Atrás do Balcão da Bamboletras (XXXIII)

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Liga uma senhora bem velhinha. Pela voz, é beeeem velhinha.

Eu faço minha impostação mais educada.

— O que a senhora deseja?

— Moço, eu estou sempre perdida no meio dos meus papéis. Graças aos céus hoje eu vi que tinha o IPTU com desconto para pagar. Último dia!

— Boa lembrança, a senhora me salvou. Tenho que pagar o meu também. Estou com o boleto, mas já ia me esquecendo dele — minto, pois já tinha pago o meu.

— O seguinte: o que me leva a lhe incomodar com este telefonema é que vi que tenho um cheque presente da Bamboletras. Ele deve ter uns 4 anos.

— 4 anos, Dona X ?

— Sim. E a minha pergunta é: o cheque presente de vocês CADUCA? — ela pergunta, colocando ênfase na último verbo.

— Não senhora, não caduca.

— Ai que alívio, moço! Quem terá me dado isto de presente?

Risadas.

— Escuta, vocês fazem entregas?

— Sim.

— Então me traz uma coisa boa como…

— Como quem?

— Como Philip Roth — ela me diz baixinho, como se fosse um segredo.

A Marca Humana já deve estar com ela neste momento.

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