Um grande capítulo dos blogs políticos gaúchos

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Ontem, numa ação de efeito meramente midiático, segundo Luiz Fernando Zachia, o Ministério Público Federal protocolou uma ação civil de improbidade administrativa contra a governadora Yeda Crusius (PSDB) e mais oito membros de sua quadrilha: Carlos Crusius (ex-marido), o deputado federal José Otávio Germano (PP…, que se tornou conhecido ao usar o Grêmio como trampolim), os deputados estaduais Luiz Fernando Zachia (PMDB, que se tornou conhecido ao usar o Inter como trampolim) e Frederico Antunes (PP…), o presidente do Tribunal de Contas do Estado, João Luiz Vargas, Walna Villarins Meneses (assessora do Yedão), Delson Martini (ex-secretário geral do governo estadual), Rubens Bordini (vice-presidente do Banrisul e ex-tesoureiro da campanha de Yeda). As acusações são as mesmas que a RBS e seus congêneres tentam ignorar: enriquecimento ilícito, dano ao erário e infração de princípios administrativos, crimes relacionados à fraude que desviou cerca de R$ 44 milhões do Detran gaúcho.

A ação pede o afastamento dos denunciados que ocupam cargos públicos enquanto perdurar o processo, o bloqueio de bens dos mesmos, e a quebra de sigilo envolvendo as provas pertinentes ao processo.

Os parágrafos acima forma copiados e levemente alterados deste post do RS Urgente. Lá também, Katarina Peixoto publicou um texto que vem sendo republicado e repassado por e-mails de forma absolutamente irresistível, Dez anos esta tarde. Eu, para variar, estava por fora ontem à tarde. Meu filho me ligou para dizer que não poderia vir aqui em casa pois tinha uma festa e se atrasara acompanhando a repercussão dos fatos nos blogs, twitter e nos órgãos da, digamos, PIG. Nós já estamos treinados em reinterpretar as rádios e os jornais da RBS, Band, Record, etc. É incrível a exatidão que conseguimos agindo assim. Sabemos exatamente em que podemos acreditar. Dá certo trabalho, é necessária experiência, mas a gente acaba entendendo tudinho. Depois, vamos ao RS Urgente e ao Diário Gauche pegar mais detalhes.

Há muitos, mas muitos blogs políticos no RS, porém acredito que os dois citados ocupem a linha de frente. O RS Urgente do Marco Weissheimer é mais informativo e dinâmico, também é mais cuidadoso em suas opiniões; já o Diário Gauche do Cristóvão Feil é opinativo, irônico e muitas vezes nos surpreende com pesquisas, poemas e até música, isso sem falar em suas fotos de abertura, sempre belas e significativas. Marco é mais jornalístico, Cristóvão é o intelectual de esquerda. Hoje, não vivo sem os dois. Não pensem que algum deles é imparcial, nada disso. São pessoas comprometidas como o outro lado é e não diz.

Por que considero que ontem foi um grande dia dos blogs? Ora, porque foram eles quem mantiveram a pressão sobre o governo mesmo quando a Assembléia negou-se a abrir a CPI — agora sabemos que vai sair, claro –, mesmo quando a desgovernadora e a RBS pareciam reagir. Prova disso é que ontem o OPS quase foi ao chão, tamanha era a visitação ao RS Urgente. Cheguei em casa à 17h30 e descobri que meu blog estava praticamente fora do ar; olhei meu e-mails e o pessoal do OPS queria saber o que tinha acontecido. Ricardo Cabral (RJ) reclamava:

É só comigo ou os demais blogs também estão lentos?
Não sei se é por conta dos tais spams em maior quantidade, mas hoje o as páginas principal e dashboard meu blog estão demorando mais para carregar. Acontece o mesmo com vcs?

O Serbão respondeu:

tá esquisito sim. a pagina do defensio, por exemplo, entra toda embolada.

E o Marco, já meio no desespero, ás 19h:

O mesmo aconteceu comigo no final da tarde. Agora, está voltando ao normal.

O Rafael, administrador do condomínio, estava pasmo:

A carga do servidor está um bocadinho alta… Não consegui ver na hora que vocês falaram, mas está baixando. Será que algum dos blogs da rede foi pra capa de algum grande portal?

