Eu estou no andar de cima, depois da placa do Jornal do Comércio. Cheguei em casa às 2h45.
Em 27 meses, ganhamos todos os títulos internacionais possíveis: Libertadores, Mundial, Recopa e Sul-Americana. Temos todos os campeonatos do calendário atual brasileiro e do continente: Estadual, Copa do Brasil, Brasileiro e os já citados. Nas últimas 12 decisões, vencemos 11.
E ontem, pressentindo Nilmar, publiquei este texto no Impedimento:
Ah, antes porém, publico cópia do e-mail de Luis Felipe dos Santos, colaborador do Impedimento:
Caro Joseph Blatter,
Solicitamos por meio deste autorização para disputar outros torneios continentais, na Europa, América do Norte, África e Ásia. Como nos consagramos campeões de tudo que existe, ficou muito complicado estabelecer prioridades de agora em diante. Estamos em busca de novos horizontes, portanto, achamos que você poderia nos fazer essa cortesia.
Com carinho,
S.C.I
P.S.: não temos planos de ganhar a segunda divisão, favor não insistir.
Colorados em chamas…
Horror a intermediários
No dia 7 de novembro de 2001, saí da Feira do Livro e fui direto para o Beira-Rio. Jogavam Inter x São Paulo. Pelo Inter, entravam em campo João Gabriel; Barão, Gilmar Lima, Fábio Luciano e Wederson; Leandro Guerreiro, Carlinhos, Silvinho e Jackson; Daniel Carvalho e Luís Cláudio. Pelo São Paulo vinham Rogério Ceni; Reginaldo Araújo, Émerson, Júlio Santos e Gustavo Nery; Maldonado, Fábio Simplício, Kaká e Júlio Baptista; Luís Fabiano e França. E eu estava confiante.
Começa o jogo e o Inter, cheio de entusiasmo, parte para cima do São Paulo. Dava pena de ver. Era um banho de bola. Aí Kaká puxou um contra-ataque e cruzou para França fazer 1 x 0. Um detalhe, claro, ainda mais que no minuto seguinte Silvinho empatava o jogo e nós, os trouxas que assistíamos a partida, nos preparávamos para ver a virada. Empilhávamos chances de gol, nossos gols estavam maduros, podres até, vários deles. O primeiro tempo terminou empatado. 1 x 1.
Começou o segundo tempo e Luís Fabiano cruzou para França desempatar. Uma sacanagem, jogávamos muito melhor. Continuamos perdendo gols quando Gustavo Nery cruzou para Luís Fabiano fazer o terceiro. Mas reagimos e parecia que parte da injustiça seria sanada porque nossa pressão era irresistível. Sim, chegaríamos ao empate. Só que Gustavo Nery mandou uma bomba de longe e ficou 4 x 1. Meu deus, que bosta, que injustiça.
No dia 30 de junho de 2002, entravam em campo Brasil e Alemanha. O Brasil trazia Marcos; Lúcio, Edmílson e Roque Júnior; Cafu, Gilberto Silva, Kléberson, Ronaldinho Gaúcho e Roberto Carlos; Rivaldo e Ronaldo. A Alemanha vinha com Kahn, Linke, Ramelow, Metzelder e Frings; Hamann, Jeremies, Schneider e Bode; Neuville e Klose. Eu estava em Bento Gonçalves, curiosamente com um grupo de alemães. O jogo foi igual: o que a gente fazia aqui, eles faziam lá. Era uma partida perigosíssima, mas vocês lembram muito bem como terminou. Rivaldo, Ronaldo e Kahn fizeram a toda a diferença e os alemães discutiam entre si, dizendo que seu time igual ao nosso, só que…
É por isso que gosto dos jogadores decisivos. Você pode empilhar dez Luís Cláudios no seu time que eles não farão um Luís Fabiano. Pior, o São Paulo poderia enfiar 18 Maldonados em seu meio campo que eles não chegariam à eficiência de um França. Exagero? Claro que sim, os gregos criaram a figura da hipérbole para intensificar um fato até o inconcebível e os lógicos adoram hipérboles. Por isso, digo que 23 Rivarolas não fazem um Jardel, 34 Ramelows não criam fenômeno nenhum, 52 Edmílsons não superam um Rivaldo e 61 Baideks não fariam o que um Renato fez em Tóquio.
