Crônica de encerramento do 2º POA Jazz Festival

Crônica de encerramento do 2º POA Jazz Festival

POA Jazz FestivalO 2º POA Jazz Festival teve uma noite de encerramento que aponta tranquilamente para a consolidação do evento em nossa cidade. Afinal, para ver o triplo concerto de Swami Jr., do New York Gypsy All-Stars e de John Surman, lá estavam 1100 pessoas. Isso é gente pacas. E eles não se decepcionaram.

A noite de encerramento começou às 20h de domingo e terminou à 1h30 de segunda-feira. Ainda bem que era feriado.

Tudo começou com o brasileiro Swami Jr. Ele tocou violão solo, mas os melhores momentos foi quando chamou ao palco Alexandre Ribeiro (clarinete e clarone) e Douglas Alonso (percussão). O clarinete de Alexandre Ribeiro tomou conta do palco, engolindo até o protagonista. Mas não pensem mal de Swami. É comum a banda entusiasmar mais do que o artista que fomos ver.

Swami Jr. | Foto: Eduardo Quadros (Divulgação)
Swami Jr. | Foto: Eduardo Quadros (Divulgação)

A mistura de culturas tomou conta do palco com o grupo New York Gypsy All-Stars. Formada nos Estados Unidos com músicos oriundos das principais escolas do país, a banda tem a peculiaridade de possuir como instrumentistas um clarinetista da Macedônia, um baixista grego, um baterista turco e dois norte-americanos de origem judaica. Eles fazem um som do car… dos Bálcãs, melhor dizendo. Com a energia do melhor Goran Bregovic e com o espírito festivo muito particular da região — uma tremenda bagunça com músicos de arrebatador virtuosismo –, os caras fizeram a plateia dançar, bater palmas e vibrar como se estivesse num campo de futebol vendo o seu time vencer o tradicional rival. Jogando bem e bonito. Deixaram uma batata quente para John Surman, que…

The New York Gypsy All-Star | Foto: Eduardo Quadros (Divulgação)
The New York Gypsy All-Star | Foto: Eduardo Quadros (Divulgação)
Essa foto do site de clarinetista Ismail Lumanovski demonstra mais o ambiente do show
Essa foto do site de clarinetista Ismail Lumanovski demonstra mais o ambiente do show

… tirou de letra. Surman é um gigante, literal e metaforicamente. Grande estrela da ECM, onde gravou verdadeiros clássicos do jazz, como Upon Reflexion (solo), Coruscating (com quarteto de cordas) e Brewster’s Rooster (com banda de jazz), este inglês de Tavistock chegou para repor a ordem no festival. Aos 71 anos, entrou sozinho no palco com seu saxofone soprano. Fez um solo sobre uma base pré-gravada por ele mesmo (*). Algo hipnótico que nos tirou do ambiente de festa cigana para voltar ao mundo do melhor jazz — nada contra os ciganos, bem entendido. Começava ali o brilhante encerramento do festival. Surman tocou com os músicos brasileiros Nelson Ayres (piano), Rodolfo Stroeter (baixo) e Ricardo Mosca (bateria), isto é, 3/5 do Pau Brasil.

Entro sozinho e hipnotizo todo mundo | Eduardo Quadros (Divulgação)
Surman poderia ter dito: “Entro sozinho e hipnotizo todo mundo” | Foto: Eduardo Quadros (Divulgação)

O resultado foi absurdamente bom. O Pau Brasil é um supergrupo, Ayres e Stroeter são extraordinários, mas Surman fica um passo acima. A forma como ele ouve os outros músicos, como toma seus solos para si, a sonoridade delicada e profunda de seus sax soprano e do clarone, justificaram plenamente o fato de termos saído de lá em plena madrugada, nesta cidade chuvosa e insegura. O entusiasmo dos músicos que estavam com Surman foi bonito de ver. O baixista Stroeter, por exemplo, parecia querer continuar o show ad infinitum. Por ele, acho que estaríamos até agora lá. Se o estoque de Corujas aguentasse, tudo bem.