Mais do que isso, Rafael, mais do que isso. É que estamos quase derrubando a desgovernadora. Simples assim.

Quando a coisa voltou ao normal, comentei no Marco:

Katarina, belíssimo texto.

Marco, num estado em que a imprensa está comprada, onde mesmo a Assembléia Legislativa nega-se a realizar seu trabalho, foram os blogs os meios de comunicação que mantiveram a pressão sobre Yeda. E creio que tu foste o mais informativo, insistente e correto deles. No pé na bunda que esta mulher está levando em suas largas cadeiras, há alguma coisa do RS Urgente.

Abraço e parabéns a todos nós.

E vai roubar na puta que te pariu, Yeda.

O César Kiraly também escrevu a respeito:

parabéns ao trabalho admirável do RS Urgente e envaidecido fico de pertencer ao mesmo grupo. não descanse jamais. e que um dia o RJ tenha a sorte de ter a mesma urgência.

um abraço,

Cesar Kiraly

Houve outras manifestações semelhantes do Serbão e do Ricardo, até que o certamente extenuado Marco voltou:

Muito obrigado, Milton e Cesar. O diabo é que esse governo dá uma trabalheira louca…
Yeda é imparável…mas está encontrando sua tampa.

Bem, mas tenho que ir ao centro comprar umas memórias. Calma, pessoal, são Micro SDs de 2GB dessas que se usam em telefones! Ou vou mais perto do meio-dia e almoço com a Bárbara naquele restaurante japonês bom e barato do 2º andar do Mercado Público?

Não sei ainda. O que sei é que uma empresa estatal que detém certo monopólio em sua área começou a fazer propaganda nas jornadas esportivas da Rádio Gaúcha, da RBS. Quer fazer obras e mais obras para a Copa do Mundo e busca simpatia. Já ganhou capa de Zero Hora dominical E o PP está lá. E eles pensam que são espertos. OK, $ão.

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25 comments / Add your comment below

  1. Não me lembro se foi ontem, anteontem ou noutro dia próximo, mas a Rachel escreveu umas coisas sobre política e Internet que vão por um caminho semelhante. Os caras tem toda mídia na mão, mas a Internet, com seus blogs, páginas independentes, “Odeios” e “Fora” em geral, consegue fechar o cerco sobre eles fazendo circular informação contrária às propagandas oficiais, reduzindo um bom percentual do efeito massificante pretendido. Mas acho que não há pesquisa no sentido de determinar, com precisão, a influência, sobre a consciência política do cidadão, da Internet x meios oligopolizados. Ou há? Na prova factual, o estado de coisas no RS remete à eficácia dos “meios alternativos” (ou nem tanto assim), realizando algo que é impossível na imprensa de papel realmente existente: imprensa de esquerda, crítica, engajada mas não menos divertida que as controladas, ou aparelhos ideológicos das classes dominantes. Afinal, eu conheço isso muito bem, as agências de publicidade tem por ordem não veicular anúncios em veículos não comprometidos com a ordem. Isso pode não estar escrito em lugar nenhum, mas acontece, e as pessoas costumam fingir que não. Na Internet, com pouco dispêndio de recursos, dá para montar uma rede alternativa, e isso enlouquece os donos do poder, daí a legislação restritiva que propuseram, mas não dará em nada em razão da volatilidade do meio. os caras ficam louquinhos!

    No mais:

    1) Desculpe a ignorância, mas PIG é o que mesmo? Além de porco, Imprensa Golpista (acho que é isso), o P é inicial de quê?

    2) Não tenho nada contra o comprometimento político dos críticos aos governantes em geral, mas o chato é que, quando, digamos, as forças políticas nas quais esses críticos são engajados chegam ao poder, eles passam a agir de forma bem semelhante aos destronados, defendendo absurdidades com unhas e dentes.

    1. Marcos,

      o Hélio Paz que, além de muito inteligente, é uma enciclopédia de novas mídias e softwares, matou a pau no terceiro comentário. O único defeito desse cara é ser gremista.

      Abraço.

  2. De fato, o RS Urgente é fantástico.
    Milton: devo agradecer porque cheguei até ele através dos teus posts. Hoje não deixo de ler.
    O engraçado é que, passando os olhos pelo nome do blog, sempre tenho uma ilusão (que talvez seja mesmo a intenção do autor) e acabo lendo
    “INSURGENTE”. Adequado, não?

