Mulheres

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Na minha infância, éramos 5. Meu pai, minha mãe, minhas irmãs e eu. Quem mandava eram as três mulheres, com absoluta predominância de minha mãe. Meu pai às vezes se revoltava, mas era sempre uma coisa meio histérica e ele se aquietava depois. Era como deixar uma criança gritar até cansar. Quando a mãe não estava, a liderança se transferia para minhas irmãs.

Então, aprendi desde cedo a respeitar as mulheres. Elas mandavam em mim e, certo, também me tratavam muito bem. Sempre tive sorte. Adolescente nos anos 70, via meus amigos assobiarem ou gritarem “Gostosa” para uma mulher qualquer e ficava quieto, não obstante a oceânica e quase dolorosa atração que sentia pelo sexo oposto.

Até hoje, se uma mulher reclama de mim, ouço sua voz duas vezes mais alto. Me assusto mesmo, coisa que jamais ocorre se um homem reclama. Neste caso, estou sempre pronto para debochar e faço isso muito bem, acredito.

Talvez seja um problema psicológico, mas jamais vou tratá-lo. Ainda mais que nesta manhã dormi além da conta e sonhei que ouvia os gritos da mulher estuprada por aquele jogador de futebol.

Saí da cama totalmente em pânico. E louco para dar uns socos naquele sujeitinho.

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