Monstros: Surman e Stroeter em ação.
Monstros: Surman e Stroeter em ação | Foto: Francisco Marshall

(*) O clarinetista Augusto Maurer me corrige:

O solo inicial do Surman não foi sobre uma base pré-gravada! Aquilo era um algoritmo que manipulava o que ele tocava EM TEMPO REAL! Como um eco computadorizado, bem sofisticado (alterava oitavas, coisas assim…).

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O Gre-Nal salvo pelo absinto

O Gre-Nal salvo pelo absinto
Aguirre, treina chutes a gol com o Sasha!
Aguirre, faz o Sasha treinar chutes a gol!

O Inter perdeu a grande chance que lhe foi dada pelo árbitro Anderson Daronco. Este distribuiu tantos cartões bobos que foi obrigado a expulsar Geromel quando este fez, finalmente, uma falta merecedora de cartão. Depois o Grêmio recuou, mas o Inter não se fartou de perder gols, perdeu uns aqui e ali, não houve grande pressão. E, pqp, foi uma partida ruim, bem chata de se ver. O Douglas Ceconello matou a questão: Gre-Nal, se não fosses tão feio, não serias eterno”.

O resultado do jogo foi o reflexo exato daquilo que se passou dentro do campo. Não me digam dos gols perdidos pelo Inter. Por exemplo, soltando aquele traque, como fez no segundo tempo, Sasha jamais fará gol em Grohe. Ninguém pode sequer querer reclamar grande injustiça de placar ou arbitragem. Daronco foi ruim para os dois lados. Como tem ocorrido, foi mais um Gre-Nal entre dois times com mais receio de perder do que desejo de ganhar. Houve poucas oportunidades de gol ou jogadas de perigo e, portanto, o marcador foi a consequência lógica desta postura medrosa. O resultado foi ótimo para o Grêmio e há precedentes. Em 2006, exatamente desta forma, o Grêmio foi campeão no Beira-Rio pelo saldo qualificado após um empate em zero no Olímpico.

Os garotos Rodrigo Dourado e Valdívia voltaram a ser os destaques do Inter — Valdívia tem que iniciar os jogos, certo Aguirre? Também recém vindos dos juniores, William, Alisson e Geferson foram bem. A exceção foi Sasha, que decaiu muito. O milionário restante do time foi apenas irregular…

Para piorar, enquanto víamos o jogo, eu e Elena perdíamos de conversar com o Henrique Bente, que fora ver a coisa lá em casa. Minutos depois de sair lá de casa, o Henrique escreveu o que segue em seu perfil do Facebook:

Primeiro Gre-Nal a que assisto depois de desligar-me do Grêmio em função do Caso Aranha.
 
Claro que não vestiria nem a camiseta de um, tampouco a do outro, então em solidariedade aos anfitriões vesti as cores tchecas e ingressei nos domínios do Imperador Vassily, o Magnífico, para torcer pelas fraturas.
 
Assistir a uma partida de futebol tão desgraçada na casa de uma musicista e de um melômano foi interessante, não tanto pelos vinte e dois caboclos que insistiam em desonrar o ludopédio, mas pela experiência de escutar, em vez da voz de boleiros, boa música: César Franck, Franz Schubert e Johann Sebastian Bach fizeram suas contribuições, mas foi a Sinfonia Italiana de Felix Mendelssohn-Bartholdy a que melhor se saiu junto com a coreografia sovaquenta daqueles inimigos da bola.
 
Assistir ao Braian Rodriguez passar lotado pela bola ao som da abertura de Sonho de uma Noite de Verão foi talvez um pouco demais para meu telencéfalo, de modo que meus atentos anfitriões não tardaram a desinfetar meus sentidos com um potente absinto. Depois de dois goles da Fada Verde, tudo melhorou.
 
Espero repetir a experiência com melhor futebol. Por ora, muito obrigado, Milton e Elena!

Tem razão o Henrique, o absinto tornou o final da partida agradável. Os erros de passes tornaram-se lógicos, os rostos duros de ruindade tornaram-se engraçados, o problema é que no Beira-Rio, no próximo domingo, ninguém vai deixar eu levar a garrafa milagrosa.

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