    FORA YEDA!
    (só não grito isso com tanta alegria, porque me lembro do Feijó…)

    1. Devo me encontrar com o Marco no fim de semana. Vou perguntar a ele, pois penso que este engano / ato falho / troca é cometido por todos nós.

      Há até um blog chamado RS Insurgente. É CONTRA a cultura dos CTGs…

      Farinatti, fico sempre feliz quando tu comentas. Gostei muito de ti nas duas ou três vezes que nos encontramos e não seria nenhum absurdo dizer que tuas visitas muito me HONRAM. Sério!

      Ei, Feijó, vai tomá no c…

      1. Oba!
        Então vamos jogar confete. Porque penso o mesmo de ti! Quem sabe conseguimos dialogar mais. Virutal e pessoalmente.

        E faço coro

        Ei, Feijó, vai tomá no c…

  3. PIG = Partido da Imprensa Golpista.
    PUM = Pensamento Único da Mídia corporativa.

    Apelidos dados pelo http://paulohenriqueamorim.com.br/ e repetido à exaustão pelo Luís Carlos Azenha do http://viomundo.com.br/

    Bem dizendo, apenas o RS Urgente e o Diário Gauche produzem diferença, pois vem com notícias e críticas diferenciadas e minuciosas, mais especializadas. os demais blogs são mais partidarizados, sindicalizados e só conseguem enxergar o lado ruim da mídia de massa. Ao mesmo tempo, não conseguem enxergar que a mídia de massa é conservadora e defende os interesses de seus patrocinadores políticos e empresariais também porque seu público-alvo é predominantemente conservador, simplista e preconceituoso, independentemente do grau de instrução ou do peso que carrega ou deixa de carregar em seus bolsos.

    A mídia influencia o receptor que influencia a mídia: é um jogo no qual quem vende joga para a torcida, que é quem compra. Mesmo nos blogs independentes de esquerda, a partir de argumentos opostos, verifica-se a mesma prática.

    Todavia, ao contrário de vários fatos políticos, econômicos e sociais que emergiram pelo mundo a partir da internet, infelizmente, ainda não aconteceu no Brasil nenhuma derrubada de governo, nenhuma mudança de lei estadual ou federal e nenhuma desconstrução cabal da imagem e da importância de maus empresários, do PIG e nem de políticos a partir da informação dissonante vinda da internet.

    Por n questões (oligarquização da mídia corporativa, coronelismo, moral judaico-cristão, analfabetismo funcional, demora na implementação da internet em banda larga nas escolas, etc.), isso ainda não se deu no país.

    Faltam blogs de advogados não-conservadores no país. Faltam blogs de psicólogos e assistentes sociais. Faltam blogs de engenheiros e arquitetos. Faltam blogs de acadêmicos. O modelo de democracia representativa é falho e todos seguem perdendo muito tempo discutindo pessoas e ideologias ao invés de se discutir práticas de inclusão da classe média urbana (que é quem realmente forma opinião e não os ricos nem os pobres).

    Sugestão de leitura: http://www.trezentos.blog.br/?p=2193

    Pra terminar, uma provocação: embora lute pela democratização nos meios de comunicação e se queixe da falta da verdade e da manipulação do PIG, a esmagadora maioria dos blogs independentes de esquerda procederiam exatamente da mesma forma caso fossem hegemônicos.

    []’s,
    Hélio

    1. Nossa mãe, Hélio, que aula mais bem dada. Pena que não continuaste.

      Dizer o quê? Na próxima, deixe uma linha tracejada para eu assinar!

      Abraço.

      P.S.- Um empatezinho hoje?

    2. Realmente excelente comentário. Reparos a fazer em:

      1) “Ao mesmo tempo, não conseguem enxergar que a mídia de massa é conservadora e defende os interesses de seus patrocinadores políticos e empresariais também porque seu público-alvo é predominantemente conservador, simplista e preconceituoso, independentemente do grau de instrução ou do peso que carrega ou deixa de carregar em seus bolsos”.

      – é preciso enxergar também que eles tem responsabilidade de formação e manutenção de uma camada populacional de visão conservadora, simplista e preconceituosa. Não atendem só a demanda, mas principalmente empastelam o entendimento do sujeito até ele mugir “sim, senhor”.

