O amigo Ubiratan Leal escreveu em seu perfil do Facebook:
A única coisa que me incomodou na polêmica do Jamie Oliver é que as pessoas se doeram todas por causa de brigadeiro. Convenhamos, brigadeiro é superestimado. Eu entenderia uma revolta popular pela crítica do cara ao quindim. Aí é comprar briga!
Poucas vezes li palavras de mais meridiano bom senso. Quando Jamie Oliver fala mal do sublime quindim, ele faz com que eu lembre automaticamente do English Breakfast, verdadeira nojeira, festa da gordura e do mau gosto com a qual os ingleses se refestelam toda manhã. Vou poupá-los até das fotos da iguaria britânica, mas jamais deixaria de colocar uma foto de quindins. Afinal, além de lindos, são gostosos.
OK, quando ele fala mal do brigadeiro. Eu até o compreendo. Mas criticar o quindim é como dizer que Machado de Assis era mau escritor, que Tom Jobim era desafinado e que Cândido Portinari era um pintor de rodapés, tudo junto somado. Ou seja, é atacar o pouco que temos de indiscutível.
O quindim é o príncipe dos nossos doces. Mordê-lo é segunda forma mais perfeita de lambuzar os bigodes. Poucas coisas são mais sensuais do que observar o belo espelho amarelo para depois deixar que nossos dentes penetrem lenta e empoderadamente na essência adocicada feita de ovos, até encontrar o bendito coco da base, que diminui a doçura e justifica nossa existência neste mundo.
Assim como o anão escritor que vos escreve, o poeta Mario Quintana (1906-1994) era um grande admirador do quindim. Ele o consumia ritualmente com um café sem açúcar. O nome quindim é de origem africana e significa dengo ou encanto. Tem como ingredientes gema de ovo, açúcar e coco ralado. A receita que utiliza o coco ralado é originária do nordeste brasileiro, diferente da receita portuguesa.
Jamie Oliver, com todo o respeito, vá emagrecer no raio que o parta.