Dia 10: chuva, frio de zero grau e ainda mais chuva em Londres

De modo nenhum reclamo do frio. Isso é para os fracos, como diz o Igor Natusch. Mas ir a Camden Town, que é uma feira ao ar livre, sob a maior chuvarada, é complicado. A sedução estava toda lá. Todos os sotaques, todas as gentes, todos os estilos, toda a gastronomia, todos os produtos, tudo estava lá. Mas havia a maldita chuva. Nossos casacos são impermeáveis, porém, a partir do meio da coxa, a água já pega, o sapato fica ensopado e a gente passa a achar a vida muito difícil e doída. Mesmo assim, demonstramos nossa bravura gaúcha ficando lá das 10 às 14h, almoçamos em pé num cantinho, vimos um monte de coisas e fugimos. Em minha pequena experiência na cidade, o tempo está nublado na maioria dos dias e cai uma garoa. Hoje não, hoje era chuva forte sem parar.

Nossa ideia era a de ir a um lugar quente, seco — como os Museus daqui costumam ser — e talvez mais vazio. Então, nos dirigimos para a Royal Academy of Arts, onde há uma exposição de Manet — a única exposição que admitiria pagar. Explico: os Museus de Londres são todos de graça. Só que o londrino não fica em casa, é um povo culto cujas exposições de arte são anunciadas no metrô e que vai de verdade a elas. A fila era enorme, tivemos que ficar meia hora da fila de entrada, mas, lá dentro, qualquer muxoxo teve que ser silenciado. O que nós vimos foi quase uma integral do mestre francês. Foi espetacular. Sempre fui um admirador do realismo de Manet e minha admiração só aumenta com os anos. A Bárbara também gostou muito. Achei legal também a educação inglesa na frente dos quadros. Havia muita gente para ver cada quadro e todos cuidavam para não cortar a visão dos estavam parados olhando e só se avançava quando a pessoa da frente se retirava. Ah, demora muito? Sim, porém é a melhor maneira de agir. Com respeito.

Se elogiei bastante os ingleses, tenho também coisas a reclamar. Pelo segundo domingo consecutivo, eles interrompem linhas e fazem a gente dar voltas e mais voltas para pegar os trens, algumas na rua. Não esqueçam que estava zero grau e chovia à cântaros — para usar uma expressão invulgar… Se fosse em Porto Alegre, todos reclamariam que, justo no dia livre da população, tudo para…

A previsão indica que a chuva só cessa terça-feira. Então, programamos para amanhã o British Museum e um encontro com amigos que moram aqui.

Foi um dia tão difícil que só tirei três fotinhos.

Um local de Camden Town: as pessoas comem sentados em Vespas. À frente delas há uma mesa. Vejam as umbrellas. Os ingleses só as usam quando precisa MESMO. Hoje precisava muito.
Sob chuva torrencial, a estátua da Praça de Piccadilly Circus: Piccadilly Circus é a famosa praça de Londres, onde se cruzam a Regent Street, a Shaftesbury Avenue, a Piccadilly (a rua que liga Piccadilly Circus a Hyde Park) e a Haymarket. É uma das zonas mais movimentadas da capital. Bonita praça.
E, agora à noite, um — na verdade dois — Fish and Chips libertadores, acompanhados de Guiness.

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