Sobre a questão levantada pela Prof. Aurora Bernardini

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Vou falar de leve na polêmica levantada por Aurora Bernardini. Ela disse que Itamar, Ernaux e Ferrante podem ser interessantes, mas não são literatura.

No final dos anos 70, fui um péssimo aluno da Engenharia da Ufrgs, mas fiz todas as 4 cadeiras de Cálculo. Alguns teoremas que estudei eram muito bonitos. Havia uma beleza profunda e singular neles. A beleza em um teorema não é visual nem emocional, mas sim intelectual e estrutural. Os matemáticos frequentemente descrevem teoremas como “belos”, e essa qualidade geralmente emerge de uma combinação de fatores: simplicidade e economia (são elegantes e dizem muito, como a boa poesia), profundidade e SURPRESA, generalidade e clareza.

Nos teoremas, há a beleza da ideia pura, da lógica perfeita e da verdade inevitável. Compará-lo à literatura não é diminuir nenhum dos dois, mas sim elevá-los. Ambos são talvez as mais altas expressões da criatividade e do intelecto humano: a literatura explora a condição humana com toda a sua complexidade emocional e ambiguidade, enquanto a matemática explora a arquitetura lógica do universo com precisão e clareza absolutas.

Acho que respondi à Prof. Aurora.

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