Sem dúvida, a melhor escolha. Os outros quatro da lista final eram Carlos Urbim, Jane Tutikian, José Clemente Pozenato e Juremir Machado da Silva. Num estado que se ufana de ter muitos autores, mesmo que a esmagadora maioria nunca devesse ter escrito uma linha e nem tenha a compreensão interna dos motivos que os levam a nos torturar com seus escritos, Kiefer é uma cara de trinta livros de vários gêneros, que escreve muito bem e que tem uma oficina de literatura onde se empenha-se e incentiva a formação de novos autores.
Enfim, voltamos a ter um escritor de ampla cultura como patrono. (Já tivemos outro assim? Não lembro, mas espero que sim!) Além de sua produção literária, Charles Kiefer é um sujeito que pode sair por aí falando sobre Shostakovich e Tchékhov, Raymond Carver e Guimarães Rosa, sempre com fluência, amor pelas coisas e vontade que as pessoas se juntem a ele. Uma pessoa rara e uma escolha mais ainda, pois ele — um cara de esquerda e dono de humor bastante ácido — não me parece ser dado à compra de simpatias representativas de canais competentes. Uma boa surpresa.