Nesta quinta-feira, morreu aquele que era considerado maior artista plástico da Argentina, León Ferrari, cuja obra de crítica à Igreja irritou o papa Francisco, quando Jorge Mario Bergoglio ainda era cardeal. Ferrari faleceu aos 92 anos.
Ferrari precisou se exilar no Brasil por ser perseguido pela ditadura argentina (1976-1983), que sequestrou seu filho Ariel, um dos milhares de desaparecidos. Tão provocador e polêmico quanto reconhecido por seu talento nas artes, Ferrari foi o fundador do clube antirreligioso dos ímpios, hereges, apóstatas, blasfemos, ateus, pagãos, agnósticos e infiéis.
Uma exposição que apresentava uma retrospectiva da obra de Ferrari, em 2004, no Centro Cultural Recoleta (CCC), o mais importante da capital da Argentina, provocou uma forte reação de setores católicos e uma carta pastoral em que o atual papa se posicionou contra o teor das obras.
“Hoje me dirijo a vocês bastante magoado pela blasfêmia promovida no CCC nesta exposição de artes plásticas, evento realizado por um Centro Cultural que é financiado com dinheiro de cristãos e pessoas de boa vontade, através dos seus impostos”, escreveu o então cardeal de Buenos Aires.