuki, que jogava bem.
Aos 30 min do segundo tempo, Escalona, o lastimável lateral esquerdo do Grêmio, tomou cartão vermelho e, logo depois, houve um pênalti não marcado contra o Grêmio, como pode ser visto aos 14`27 do vídeo abaixo. Para compensar, o árbitro Djalma Beltrami, logo depois, marcou outro numa bola que bateu no cotovelo de Nunes. Hoje, aquilo é pênalti; na época não seria, pois o toque não fora intencional. Os jogadores e a comissão técnica do Grêmio indignaram-se e começou uma confusão varzeana. Parecia o campo de futebol do Parque Saint-Hilaire. E é disso que o Grêmio se ufana nesta data. Todo mundo entrou em campo. Patrício, Nunes e Domingos foram expulsos e Odone ameaçou ir embora várias vezes. Estávamos na Segunda Divisão, não esqueçam.
Após 25 minutos de chinelagem, a torcida pedia Kuki, mas ele — ou o técnico, que diz que o artilheiro estava com as pernas pesadas — deixou a tarefa para o lateral-esquerdo Ademar. A cobrança foi no meio do gol e Galatto, que caía para o lado esquerdo, defendeu com a perna.
Na continuação do lance, o zagueiro Batata, do Náutico, cometeu falta violenta em Anderson e recebeu cartão vermelho. Na cobrança, Anderson aproveitou a perturbação do Náutico e fez o gol da vitória, que valeu também o título da Série B. Entre o erro de Ademar e o gol de Anderson, passaram-se 71 segundos. O conto diz que foram decisivos, mas repito: o empate bastava.
No momento do gol, eram 10 jogadores do Náutico contra 7 do Grêmio.
Tive a sorte de não ver tudo isso ao vivo. Estava viajando. Lembro apenas que calculei o horário do final da partida e entrei numa lan house romana, louco para confirmar que o Grêmio ficara pelo segundo ano consecutivo na Segundona. Mas o site do Terra estava estranho: dizia que eram 57 minutos do segundo tempo e estava 0 x 0. Devia estar errado. Um bug, com certeza. Fui fazer outra coisa. Quando retornei a Porto Alegre, tudo já era uma grande lenda.
Chupaaaa! Lastimável colunista que vai ter que engolir o Argel.
Milton, patético é você, que não consegue esconder clubismo e, em vez de informar, parece mais um jornalista de fofocas.
Já reclamei outrora com a redação do Sul21, mas fica outra vez o recado: você é muito fraco. Já pode passar na Zero Hora e fofocar pra lá.
kkkkk !!!!!!
Milton, eu vi este jogo. Nem me lembrava que o Náutico já havia perdido um penalti no primeiro tempo. Só me lembro do segundo. Depois que o goleiro defendeu, o Náutico teve um escanteio. Faltavam ainda uns 20 minutos, tempo suficiente para os caras marcarem o gol que levaria o Grêmio, mais uma vez, para a segunda divisão. Bastava ter calma, mas os pernambucanos eram quase tão ruim como o Grêmio. O Batata que era experiente (jogou no Corinthians) perdeu a cabeça e foi expulso. Pior, o Anderson pegou a bola no campo do Grêmio e foi sozinho (faltavam 4 jogadores no time) até marcar o gol. Pelo feito, nós colorados o excomungamos tanto, que ele deve sentir o peso até hoje. Faltou dizer que o juiz, depois do penalti e das expulsões, amarelou e deixou de expulsar outro jogador do grêmio que lhe deu um chute na bunda no meio da confusão, o que deixaria o Grêmio sem o número mínimo de jogadores para continuar a partida e seria declarado perdedor. É isso, são os juízes sempre ajudando o Grêmio.
Postado por Milton Ribeiro
E eis que se completam dez anos daquele jogo. Já que a tendência é atestar o óbvio como se estivesse falando uma grande novidade, comecemos por ele: é óbvio e ululante que o jogo, analisado friamente, é uma grande vergonha, que só não se tornou maior porque o resultado final favoreceu. Foi uma vergonha ter entrado para empatar, foi patético levar sufoco daquele Náutico, foi lamentável ter entrado naquela última rodada precisando fazer resultado por perder pontos antes, e ainda mais claro está que precisamos ficar ruborizados cada vez que alguém insiste em citar aquele jogo entre os exemplos máximos da ~raça gremista~, um clube com tanta coisa melhor para celebrar em sua história.
Mas não foi vergonha alguma comemorarmos da forma como comemoramos, na época. E eu sei, vocês sabem, que todos os gremistas olhamos o 26/11 no calendário e lembramos de alguma coisa daquele jogo. Porque, senhores, também é óbvio e ululante que o futebol não se faz nas análises frias, mas no calor da hora e na experiência do instante. E aí um jogo de Série B ou uma cabeçada do Ronaldo Alves na final da Copa Sul podem valer mais que uma Libertadores. Sim, sim, é bem verdade que nós cavamos nosso próprio buraco nos Aflitos. E nós não saímos dele por uma mística imaterial, por essa suposta “imortalidade” que é só discurso e de nada nos vale há tanto tempo. Isso não existe. A questão fundamental é que, não importa como entramos e nem como saímos dele, nós encontramos um jeito de escalar esse poço quando já parecia impossível. Parecia impossível, este é o ponto. Parecia que a vida mudaria para sempre num segundo.
