O Cravo de Pedal (Pedal Cembalo) na Alemanha Barroca

O Cravo de Pedal (Pedal Cembalo) na Alemanha Barroca

O cravo de pedal é descrito em várias fontes do século XVIII, mas nenhum instrumento original sobreviveu. Ele provavelmente foi concebido como um instrumento de prática para organistas, especialmente útil no inverno, quando as igrejas estavam muito frias e os organistas desejavam praticar em casa. Alguns organistas tinham clavicórdios de pedal, e um ou dois destes ainda existem em coleções de museus.

Por exemplo, acredita-se que a Passacaglia BWV 582 de Bach tenha sido escrita para “Cembalo ossia Organo” (“cravo ou órgão”), mas na verdade nenhum manuscrito sobrevivente contém essas palavras. No entanto, há algumas evidências de que Bach possuía um cravo de pedal e assim é concebível que ele possa ter escrito esta peça com o cravo de pedal em mente. De qualquer forma, as texturas transparentes da peça, que é um conjunto de variações seguidas de uma fuga, se prestam bem ao cravo pedal. O manuscrito de Passacaglia e Fuga de Bach, que segundo Albert Schweizer desapareceu em meados de 1800, aparentemente tinha como título Cembalo e pedale, indicando claramente o desempenho no pedal-cravo. Jakob Adlung, em Musica Mechanica Organoedi (1768), descreve clavicórdios e cravos com pedais separados como uma pedaleira de órgão. Bach possuía três destes, e de acordo com Forkel, Bach “gostava de improvisar em um cravo de dois manuais com pedal”.

Pois é, a Alemanha é muito fria no inverno. Para piorar, a prática do órgão nas igrejas era difícil — algum colaborador disposto tinha que ser encontrado e pago para bombear o órgão. Mas sabem?, vários organistas atuais confirmaram que a prática no pedal-cravo é infinitamente mais exigente em termos de exatidão e precisão do que no órgão. Bach escreveu suas Six Trio Sonatas para melhorar a técnica de pedal de seu filho Wilhelm Friedemann. Será que na casa dos Bach ela eram tocadas num cravo de pedal?

Sólido e sonoro

Ao contrário dos cravos flamengos e franceses, o cravo barroco alemão era um instrumento mais pesado, de construção mais sólida e com sonoridade mais profunda. O coral de órgão e a música de órgão em geral desempenharam um papel importante na vida religiosa alemã e, em termos de sonoridade, o cravo barroco alemão quase poderia ser considerado um órgão doméstico. De fato, Gottfried Silbermann, famoso construtor de órgãos saxão, amigo e contemporâneo de Bach, também construiu cravos em suas oficinas de Freiberg.

Pesquisas musicológicas recentes mostraram que Bach exigia explicitamente cravos “com fundamento” — ou seja, com uma boa base de baixo. Também estava familiarizado com os instrumentos dos principais construtores de cravo de seu tempo, incluindo o construtor de Hamburgo Hieronymus Albrecht Hass (1689 – 1752), da proeminente família do norte da Alemanha de fabricantes de instrumentos de teclado de cordas.

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Do Caderno de Anna Magdalena Bach: Bist du bei mir

Paira alguma dúvida sobre quem seria o autor desta ária. O famoso Caderno de Anna Magdalena Bach são dois, um de 1722 e outro de 1725. Os dois são presentes que Bach, seus filhos e alunos deram à segunda esposa de Johann Sebastian. Ela era uma cantora e musicista bastante talentosa e a intenção era a de que ela o utilizasse em casa, para divertir a si e à família. Em ambos, cada um deles escreveu alguma música simples, delicada e curta. Apesar da vontade que todos têm de dar sua autoria ao marido, parece que a apaixonada e severamente definitiva Bist du bei mir, do Caderno de 1725, é obra de um jovem aluno de Bach, um certo Gottfried Heinrich Stölzel. A interpretação é de Klaus Mertens, barítono, e Ton Koopman, órgão.

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