Neste momento, finjo escrever um post. Sob a janela do Windows em que lhes escrevo, há uma tese de uma amiga — de PHD, rapaz, te mete! — que faço de conta corrigir. Ela escreve muito bem, não há correções a fazer, trata-se de um pretexto intelectual para longos telefonemas nos quais nada é alterado; em outra janela há um extrato bancário meio apavorante; noutra há um trabalho que devo finalizar a fim de tornar melhor a janela citada anteriormente e há também o Outlook Express com várias mensagens a responder. Vida fácil. Ao fundo, o iTunes joga para meus ouvidos o Réquiem de Verdi.
Fora do micro, outras janelas me acenam. Meu filho Bernardo vai viajar para a Itália e talvez precise de algo, aliás, estou com um dinheiro para ele e a própria passagem… Bárbara, minha parece estar com deficit qualitativo de atenção de minha parte, coisa de que muito tratei no fim de semana. E lembrei que estou sem talões de cheques, pois enfiei-os em algum lugar da casa e tenho que dar uns pré-datados para umas compras aí.
Então, estou aqui fingindo que escrevo seriamente para meus 7 leitores. Esta é uma forma de “mau” amor. Nesta forma recém-inventada – não tem um minuto de vida! -, queremos manter o amor como se ele pudesse ser uma secreção que pinga feito um bálsamo. Dou uma pingadinha aqui, outra ali. A sobrecarga de trabalho nos torna quase indiferentes, mas desejamos receber e dar o bálsamo. Só que minha paranoia (ou razão) me diz que, se não produzirmos vez por outra grandes espasmos de paixão, o conta-gotas começará a pingar com menos freqüência. Um belo dia, ficaremos sem. Não adianta, meus amigos, é preciso forçar bons espasmos em qualquer gênero de relação, seja auxiliando uma amiga, seja na atenção aos filhos ou na de nossas amadas. (Enquanto escrevia a imagem acima, pensei naquela parte do corpo masculino que sometimes pinga… Sei que posso ser lido por psicanalistas e eles dirão imediatamente que o Milton pensa que seu pênis é um conta-gotas do qual pinga a panaceia. Mais: dirão que espasmo rima com orgasmo. Quase apaguei todo este parágrafo, mas não tenho tempo para fazer isto hoje. Desculpem-me, tudo será aproveitado!)
Depois do “clímax” do parágrafo anterior será difícil manter o, digamos, nível. A Claudia, à traição, às minhas costas, diz que todo o homem fica meio abobado depois do clímax; deve ser por isto que não consigo escrever mais.
Extrato bancário problemático, ao som do dies irae de Verdi, e com pensamentos freudianos? Penso que agora é a sua vez de procurar um analista!
Acho que sim.
Vai trabalhar que estas loucuras desaparecem. ahahaha
Brincadeira. Tire férias pra sempre.
E cuidado só com o pingapus.
abraços
“Tire férias para sempre”, esta é a ordem dos sonhos, a que eu espero receber.
Toma um benzetacil para esse troço pingando aí. E fala para a Cláudia sair de suas costas, que na sua idade você não tem mais saúde para essas posições esdrúxulas.
No mais continue assim, espasmodicamente bacana.
abração, camarada.
Obrigado, Sérgio.
Foi bom pra voce, querido?
Olha, foi legal.
E tome metalinguagem, Milton.
Rapaz, quem há de fugir disso? Lendo aquele livro maluco da Linda Hutcheon, “Poética do Pós-Modernismo”, deu pra sacar que ninguém fugirá, mesmo que queira, do questionamento sobre o ato de escrever. Dançamos.
Comentaste este livro? Interessante. Vou procurar saber dele por aí.
Amigão, seguindo aos mais reverenciados conselhos ouvidos em nossa juventude, cuide bem dessa “pingadeira”. Enquanto perdurar não beba nem coma carne de porco. E depois do tratamento volte ao médico e peça umas “vitaminas”.
Anotado!