Publicado em 28 de julho de 2003
Meu blog completou dois meses de vida. Descobri os blogs no dia em que criei o meu. Fiquei encantado. A partir deste dia, sempre repeti para mim mesmo que não deveria desenvolver nenhuma ansiedade para angariar mais leitores e que me limitaria aos assuntos que me interessavam. Mudar os temas ou torná-los mais fáceis só me afastaria “da minha turma”. Esperava que os possíveis leitores fossem chegando naturalmente e que, se não chegassem, pelo menos o blog se tornaria um sucedâneo de todos os arquivos “.doc” que escrevia e que deixava no computador, com a vantagem de ter um provedor para fazer os back-ups por mim. Neste sentido, neguei-me a colocar o ansiogênico contador de visitas. Mas esta fingida serenidade só foi possível até reconhecer minha turma. Quando li outros blogueiros afins, passei a buscar maior proximidade deles. Queria ser amigo daquelas pessoas. O valor do que hoje obtenho em sugestões, idéias ou em afeto é algo que não posso mensurar. Já estou ficando mal acostumado com tanta atenção de parte de pessoas queridas, especiais, inteligentes e que não conheceria sem o blog, pois dois moram no Rio, outros dois em São Paulo, outro em Goiás, etc.
Depois de alguns dias, disponibilizei aos leitores não apenas meu e-mail como também a possibilidade de fazerem comentários. Tal como a Andréa Augusto – do visitável e altamente desfrutável blog Literatus – gosto que me corrijam e adoro as cordiais discordâncias que nascem de bons temas.
Por exemplo, fiz uma pequena viagem de fim de semana e, quando voltei, fui olhar se havia comentários no blog ou no e-mail. Havia boas surpresas no post “Um Kafka Amigo”. Seis pessoas conhecidas e desconhecidas, blogueiros e não blogueiros, chegaram e escreveram mensagens simpáticas, agradáveis e demonstrativas de que o post fora lido com atenção. Outras quatro preferiram me contatar pelo e-mail com mensagens de mesmo teor. Isto deixa qualquer um feliz.
Porém hoje, ao meio-dia, vi uma parte do reverso. Entrei casualmente em alguns blogs que receberam comentários muito agressivos, injustos ou difamatórios. Invariavelmente, estes comentários eram anônimos e quase sempre o autor do blog partia para o bate-boca em termos semelhantes aos utilizados pelo agressor. É um erro, não se combate a barbárie com mais barbárie, não se deve chegar a um nível rasante só porque fomos agredidos de forma baixa. Por sorte, ainda não fui vítima deles. Recebi somente um comentário transtornado pelo ódio, mas era tão disparatado que acabei por rir apenas. Para completar este cenário parcial, recebi à tarde a notícia de que o excelente blog Perto do Coração Selvagem havia retornado à ativa, mas sem o espaço para comentários. Explico: no dia 17 de junho o Perto havia anunciado seu fim. Motivo: ataques pessoais.
Creio que uma ofensa costuma dizer mais sobre o ofensor do que sobre o ofendido e acho que, jogando ao lado e para nossa torcida, dentro do nosso estádio, a Máfia do Bem (expressão do Zadig) acaba vencendo. Os sapos que tivermos que engolir, faz parte…. “Faz parte” uma merda! Não somos o Bam-bam! Com toda a nossa exatidão verbal, diremos que engolir sapos “é inerente” à condição que escolhemos.