É por isso que gosto dos jogadores decisivos. Hoje à noite, podem estar em campo 43 Edinhos, mas os importantes serão Alex, Nilmar e Lauro, nossos caras terminais. Os goleadores, com frieza de toureiro e sangue frio de assassino esquizofrênico, são sempre os mais valiosos jogadores em campo. É por saber o momento do tiro ou por aproveitarem a passagem burra do touro descontrolado a sua frente, que vimos Romário jogar e fazer gols até os 67 anos, que vemos Túlio goleador aos 84 anos e é por isso que são tolos aqueles que criticam Alex quando ele trota em campo. Alex não jogou nada na Bombonera? Ora, não me façam rir. Na hora do cruzamento de D`Alessandro, ele estava lá fazendo o que poucos sabem fazer.
E é por isso que gosto também de grandes goleiros. O cara que fica ali não pode falhar, ainda mais num jogo decisivo. O mundo não lembrará de Kahn pelos 112 campeonatos alemães que levantou, mas nunca esquecerá que, quando Rivaldo chutou aquela bola, ele a soltou e ficou nadando no ar enquanto o matador Ronaldo Fenômeno chutava a bola para as redes com a certeza do toureiro matador que sabe que ou é o touro ou é ele mesmo (então, que seja ele!). O são-paulino mais fanático sempre lembrará de Ceni no Japão, mas nunca esquecerá que ele facilitou as coisas para Fabiano Eller naquele segundo de auto-suficiência. O colorado mais fanático sabe de seus títulos, porém sempre lembrará de Clemer como um goleiro nervoso e hesitante, sabendo que só um doido varrido esquizo alucinado e viciado terá a coragem e calma de pegar um escanteio batido por Nelinho com uma mão só, pois a outra tinha, naquele dia, escondidos sob a luva, seus dedos retorcidos novamente quebrados.
Num time campeão, até o roupeiro vence, mas só alguns são decisivos. Decisiva para a vida da batata é a mão que a planta e os dentes de quem a come. O resto são contingências. Decisivo na vida da galinha é quem a choca e minha avó que, caminhando e sem deixar de conversar comigo, pegava o bicho e, para meu horror, torcia docemente o pescoço de nosso almoço. O resto é milho, cacarejos e carregadores de pianos.
Por Milton Ribeiro.
Milton, nasci em Manaus, igual a outro Milton, o Hatoum. Saí de lá na adolescência e sem torcer por nenhum time de futebol local. Isso deve ter acarretado a perda de um parafuso, porque acabei desenvolvendo paixões por mais de um clube. Em 81, eu torcia por Zico e cia. Em 86, eram Muller e Careca que me encantavam no tricolor paulista. Estas são as mais duradouras – transmitidas sem piedade a um dos filhos (O mais velho era menino quando o palmeiras/parmalat faturava quase tudo, e não pude fazer muita coisa).
Quando morei em Belém do Pará, cheguei a me identificar com o Paysandú (vencemos o Boca pela Libertadores en la Bombonera – e tomamos um vareio na volta). Os títulos iam e vinham, mas o que me fascinava mesmo era o futebol bem jogado e vibrante. E, anátema dos anátemas, cheguei a torcer pelo Vasco de Juninho na Libertadores/98 (mas na final interclubes sequei o time. aí já era demais).
Já me peguei torcendo pelo barça de ronaldinho e eto’o, pelo milan de kaká, pelo chelsea de lampard e por qualquer clube onde estivesse o zidane.
Toda essa conversa de cerca-lourenço é pra dizer que venho torcendo pelo Inter. embora com mais entusiasmo do que a fidelidade ao fla e ao são-paulo me permitem. e não é porque estou mais próximo morando em curitiba, não. é por causa dessa coloradíssima trindade alex-d’alessandro-nilmar. ô meninada pra jogar bola, sô!
Olá, MR.
Parabéns, meu caro.
Só fiquei imaginando a alegria se esse mesmo uniforme tivesse o condão de trasmutar em títulos aqui pelo Centro-Oeste (fora a Série B, biensûr!).
Nos pampas, tenho hoje visão mais tranquila como gremista: não é impossível admitir que o adversário está em excelente fase…
Abraço fraterno,
BetoQ.
Em tempo (depois do comentário sobre o filme baseado em livro de Philip Roth): fiquei ontem, aqui no Rio de Janeiro mesmo, vendo, pela tevê, o jogo do Inter. Foi um tanto irritante. A cautela toda no primeiro tempo esborroou-se toda na falha coletiva no gol do Estudiantes no segundo tempo. Fico injuriado com essa babaquice de “jogar com o regulamento na mão” e perder “com o regulamento na mão”! O Inter quase nada fez no ataque durante o 1º tempo, e também pouco fez no segundo. O Andrezinho saiu para entrar o Gustavo Nery, uma tolice só remediada pela participação deste último no gol do título, mas isso é só obra do acaso, pois Gustavo poderia ter sido também responsável pela derrota: entrou mal e continuou pior. Meus nervos ficaram em pandarecos, imagine só, eu que nem torço pelo Inter… Quantos colorados morreram durante o jogo?
esquecem sempre do Guiñazu, o grande. Fez falta ontem e quase perdem o torneio.
