O velhinho Günter Wand (1912-2002), aos 76 anos, dá aqui uma amostra de sua genialidade no Scherzo que o personagem de Erland Josephson em Sarabande, de Ingmar Bergman, ouvia com a cabeça entre duas imensas caixas de som. Wand é uma figura queridíssima dos aficionados da música erudita. Suas notáveis interpretações e sábias entrevistas — inteiramente livres daquele Complexo de Deus que aflige a 77,5% dos médicos (já vivi com uma que contraiu a doença), 75,3% dos advogados e 50,1% dos regentes — são referências de boas leituras e de compreensão do outro.
Sugiro a quem tiver acesso a exemplares antigos da revista Gramophone: procurem a entrevista de Wand onde ele fala de seu trabalho de adaptação às sinfonias de Mozart, Beethoven, Brahms e Bruckner. Realmente, o velho não sofria do citado Complexo. Dá-lhe, Wand!
Ou aqui.
Ou aqui.
Eita scherzo bão!
Bá, é mesmo!
bravo!
mas o que é mesmo esse tal Complexo de Deus?
é alguma coisa daquele tipo que em certo momento alterou o repertório de penderecki e arvo pärt, por exemplo?
O Complexo de Deus começa pelo olhar superior e sobranceiro. Depois notamos que a vítima passa a desconsiderar as opiniões alheias, impondo-nos as suas. A situação é grave quando o doutor passa a considerar-se “figura pública”.