A Elena chama o Max de gato-cachorro. Não sei se foram seus dias de infância na rua — ele foi tirado da rua com um mês de vida, segundo a veterinária –, o fato é que o bicho tem lá suas peculiaridades. Adora ficar de barriga pra cima para receber agrados, é muito sociável — talvez em excesso — e, dentre outras coisas, atende quando eu ou a Elena chamamos. Quando chamado, ou ele vem ou mia a fim de que o localizemos. Ah, mais: quando está em casa, fica sempre perto de mim, é minha sombra. É o gato-cachorro.
No seu dia a dia, ele costuma passar as manhãs e as tardes no pátio. Fica em casa à noite e no horário das refeições. Aliás, quando é hora de comer, ele reclama, evitando qualquer atraso nosso.
Mas, ontem à tarde, tivemos uma baita tempestade em Porto Alegre. Quando começou a ventania, estávamos vendo um filme e ele estava no pátio. Torcendo para que não estivesse escalando uma árvore, desci correndo para tirá-lo do pátio. Gritei por seu nome e vi algo extraordinário.
A velocidade que ele conseguiu imprimir no corredor do pátio a fim de voltar para a casa foi algo tão incrível que, quando entrou em casa, ele não conseguiu completar uma curva e foi com tudo contra a parede. É óbvio que tive um ataque de riso antes que ficássemos sem luz, pra variar.
Ao menos ele tem medo de uma coisa, de tempestades.