      2)”Nenhuma mudança de lei estadual ou federal e nenhuma desconstrução cabal da imagem e da importância de maus empresários, do PIG e nem de políticos a partir da informação dissonante vinda da internet”;

      – não tenho certeza absoluta disso, ao menos não tenho certeza que algumas coisas mudaram com a contribuição agregada da internet e outras ações mais convencionais.Embora o uso no Brasil seja bem difundido, so o é nas principais capitais, mas isso representa dezenas de milhões de pessoas, mas talvez a pulverização cospire contra a formação de, digamos, redes cívicas, pelo país.

      3)”Faltam blogs de advogados não-conservadores no país. Faltam blogs de psicólogos e assistentes sociais. Faltam blogs de engenheiros e arquitetos. Faltam blogs de acadêmicos”

      – bem, advogado não-conservador é igual a torcedor do Bonsucesso, aqui no Rio de Janeiro, existem, mas encontrá-los é difícil pacas; de psicólogos, ainda bem que estão a faltar, imagine se começam a pulular uns tipos aí que prometem a cura do homossexualismo e coisas afins…; engenheiros e arquitetos não sei, não é mesmo minha praia, mas acadêmicos há, mas os blogs deles são como seus livros, ninguém lê, minha esposa mesmo taí para comprovar.

      4) “classe média urbana (…) quem realmente forma opinião”

      – isso parece ter sido desmentido na última eleição presidencial, quando a classe média urbana do Rio expressamente pôs-se contra, e colheu derrotas acachapantes.

      5) “A esmagadora maioria dos blogs independentes de esquerda procederiam exatamente da mesma forma caso fossem hegemônicos”

      – Comentar o que? É isso mesmo, inclusive praticamente escrevi isso no fim do meu comentário anterior.

      À parte isso, tá tudo ótimo.

    3. Hélio, não costumo ligar o computador aos finais desemana, mas estava em dívida de uma leitura mais parcimoniosa dos comentários deste post, e achei o seu sensacional. Fui até o seu blog e…só e unicamente falando sobre o Grêmio! Isso não te faz um exemplo do que você criticou com tanta competência acima?

      1. Charles,

        Não tenho falado diretamente sobre política partidária no meu blog por várias razões. As principais delas são as seguintes:

        – Não sou jornalista e não possuo o capital social que o Marco Weissheimer possui dentro dos movimentos sociais, do funcionalismo público e até mesmo dentro do PIG. Logo, acredito nele como meu formador de opinião, mas não tenho acesso a bastidores nem a detalhes daquilo que gostaria de discutir com maior propriedade;

        – Eu não sou sociólogo e não possuo o capital social nem conheço os importantes nós de rede que o Cristóvão Feil possui no Judiciário e na Polícia. Portanto, sou mais informal e menos preciso;

        – O tipo de associação que faço é baseado em uma versão offline do que, nas Ciências da Comunicação, chamamos de ARS (Análise de Redes Sociais ou SNA – Social Network Analysis). Tal disciplina trabalha em conjunto com a Antropologia (sobretudo com uma metodologia assemelhada à etnografia chamada netnografia ou etnografia digital), com a Psicologia e com as Ciências Sociais (mecanismos de poder, dispositivos de vigilância, hierarquia, campos sociais, etc.) e refere-se às trocas simbólicas (afeto, crença, confiança, carisma, mérito, colaboração) efetuadas em meio à CMC (Comunicação Mediada por Computador) através das TICs (Tecnologias da Informação e da Comunicação, representadas por aplicativos que reunem pessoas em encontros que muitas vezes estão dissociados no tempo e no espaço, cujo conteúdo permanece documentado em bancos de dados). Em suma: como as pessoas atravessam e são atravessadas pela tecnologia que redefine e é redefinida pelo modus operandi de uma sociedade cuja afetividade, economia, política e entretenimento são dinâmicos e não estáticos. Como sou apenas um mestre recém titulado e desempregado e gosto de falar sobre uma série de questões diferentes sem soar metido, não faço tanto uso de citações ou de um discurso formal como deveria fazer;

        – Acho que a própria esquerda partidarizada e sindicalizada desconhece o fazer midiático. E ela é tão parcial, manipuladora, oportunista, clientelista e preconceituosa quanto a extrema direita. Além disso, é preciso deixar claro que todos possuem demandas em comum, independentemente da ideologia. E que todas as instituições são burocráticas e excludentes. Dessa forma, se faz necessário mudar o sistema como um todo. Com as minhas crenças, me considero carta dentro do baralho junto a novos acadêmicos que são meio rebeldes e clamam por um senso prático mais voltado ao social e menos bitolado e carta fora do baralho em relação àqueles que ainda creem na partidarização e na democracia representativa.

