Os Mortos, de James Joyce

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Este volume é uma coletânea de dois contos de James Joyce — Os Mortos e Arábias, ambos de Dublinenses — e do capítulo final de Ulysses, o monólogo de Molly Bloom. Comprei o livro em razão do monólogo — queria relê-lo, mas não queria carregar o pesado Ulysses completo por aí — só que também gostei muito de revisitar os dois contos, que são perfeitos em sua melancolia.

Os Mortos é ​​o último conto da coleção Dublinenses de 1914. É de longe a história mais longa da coleção, quase longa o suficiente para ser descrita como uma novela. A história lida com temas de amor e perda, além de levantar questões sobre a natureza da identidade irlandesa.

Arábias conta a paixão de um menino pela irmã de seu amigo. Narrado em primeira pessoa, o leitor mergulha na vida monótona da North Richmond Street, que parece ser iluminada apenas pela imaginação das crianças que, apesar da crescente escuridão do inverno, insistem em brincar “até que seus corpos brilhassem”. Esses meninos estão à beira da consciência sexual e, impressionados com o mistério de outro sexo, estão famintos por conhecimento.

Difícil imaginar duas histórias que sejam mais bem escritas. E estão dentro de um formato rigorosamente clássico.

Já o Monólogo de Molly Bloom traz o Joyce revolucionário de Ulysses. Aqui, temos mais uma torrente do que um fluxo de consciência. É um texto implacável e sem pontuação. No final do gigantesco romance experimental de 1921 de James Joyce, depois que seu herói finalizou suas andanças e voltou para casa, sua esposa, Molly, dá a última palavra. Ou melhor, dá muitas, muitas palavras. “Sim” é o primeira delas e também a última: “e sim eu disse sim eu quero Sim” – uma frase tão famosa que você pode conhecê-la mesmo que não seja familiarizado com o livro.

Molly Bloom é a esposa de Leopold Bloom, o personagem central do livro. Ela nasceu em Gibraltar em 1870, filha de um oficial militar irlandês e um gibraltino de ascendência espanhola. Em Dublin, onde o romance se passa, Molly é uma conhecida cantora de ópera. Molly e Leopold tem um casamento já sem sexo, mas Molly ainda está em seu auge sexual e dormiu com muitos homens — fato de que seu marido está bem ciente.

O solilóquio de Molly começa depois que Leopold se acomoda na cama, murmurando algo sobre ovos. Na cama, deitada ao lado do marido, Molly não consegue dormir. Sua mente começa a vagar dos ovos de Leopold para os eventos do dia anterior (16 de junho de 1904) e para memórias mais distantes. O solilóquio, de aproximadamente 22.000 palavras, consiste em oito “frases” extremamente longas. Os pensamentos de Molly vão da saúde de Leopold para a lembrança de suas tentativas bastante lamentáveis ​​de infidelidade e para as memórias de suas próprias aventuras sexuais muito mais gratificantes. Naquele mesmo dia, ela estava com seu amante mais recente, Blazes Boylan, um empresário de shows, para o que seu marido sabia não ser uma reunião de negócios. Molly descreve seus encontros sexuais em detalhes. (Suas palavras, especialmente as referências a funções excretoras e sexuais, encheram páginas de relatórios da censura de diversos países na primeira metade do século XX).

A mente de Molly também volta para sua infância em Gibraltar, ou avança para sua preparação para as músicas que ela cantará em uma próxima turnê. Quando ela finalmente adormece, seus últimos pensamentos voltam-se para seu primeiro encontro com Leopold, e no momento em que ela soube que estava apaixonada por ele.

Em uma carta de 1921, Joyce disse: “A última palavra (humana, humana demais) é deixada para Penélope”. descrita como “a palavra feminina” e que ele disse desejar indicar “aquiescência, abandono, relaxamento, o fim de toda resistência”.

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