Fico feliz pela vitória, principalmente pela vitória lá na argentina e mais ainda por ser são paulino.
Diga lá: vcs vão participar da libertadores o ano que vem?
abç
Joêzer, já eu tenho uma atração fatal pelo vermelho. Torço pelo Inter, Benfica e Roma, além de ter simpatia pelo Manchester. Pena que o trio Alex, D`Ale e Nilmar vá ser desfeito por uma ou mais vendas… lamentável.
Beto, obrigado, Adoraria ver o Vila jogando a Série A e fico contrariado por terem subido clubes paulistas que não representam comunidades e sim empresários. Além disso, vcs têm o grande Túlio, de quem sou fã.
Abraço.
Marcos, quase fui um dos que morreram. Concordo contigo sobre Andrezinho. Dizem que estava cansado… Achei que jogamos mal mesmo. Se pudéssemos, atacaríamos. É minha opinião. Fomos bem marcados e, na prorrogação, os argentinos cansaram. Sorte nossa. Abraço.
Gugala, obrigado. Não, acho que não participamos. Aquilo foi papo para forçar a barra.
Parabéns Milton, mas nao entendi até agora porque o Tite tirou o Alex…
E tu queres que eu explique, Serbão? Posso apenas supor: ele queria maior movimentação e movimentação = Taison. OK, só que tirar um jogador decisivo como Alex, gol certo se a decisão fosse para os pênaltis?
Eu teria colocado Taison no lugar de Andrezinho, quando este cansou, mas Tite deve ter feito um par ou impar entre Alex e D`Alessandro.
Milton, toda vez que as câmeras mostravam detalhes das arquibancadas, eu via mil Miltons, mil tons de vermelho, claro. Só de saber que você estava ali, sofrendo… tb sofri, sem ser colorado, mas como bom qatleticano. Aguardei o gol do Nilmar e comemorei com meu filho Ângelo. Parece que o sofrimento aumenta a carga da comemoração. Parabéns!
Milton, outra vez, independente das minhas preferências clubísticas, venho lhe parabenizar pelo novo título do colorado gaúcho. Merecido.
Só me diga uma coisa: não está na hora de vocês colorados que não aturam o Tite pensarem um pouco melhor? O cara pode até não ser lá essas coisas, mas que trouxe bom astral trouxe hein!? Não dá pra negar, tchê!
Parabéns pela vitória de ontem, meu caro. Um belo título, uma bela campanha. Parabéns, mais uma vez. E um abraço.
Obrigado!
Bota “Internacional’ nesse time, né?
É post de futebol, mas que post bonito! E que fotos!
abraços internacionais (não disse vermelhos pq tu não saberias apreciar!)
Flávia
Li a tua resenha sobre o livro da Carol Bensimon e gostei muito. comentei lá. vou voltar para ler mais do que dizes e seguir acompanhando os teus olhares por aí. 🙂 bjo, bjo.
Cláudio Costa disse: “Parece que o sofrimento aumenta a carga da comemoração”. Escuta, tu és psiquiatra ou não????? Tem que ter certeza!!!!
Ery, a gente detesta o Tite. Faz parte do nosso show e fim! :¬)))
Obrigado, Moacy!
Flávia, gostaste da barriga tanquinho do Nilmar… Entendi tudo!
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Nem sei que é o nilmar! mas com essas referências vou tratar de descobrir…
bj, f
Ah entendi! é o carinha da foto!
Ah, não! tá fraco…
Eu gostei da primeira – lindo aquilo das luzes e do vermelho – e gostei da emoção da segunda – a explosão de alegria e o beijo na camiseta. Bonito de ver!
Milton, entendo. É exatamente como me sinto com relação ao Dunga e alguns outros por aí.
Milton, logo tu, cara culto, respeitavel, não tem vergonha de comemorar o título dessa Taça Genérica da Libertadores?
Torneio xinfrim em que só o Interzinho jogou com time titular. Taça que que já foi Comembol ou Mercosul, ou algo assim, e os times nem deram bola?
Que lástima… até mesmo para os arbívoras… 🙂
tsc, tsc, tsc…