        No Grêmio, se aprende um bocado sobre política e sobre redes sociais. Se aprende um bocado sobre disputas de poder. Se percebe as articulações relacionadas ao mérito, ao clientelismo e ao estabelecimento de relações econômicas e políticas extra-clube. O envolvimento com a política tricolor reune o melhor de dois mundos.

        No meu caso, acredito que a análise de um microcosmo – ao contrário do que as extremas direita e esquerda hegemônicas e jurássicas pensam – é mais pontual e exemplar, pois a sociedade em rede da pós-modernidade segue a dinâmica dos fluxos. Observando como funciona essa dinâmica em particular, tem-se um caso que pode servir como fonte para a resistência maior, visando uma demanda mais ampla rumo a uma resistência maior.

        []’s,
        Hélio

        1. Bom, vamos esperar que o Milton toque seu trumpete num dos temas capitais que tu mencionas acima, jogando a linha melódica, para que daí em seguida a gente possa complementar, na medida do possível, com uns solinhos inspirados de sax e piano.

    1. Arbo,

      gosto demais da NC e de sua postura, mas estava falando dos blogs de esquerda. Aliás, a Yeda é tão ruim que a NC sempre esteve do nosso lado.

      Abraço.

      1. pois é. por isso q é preciso lembrar a nova corja. a yeda foi carinha carimbada. digo “foi” pq acabou, senão pra yoda, pra nova corja sim… mas foram ótimos

  4. Fiquei muito contente pelas nobres razões da lentidão no OPS! ontem, Milton. E mais uma vez dou os parabéns à resistência dos blogueiros gaúchos. Dá uma inveja danada, ainda mais em relação à indigência política do Rio de Janeiro, onde moro…

    Abraço

  5. Hoje quem está atolado de serviço sou eu, mas achei um tempinho para visitar o blog. O comentário do Nunes expressa uma opinião que compartilho com a reserva de não ter material legitimamente pesquisado sobre o assunto: qual a efetividade dos blogs no sentido de falar a verdade, acusar a corrupção e a bandalheira que a imprensa oligopolizada acoberta por ser financiada pelos mecanismos do Estado? Atualmente esta questão é a mais emblemática. Será então que a democratização da notícia, feita pela net, agora está apresentando seu poderoso caráter revolucionário? Até a pouco, aqui do Goiás, eu só ouvia falar dos escândalos da Yeda via Milton Ribeiro_ nada do JN, da Veja e da Carta falar sobre o assunto. Essa brecha no jornalismo de mercado não pode ser ocasional. A independência de uma revista se mede pelo seu quadro de patrocinadores, e é um péssimo indicativo anúncios governamentais: a Veja anuncia a Petrobrás, a Caixa…Isto não é novidade, mas não perde seu poder de espanto a cada vez que é mencionado. Por aqui, o ex-governador Marconi Perillo, começou a ser devassado por um órgão de imprensa goiano_ foram dias raros em que eu acompanhava apreensivo os indícios do grande rombo que suas gestões deixaram nas contas do estado. Alguém começou a correlacionar essas descobertas a comparações numéricas, apontando a proporcionalidade do espólio adquirido com os anos em que o patriarca Iris Rezende levou para montar seu império de frigoríficos e fazendas. Então, como era previsto, um silêncio profundo tomou conta de tudo e aqueles pequenos boatos definhou até a incerteza de uma alucinação. Será que ouvimos isto mesmo? Igual está acontecendo com o Sarney. A realidade compulsória sendo lançada sobre o público.

