O estranho é a falta de inteligência do pessoal do PSDB. Então, após 8 anos de adminstração do estado de São Paulo — leia-se José Serra — , o presidente da TV Cultura João Sayad vem à público e, numa nota oficial que é uma confissão de incompetência, avisa que a Cultura é altamente deficitária — sempre foi, não? — e que vai demitir 1400 funcionarios para ficar com 400, número que considera “mais do que suficiente”. Juro que não entendo esta atitude ao apagar das luzes, principalmente se considerarmos que a lei, por causa das eleições de outubro, o impede de demitir antes dezembro.
Além da ineficiência, há o grave problema de ordem social, pois são 1400 funcionários que serão colocados no olho da rua. Eu também admito que, provavelmente, 1800 seja um número alto de profissionais, mas pensemos: Sayad, em sua nota, fala em “perda de audiência e qualidade”. Meu caro Sayad, aí tem segunda e terceira intenção. Em primeiro lugar, a TV Cultura nunca competiu com as TVs comerciais, em segundo lugar, se a Cultura é hoje uma porcaria — e é — é por culpa do abandono de projetos que, um dia já foram muito bem-sucedidos. Não preciso dizer que meus filhos adoravam o Castelo Rá-tim-bum e o notável e educativo O Mundo de Beakman.
Meu caro (e ineficiente) Sayad, com 1800 funcionários, com estúdios, alguma inteligência e pouco dinheiro, qualquer um monta dezenas de programas como o americano Beakman, algo baratíssimo que divulga ciência às crianças de forma divertida. Mais: com boa negociação, um dos seus 1800 funcionários poderia fechar contrato com a OSESP (também estatal) a fim de registrar, divulgar e até vender DVDs de concertos. Com outro grupo, o Sr. poderia refazer o Cartão Verde dos domingos, não?
Se houvesse um mínimo de boa vontade, o Sr. proporia o que propõe em sua nota …
uma “revitalização dos programas admirados, a modernização dos processos administrativos, bem como dos equipamentos, e contando com os talentos que a emissora possui e com a contratação de novos apresentadores e jornalistas.”
… ANTES das demissões e não depois.
Há toda uma cultura de descarte em nossa sociedade, mormente nas pessoas de direita. Eles não veem que reconstruir coisas pode ser ecológico para a alma e para os seres humanos. E… Nossa, Sr. João Sayad, o Sr. detesta o Serra, hein? Eu também! Que fanfarronice!