Mesmo para uma pizzaria popular como a Domino’s, a postura da mulher era por demais à vontade. Sentada, com as costas encostadas na parede e com os pés descalços sobre outra cadeira, ela parecia estar em casa.
Estava com, supostamente, seu companheiro e eu sentei bem na frente dela, em outra mesa. Ele falou primeiro.
— Até que horas a gente vai ficar aqui?
Ela respondeu:
— Até eles fecharem à meia-noite.
Eram 20h15. Eu olhei para ela, que passou a falar comigo:
— É que estamos sem luz em casa, então é melhor ficar beliscando uma pizza e bebendo cerveja — riu. — Aqui pelo menos tem luz e ar condicionado.
Este é um retrato de Porto Alegre pós-temporal.