  6. Milton,

    Obrigado pelas palavras, mas essa é apenas a opinião de quem, por dever de ofício, precisa monitorar e criticar as práticas da mídia corporativa. A bem da verdade, dou muito mais peso ao papel das mídias sociais e as transformações sociais, políticas, econômicas, educacionais e legais que atravessam e são atravessadas pelo relacionamento humano resultantes da apropriação da técnica.

    Todo discurso apresenta a ideologia de um determinado contexto histórico. Por isso, a tecnologia que cria os mais diversos aparelhos está naturalmente inserida dentro desse contexto. Assim, todo aparelho, mesmo que seja transformado na forma e na função, subutilizado ou superestimado do ponto de vista socioeconômico, define e é definido pela interação das pessoas entre si e das pessoas com esses aparelhos. Quando o aparato tecnológico altera a relação entre o tempo e o espaço mediando a comunicação, verifica-se uma quebra de pardigma. Como apesar de globalizado o mundo é multifacetado e subdividido em infinitas intersecções de culturas locais, o ritmo, a importância e o interesse quanto à apropriação dessas tecnologias varia bastante.

    Basicamente, todo esse papo refere-se a algumas pequens siglas: IMC – Interação Mediada por Computador (contato pessoal à distância mediado pela relação com uma IHC – Interface Humano-Computador), que adquire um caráter midiático quando a edição (seja ela intuitiva ou profissional) ocorre, ocasionando a Comunicação Mediada por Computador (CMC), a partir das tecnologias da informação e da Comunicação (TICs).

    O processo de midiatização (Eliseo Verón, argentino) ou de remidiação (Bolter e Grusin, estado-unidenses) significa que a naturalização das deixas simbólicas (expressões faciais, vocabulário, ritmo da fala, posições de câmera, iluminação, vinhetas, intervalo, introdução, pauta, agenda, etc.) faz com que a figura do receptor da mídia de massa não seja mais o de um indivíduo passivo como se pensava antigamente. Quem pesquisa mídias sociais não crê mais no modelo matemático EMC (emissor -> receptor -> mensagem) mas, sim, em uma relação de troca entre INTERAGENTES, na qual um influi na produção do outro, um transforma a mensagem do outro e um apropria-se do produto do outro.

    Dessa forma, a visão frankfurtiana predominantemente marxista da mídia de massa como meramente propagandista e manipuladora torna-se um tanto limitada, justamente pelo fato que citei no comentário anterior – o de que a relação industrial entre as corporações de mídia e os poderes graúdos que a sustentam (oligarquias financeiras de toda sorte e políticos alinhados com essa agenda hegemônica). E, independentemente da escolaridade e do volume do bolso de qualquer indivíduo, ele também retroalimenta a mídia corporativa.

    No que toca às redes sociais (recomendo o excelente livro da Raquel Recuero – bastante didático e interessante, tem em PDF de graça).

    []’s,
    Hélio

    1. Excelentes os comentários do Hélio e Marcos.
      Não é fácil ler um debate na blogsfera sem que um não desqualifique o argumento ou mesmo a pessoa, ao ivés de contraarguir (não sei se agora se escreve assim, socorram-me!).

      Acredito como o Marcos no modelo reticulado de relações, em redes. Pierre Levy mostrou que o nosso modelo de raciocinio (teoria:exposição) só foi criado graças à criação da impressão in oitavo. partindo dessa premissa a mídia inluencia e é influenciada/modificada. E blog TAMBÉM é mídia. Também há interesses subjacentes. Também há subjetividade.
      Por outro lado, há tudo isto no próprio leitor. O leitor busca aquilo que , em tese, ele já concorda. Alguém que corrobore sua prévia opinião. Não pensam assim.

      Por isto acho importante o filtro da leitura, uma pequena fenomenologia do texto. Estamos lendo o nosso texto ou o do autor, quais as reais intenções (do ponto de vista fenomenológico) do autor e do leitor.

      Para encerrar algumas curiosidades (desordenadas):

      – A Veja fez sim algumas reportagens sobre a Yeda, tanto que o CPERS empunhou a revista em uma de suas manifestações
      – A Veja iniciou o governo Lulla fazendo sua apologia, lembro-me da capa com o Dirceu
      – Há pouco tempo, duas de suas edições estavam recheadas de elogios ao governo, uma delas com uma dezena de páginas sobre o ENEM. Corroborando os comentários, analisem o aumento de propaganda governamental nelas.
      – O Paulo Henrique Amorim nega a existência da Gripe A e diz que é invenção do PIG para derrubar o governo
      – O recentemente falecido Nova Corja foi criado para ser anti-PT, mas foi o mais virulento inimigo da Yeda ( no qual concordo, aliás )
      – Carta Capital jurou, através de seu editor, que mensalão não existiu.