Ter ficado um outro ano na Série B poderia ter sido a morte definitiva do clube, um apequenamento total. E não falo esse apequenamento ameno que temos hoje, de comemorar vaga como se fosse título: falo de ficar indo e voltando da Série B e encarar como uma quimera a possibilidade de brigar nas partes altas das tabelas. Tornarmo-nos um Botafogo de verdade (que adoramos fazer essa comparação, pela ausência de títulos, mas as situações são muito distintas). Eu sei que não ganhamos nada que preste desde então, mas estamos muito longe de ser um clube à beira de fechar as portas, como pareceu em 2004 e 2005. O Grêmio pós-2006, por mais carente de taças que seja, ainda é um time que se classificou pra Libertadores 6 vezes em 10 anos. É pouco, mas poderia ser muito pior. E eu, sinceramente, acredito que seria muito pior se não subíssemos naquele dia. Pelo menos eu sei que senti isso quando o Ademar correu para cobrar aquele pênalti, exatamente dez anos atrás, quando baterem as “seis horas e vinte e cinco minutos, hora oficial do Brasil, horário brasileiro de verão”, como dizia a narração clássica de um homem que não tinha paralisado o seu cronômetro e falava sobre um jovem goleiro (que nos salvou a vida e depois desapareceu para sempre na névoa dos tempos). Eu vi o Grêmio acabando se aquelas redes balançassem. E eu não vi o Grêmio acabar porque aquelas redes não balançaram.
É claro que esse sentimento só existe porque nós cavamos nosso próprio buraco e o jogo se tornou um drama que nunca precisava ter sido. Mas o fato inescapável é que isso existiu e, se aquele pênalti entra, eu não sei bem o que sobraria para nós. Porque a nossa dificuldade já é bem grande tendo voltado e feito boas campanhas na Série A desde então. Imaginem os senhores se tivéssemos ficado por lá, chafurdando na lama dos Aflitos, num limbo eterno onde até o 13º lugar sem graça da Chapecoense desperta invejas. Cada um comemora o que bem entender. Eu, particularmente, não comemoro o jogo em si, nem o coloco como um episódio especialmente orgulhoso.
Mas eu comemoro o que ele representou naquele cenário: o fato de que saímos de Recife com um Grêmio para eu torcer, quando até isso parecia em dúvida.
Postado por Milton Ribeiro
Sou gremista. Odeio, com todas as forças, saber que esse dia é comemorado. Quero esquecer Patrícios, Lippatins e Sandros Goianos da vida, Náuticos e Anapolinas, muito mais! Não são da grandeza do Grêmio.
Mas dá um arrepio e enche os olhos ver esse vídeo…
Estava lá. No meio da Fanáutico. Foi complicado voltar ao Eládio depois desse dia. Acho uma graça quem encara futebol como uma comparação de títulos. Temos aqui um rival com a mesma mania de grandeza. Até construíram anos atrás o que (dizem) ser o maior ‘mastro’ da cidade para hastear seu pavilhão. Vai ver é uma coisa dos mais antigos (1901), mas aprecio mesmo é o bom jogo. Sendo assim espero que o amigo gremista tenha um dia um time para torcer como o Náutico de 60. O Inter de Falcão e Figueroa chegou bem perto :)) Saudações Alvirrubras!
Esta foi uma das melhores análises daquele jogo, e só podia ser feita por um colorado que ainda hoje sofre intensamente com o episódio. A intensidade do uso de expressões pejorativas, tentando esconder a grandeza do feito, já basta pra demonstrar a força dessa dor-de-cotovelo esportiva. Só pode pensar assim alguém que sofre, desde então, por saber que seu time jamais vai ter a oportunidade de uma experiência de vida tão singular. Aquele jogo foi uma epopeia, digna dos que estão na vida para viver o diferente, o inusitado, a dor, a delícia e o desespero de uma paixão completa. Aos demais, resta apenas sofrer com suas vidinhas medíocres, um simples interregno entre o nascer do sol e a chegada da lua. Assim é a vida. Enquanto há os que se satisfazem em ser apenas mais um, outros tem o prazer de dizer que sofreram, foram felizes ou infelizes, tiveram momentos de tristeza profunda ou de absoluta alegria, sendo parte integral desse fenômeno que é a verdadeira existência. Para os demais, resta apenas divagar sobre isso, tentando convencer alguém de que bom mesmo é ser apenas mais um…
OS: só faço uma pequena correção. O gol do Anderson, além de garantir a vaga, ainda nos deu o título, transformando a volta olímpica do Santa Cruz numa pantomima, digna dos co-irmãos, que no último domingo também protagonizaram uma cena idêntica, também sem valer nada. Só por isso já precisa ser lembrado!
É evidente que nós, colorados, não teremos a oportunidade de vivenciar uma epopeia tão singular. Só mesmo se formos rebaixados, algo pouco provável. Inveja da epopeia? KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK !
Que várzea. Me mijei de rir. Vou ter que trocar a calça e buscar um pano para secar o estrago por aqui.
“Só mesmo se formos rebaixados, algo pouco provável.”
E caiu.
Caramba, essa secada doeu mesmo, hein?
Nunca nos envergonharemos de cair pra segundona, muito menos de ter que parir essa bigorna pra voltar precisando apenas de um empate contra o poderoso Náutico.
É, eu concordo que não foi nenhuma façanha.
Mas poderia ser pior.
Talvez estivessemos hoje nos vangloriando que nunca caímos pra B, mesmo que tivessemos que pagar por isso.
Cada um com seu orgulho…
Como pode um artigo tão ridículo em um portal que posta coisas coerentes?
Para se analisar a batalha dos aflitos é preciso entender que sequer o Grêmio deveria ter sido rebaixado naquele ano, reconhecer que o náutico quis ganhar o jogo prejudicando inclusive com o vestiário recém pintado, entre outros fatos ridículos enfrentados pelo time do Grêmio naquele dia. ARTIGO IMPUBLICÁBEL! SUL21 LAMENTAVELMENTE PERDENDO A CREDIBILIDADE COM UM TEXTO TÃO POBRE ASSIM!
Chupa uma rola filho da puta