Uma amiga pede para que eu faça uma convocação divulgando uma manifestação que ocorrerá hoje à tardinha na Feira do Livro. Minha opinião não mudou em nada, continuo achando que a UNIBAN errou ao expulsar a moça — e ainda teve de readmiti-la — mas errou antes ao não adverti-la de que há locais e locais. E erra ao existir da forma como existe.
Fico tentado e vou dizer que a Flash Mob tem direção equivocada. Deveria apontar contra Ministério da Educação. Concordo com o que escreveu Cristóvão Feil neste post:
O episódio da UNIBAN mostra o quanto é crítica a situação das novíssimas Universidades particulares no Brasil. São falsas instituições de ensino superior, exclusivamente voltadas para faturar, em troca da concessão de um diploma ao cabo de alguns semestres de aulas formais, magras de conhecimento e gordas de boçalidade e estupidez.
Gordas em mais de um sentido, como vemos ao lado… Mas esqueçam a última observação, por favor!
Minha posição à respeito é um pouco mais complexa do que desejariam os contendores. Tenho pena desta menina que precisa vender-se a fim de pagar uma universidade de merda — fui claro? — ; tenho nojo da direção da UNIBAN que a expulsou; tenho pena e nojo dos colegas fascistas de Geisy; tenho nojo das novas universidades caça-níqueis; tenho pena, nojo, ódio e gostaria de ver preso quem autoriza o funcionamento de coisas como a UNIBAN. Sou a favor de que haja muitas universidades, desde que sejam efetivamente universidades.
E nem consigo mais fazer piada a respeito, como faz o Melo, ao lado. Então vá lá, divulguemos, vai ser divertido:
Nessa sexta-feira 13, às 19h, saia de saia pra Feira do Livro de Porto Alegre, em defesa das conquistas dos Direitos e Garantias Individuais de toda e qualquer pessoa humana!
Participe do Flash Mob ESTOU PUTA!!!
Pelo respeito a TODAS as mulheres, não apenas as comportadas! Puta merece tanto respeito quanto executiva, estudante, dona-de-casa e freira!!!!!!!!!!!!!!
Passe adiante… torpedos, blogadas, twitter, orkut, facebook, telefonemas…
SAIA COMO QUISER!!!!
Deixo besos na esperança que vos alcancem.
tô do lado da feira, com olhos indignados. hehe
mas
mas
MAS
MÃSSSS
acho q não vale um post
Hesitei um monte, Arbo. Mas… Tu acreditas que teve gente que me cobrou — até ao vivo — dizendo que se eu não era a favor dela, eu era contra? Como o Branco disse, está cada vez mais complicado ter uma opinião não maniqueísta.
Passeata
Um razoável contingente de putas desfilava pelo centro da cidade, ostentando cartazes contra a discriminação, a favor da legalização da profissão, exigindo assistência médica e até mesmo o status de serviço público de assistência aos maiores (e também menores) carentes. A mais erudita, uma portentosa mulata de micro blusa e shortinho ainda menos, se possível, apresentava como estandarte, à mão, um exemplar de Pantaleão e as Visitadoras.
Os gaiatos gritavam em apoio “Todo poder às putas!”, a maioria estava vexadíssima, e uns poucos inventivavam contra a pouca vergonha, decadência dos tempos, essas coisas, menos dona Justiniana que, debruçada na caixa registradora à porta do Armarinho Tem de Tudo, hesitava em virar o rosto para o interior da loja, posição mais natural de atendimento do consumidor que por ventura quisesse pagar pelas suas compras, e a adesão entusiasmada, abrir a blusa, suspender a saia, pintar os lábios, soltar os cabelos e a franga. Só desistiu depois que uma pequena turma de gays tomou sua frente em intenções e atitudes.
Droga, é assim que se joga fora uma vida inteira, suspirou Justiniana. Tem vinte centavos, por favor?
Muito bom, Marcos.
Milton,
a única coisa que, digamos assim, me emocionou no referido episódio foi o cordel feito por meu amigo Miguel Lucena. Ouça um trecho. Aliás, dois.