      Acho que chegaremos a uma lista enorme.

      Abraços e desculpe a falta de organização, mas estou sem tempo.

      Branco

  7. Os exemplos do Branco apenas demonstram que a mídia corporativa joga de acordo com os interesses de seus mecenas: são eles que definem quem deve ser bajulado e de quem se deve puxar o tapete.

    Quanto à Nova Corja, não considero-a como um blog de direita. É um blog no estilo “se hay gobierno, soy contra”. As contradições do PT que eles apresentaram não se pareciam tanto com o pacote pronto de argumentos que Globo, RBS, Record, Band, SBT, Estadão, Folha, Abril e outros menos votados costumavam utilizar para depreciar a esquerda.

    No mais, vou expandir um pouco os argumentos dos comentários anteriores:

    Pra quem escreve pensando em luta de classes, hoje em dia, questiono MUITO a defesa incondicional de um partido, de um sindicato, de um clube, de uma associação e a aceitação pura e simples de lideranças para representar algo que eu posso fazer sozinho e que todos poderiam, desde que se dispusessem a levantar suas retaguardas dos assentos. Afinal de contas, as instâncias hierárquicas verticalizadas e o modelo de representatividade política que sustentam esses paquidermes fazem com que a maioria dos militantes ache que ainda estamos na década de 1970.

    Não concordo mais que tudo seja dicotômico nem que tudo se reduza a um conflito de classes, posto que a sociedade é extremamente multifacetada, os interesses são altamente fragmentados e a ágora é digital e midiática, não é mais a praça pública. Há pessoas dinheiristas que são solidárias, agradabilíssimas e justas sem serem do PT, do MST, da FENAJ, da UNE ou funcionários públicos, assim como há um monte de pessoas de esquerda que são arrogantes, egoístas, ignorantes e extremamente conservadoras.

    A igualdade social nunca existiu e jamais existirá em nenhum lugar do planeta, pois é impossível fazer todas as pessoas crerem nos mesmos valores e cada um possui um ritmo diferente. Apesar de ser de esquerda, sou contra a democracia representativa, pois ela é um engodo que só facilita o desenvolvimento e a capilarização mais sofisticada dos males da ditadura, da teocracia, do patriarcado e da monarquia: corrupção, tráfico de influência, má distribuição de renda, burocracia, tecnocracia, etc.

    Após ler Negri e Hardt (Império, 2003; Multidão, 2005) e também após o mestrado em Ciências da Comunicação, passei a perceber que, embora a mídia CORPORATIVA defenda os interesses de seus graudíssimos parceiros comerciais e patrocinadores, ela não manda na cabeça das pessoas. Mesmo que omita, que distorça, que minta, que só resolva investigar ou aprofundar-se em questões que ferem os interesses daqueles que a mantém (ou dela mesma), os editores são postos em cargos de chefia por pertencerem ao mesmíssimo estamento do dono da mídia: se não são de famílias tradicionais, pelo menos são paus bem mandados e agem de maneira oportunista, pois desejam fama e dinheiro. Da mesma forma, as faculdades dos maiores centros urbanos formam jovens das chamadas “classes” A e B para essa profissão.

    O jovem é induzido pelo sistema a preferir correr atrás de fama e dinheiro. Para isso, precisa trabalhar onde lhe oferecem a melhor infraestrutura material. Não por acaso, são os lugares que lhe darão a maior exposição possível. Mesmo os mais revolucionários e esquerdistas desde o movimento estudantil secundário, acabam vergando a espinha porque casam e tem filhos.

