Da vida besta

Compartilhe este texto:

Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar… as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.

CIDADEZINHA QUALQUER – Carlos Drummond de Andrade

Acho que enganei vocês. O post de ontem à tarde tinha fotos mais antigas, de outro fim de semana passado em Itapema/SC. Como vocês perguntaram sobre o hotel fazenda onde eu estava e que presumivelmente teria uma praia próxima, vou explicar como não é nada disso.

Nós — eu, minha mulher, minha filha Bárbara, meu sobrinho e meus sogros — estávamos no Hotel Fazenda Olho d`Água em Camaquã, longe do mar. O lugar é lindo, a comida é esplêndida, mas se os avós estavam lá para descansar e eu para ler e ouvir música tranquilamente, os outros queriam andar a cavalo pelos campos por horas e horas. Só que o sistema da fazenda exigia que o monitor acompanhasse os cavaleiros, que os cavalos fizessem as mesmas trilhas e tudo se tornou muito chato. Quem conhece um pouco de cavalos sabem que eles decoram os caminhos e então nem precisam ser dirigidos. É chato mesmo. A gente sobe no animal, ele identifica a programação do turno e cumpre apressadamente o circuito, louco que está para voltar à sua vida besta. No ano passado, fomos a um outro local em que as cavalgadas eram livres… Tinham prometido que o mesmo ocorreria na Olho d`Água, mas…

Mas meu sogro resolveu cair da cama de cara no chão. Chegou para tomar o café da manhã cheio de esparadrapos. Parecia um palestino vítima de estilhaços de uma bomba. Não obstante, sorria, sabedor do cessar-fogo. Estava confiante de que se equibraria sobre a cama nas noites seguintes. Parece que foi bem sucedido, mas…

Mas a comida me fez engordar. Estava fazendo um enorme esforço para diminuir minha capa de gordura. Em três semanas, tinha baixado de 80,5 Kg para 76,3. Uma odisséia esse negócio de tornar-se uma picanha menos apetitosa. Pois quatro dias de vida besta e extraordinária gastronomia foram deletérios, muito. Dona Valdirene, a cozinheira da fazenda, calibrou meus pneus em 78,8 Kg. Dois quilos e meio ganhos em honra dela.

Voltei para trabalhar, mas eles acabarão voltando antes. Hipoequinemia severa, sacam? são uns doidos.

Confiram abaixo a beleza da fazenda:


Na falta de cavalos, joga-se o ódio nas pobres bicicletas…


Não é uma grande obra, mas é surpreendente que esteja onde está.


O lado direito do hotel.


O outro lado. Incrível, não tirei fotos frontais…


Bárbara observa as possibilidades da piscina…


… que é muito boa, apesar da hipoequinemia que se alastra por seu corpo.


A buganvília.


E eu, brincando de Magritte ou Hopper. E fim.

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!

13 comments / Add your comment below

  1. Olá, Milton! Preciso atualizar seu link lá no meu blog ( que continua um marasmo, mas um pouco menos abandonado; tento passar lá uma vez no mês, ao menos). Se bem que só cheguei aqui porque devo ter sido redirecionada automaticamente do seu antigo blog pra cá, não posso precisar. O fato é que seu post me incitou um forte sentimento de inveja. Verdade, pois um lugar desses, um verde assim tão vivo, beleza tão urgente, e aquela árvore.. ah, aquela árvore! Não se exibe uma árvore como essa impunemente! Não se esfrega desse jeito a buganvília na cara da gente, sem que sintamos essa inveja, essa vontade de cair no mundo, de “ir ser selvagem entre árvores e esquecimentos” (mesmo com cavalos apressados, rs). Moro numa linda cidade, admito, mas trocar de cenário faz às vezes tão bem! 🙂 Brincadeiras à parte, que sua estada na Olho d`Água tenha calibrado também as energias! Abraços dessa visitante já não tão ausente,

  2. Pois então, Mr. Milton, a gente carregando pedra e vc carregando garfos… Antes que lamente a perda dos pneuzinhos, venha pra Minas, onde escalar montanhas se rebate com pão-de-queijo, canjiquinha com costelinha, quiabo, angu e uma dose de pinga. A casa é sua. Gostei da foto a la Magritte.

  3. Dieta. farei quando passar dos 110 quilos. Não sei se já passei: não faço a pesagem há 10 anos.

    Hotel Fazenda: Só se tiver uma adega bem grande.

    Piscina: só se for grande e com um monte de mulher seminua em volta.

    Magritte: acabaste com meu dia, por lembrar-me novamente da dieta.

    Lembro: informa aí teu correio eletrônico, preu passar o livrinho cândido juvenil.

  4. Claro que eu entendi que aquilo nao tinha nada a ver com o hotel fazenda, né?
    Tava te zoando!
    Itapema é a turma de ensino a distancia que eu assumi esta semana está lá. Irei 3 fins de semana para lá dar aula. Ruim né?
    Uns dão aulas em canoas, São Leopoldo, outros em itapema…
    A gente ganha pouco, mas aproveita a paisagem!
    Pena que eu nao gosto de cerveja…

  5. Bom dia, vc já esteve no hotel fazenda olho d agua né?
    Irei pra lá com minha família agora em dezembro, e fiquei feliz em encontrar sua postagem sobre o hotel, parece um bom lugar para diversão e descanso longe da farra da praia e do barulho das capitais.

    Espero me divertir mto com minha familia…rsrs

    tenha um bom dia!

Deixe um comentário