Quero ser interessante

Este é o melhor título que encontrei para a apresentação de hoje à noite da Orquesta Típica Fernández Fierro. É um grupo trovejante. O ritmo e a formação são para o tango, mas são cheios de riffs mais ou menos copiados de Stravinsky e Bartók, acrescidos de algumas citações de Piazzolla. O cantor é engraçadinho e, coitado, não canta nada. Tudo isso ao custo de R$ 40,00. A única coisa boa é que o show é curto, durando apenas uns 50 minutos. Aproximadamente R$ 1,00 por minuto de tortura.

A postura é a do rock n`roll, com muita gente séria, cabeluda e de óculos escuros. Muita pose já vista: um cantor de costas para a plateia, alguns rostos expressando sofrimento nos agressivos “corais de bandoneóns” e outros um ar descompromissado. A sonoridade, normalmente agradável nos grupos com esta formação, é toldada por alguma desafinação e bagunça.

Para ser interessante, há que fazer mais do que crivar a própria música de grifes. Olha, pode-se apenas tocar bem e a gente já fica feliz, mas não era o caso. No caso da OTFF, os caras escrevem péssima música e ainda erram. Difícil achar algo para elogiar.

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