    Ainda não vi nenhum blog ou nenhuma lista de e-mail ou comunidade do Orkut decidir eleição no Brasil. Aqui, a maioria das pessoas ainda pensa que deve produzir e se preocupar demais com a mídia corporativa e que, para equiparar-se a ela em termos de repercussão, precisa combatê-la ou, então, ser cooptado por ela. Esses são erros crassos, pois blogs e comunidades virtuais só funcionam bem quando repercutem na mídia de massa. Ao mesmo tempo, acreditando ou não, criticando ou não o noticiário político dos meios hegemônicos, o que se vê é mais torcida por um lado ou pelo outro ou, então, uma mera replicação de conteúdo, sem produzir a menor diferença na sociedade.

    Em 2004, nas Filipinas (que não são nenhum exemplo de conectibilidade nem de alto grau de alfabetização mundial), torpedos SMS reuniram 200 mil pessoas no palácio de governo em Manila e o presidente corrupto foi derrubado. No mesmo ano, nos EUA, em cada estado, havia mais de um blogueiro que era advogado desvinculado do esquemão e muito bem informados. Eles decidiram, no país inteiro, as eleições para juízes da Suprema Corte. Com isso, os Republicanos e os Falcões de Yale (turma do Bush, da Condoleeza, do Colin Powell, do Donald Rumsfeld e outros) passaram a ter minoria no STF gringo.

    Por que deu certo? Porque, além de não haver nesses países a mesma concentração dos meios de comunicação que existe hoje no Brasil, o discurso JAMAIS foi partidarizado, sindicalizado, sociológico, filosófico ou raivoso: eles forneciam informações, preocupavam-se em ater-se aos fatos e, mesmo tendo uma posição clara (afinal de contas, isenção não existe e sempre há um objetivo), explicitaram todas as conexões entre juízes, empresários e políticos. Recuperaram links de materiais que comprovavam tudo o que eles diziam. Documentos, não posições de amigos.

    O Brasil tem pouquíssimos blogs de sociólogos, advogados não-conservadores, psicólogos, assistentes sociais e professores. Aqui, prevalece o discurso messiânico, da “conscientização”, que força a barra e expulsa, criando um clima de repulsa que não é apenas e nem predominantemente incentivado pela mídia corporativa, já que as pessoas em geral são simplistas, corporativistas, conservadoras e preconceituosas.

    Se não acabarmos com a democracia representativa nem que seja pelas beiradas rumo a uma democracia emergente (http://www.trezentos.blog.br/?p=2193), muitas Yedas virão. Muitos Dantas virão. Muitas Globos virão.

    Essa é a tristeza que fica. Por isso, acredito em resistência e não em luta. Acredito em exclusão e em carência e não em fraqueza e opressão. E quem decide tudo é a classe média urbana dos grandes centros.

    Sou extremamente cético quanto à posição de Paulo Henrique Amorim e Luís Carlos Azenha, que acham que a classe média não faz mais a cabeça dos pobres que emergiram para a “classe” C durante o Governo Lula. Eles também assistem novela, Faustão e Jornal Nacional. Na internet, passam a maior parte do tempo no Orkut e no MSN. A diferença é que eles são mais rápidos, leem muito mais (mesmo que mal e mesmo que só aguentem textos curtos), são multitarefa e PENSAM EM REDE. A política partidária é taylorista-fordista, pois pensa segundo o moral judaico-cristão em linha, hierarquicamente e sob um modelo linear. Assistem menos TV, ouvem menos rádio, perdem mais tempo no deslocamento da escola/faculdade para casa/trabalho e vivem em um mundo repleto de opções de entretenimento.

    Mas se não houvesse esse cenário, certamente entrariam todos no pique da Globo.

    []’s,
    Hélio

  8. O site do Inter foi atacado ontem(quinta) por botafoguenses. Acho que isso embolou a net inteira.

    Agora sério: na posição de gaúcho longe da terrinha, tomei a declaração do Zachia como crítica pertinente daquela entrevista dos promotores. Deram nomes aos bois bandidos sem enunciar os crimes. Não tenho formação em Direito, mas ficaria surpreso se algum doutor qualificasse aquela atuação do MP como correta.

  9. Sou advogado e não conservador. Um grupo de colegas com perfil semelhante vem acalentando a idéia de montar um jornal na internet. Não um blog, mas um jornal. Estamos procurando profissionais do jornalismo que se interessem. Sabemos que se trata de um “investimento” a fundo perdido, mas estamos dispostos a arriscar. Alguém topa discutir o assunto? Cartas para a redação ([email protected]).

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