“Trajava um mini-vestido,
Arrochado e cor de rosa;
Perfumada de extrato,
Toda ancha e toda prosa,
Pensou que estava abafando
E ia ter rapaz gritando:
“Arrocha a tampa, gostosa!”
Mas Geisy se enganou,
O paulista é acanhado:
Quando vê lance de perna,
Fica logo indignado.
Os motivos eu não sei,
Mas pra passeata gay
Vai todo mundo animado!”
hahahahahaha!
Só há um Franciel!
É, só que já está em andamento um movimento de paulistas heterossexuais, encabeçado (ui) pelo nosso Albano Martins Ribeiro, que só não ocupou ainda a Avenida Paulista em razão do pequeno número de adesões, pelo que já se pretende uma extensão de captação de quadros no Rio de Janeiro, uma vez que do Rio Grande do Sul e assemelhados (Paraná e Santa Catarina, claro) partiram somente sugestões de vestuário para melhor montar (ai) a moça, quer dizer, a jovem.
Movimento pró-putas? Porra!
Milton, no meio dessa melecada toda, imaginei que o MEC – ou melec – ia aproveitar pra ferrar com a citada instituição. Mero equívoco, pelo que li em seguida. Para o país que eu quero descer.
E eu só sei que cansei. O melhor post que li a respeito desse assunto foi este:
http://colunistas.ig.com.br/flaviogomes/2009/11/09/a-moca-a-saia-a-faculdade/
É, também já deu para mim. Boa a indicação do post. Disparado, o que melhor traduziu o sentimento de nojo que toda essa história causou.
“É, também já deu para mim.” Revelação que mereceria uma atenção maior por parte dos biógrafos da Geysi!!
Caro Milton,
Cheguei aqui pelo PQP e interessante…,encontrei em seus comentários e na indicação do “caminhante” um tipo de abordagem sobre este assunto que talvez grande parte da mídia impressa não esteja comentando.(Como sempre…)
Próximo a minha casa há uma universidade deste “naipe” e em suas adjacências existem dezenas de republicas de estudantes,republicas estas constituidas algumas de apenas mulheres, outras de homens e as ditas modernas :”miXtas”.
Assisto constantemente espetáculos destes universitários(?) nas ruas em frente as suas repúblicas realmente degradantes.
Outro dia eles estavam na rua disputando um jogo de futebol em que as mulheres estavam apenas de calcinhas e os homens de cuecas,
Todos muito embriagados e incrivelmente alucinados.
O detalhe é que eram 7:00 horas da manhã de uma quarta-feira
normal.
O interessante é que se não é quase diário estas festas é com certeza rotineiramente feitas 3 a 4 vezes por semana.
Estes jovens que provocaram os tumultos na Uniban, acredito que estavam todos embriagados e aproveitaram p/ fazer uma festinha (“auê”) em rede nacional. Apenas isto. Não compliquem…
Cronistas ,jornalistas comentaram que aquilo era expressão de machismo,lembraram anos 60,guerra dos sexos,etc.
Quanta bobagem…Será que eles conhecem os jovens que frequentam este tipo de universidade?Será que eles pensam que eles estão frequentado p/ aprenderem algo? e que o preconceito,racismo,sexismo e tais “ismos” atrapalha ou os inibe? (A grande maioria destes supostos estudantes não conseguem articular uma frase sequer sobre estes assuntos…)
Existe uma festa que eles fazem 2 á 3 vezes por ano que se chama “Todo torto”.Qualquer festa na Roma Antiga comandada pelo Calígula seria hoje uma prosaica festa infantil, comparada a este tipo de balada.
Estudei e me formei nos anos 60,onge de mim portanto ser puritano,radical ou consevador.
A discussão da finalidade deste tipo de universidade (?!) é que é realmente o cerne deste acontecimento.
Abraços,
PS-Este site tem relação com o PQP? Tá bom! esqueci…
Ando completamente sem tempo. Vou lendo tudo meio atrasado. Não tive condições de fazer um comentário mais elaborado sobre este assunto que me causou profundo espanto, indignação, tristeza, nojo e pena: pelo protesto fascista dos alunos da Uniban, pela atitude dos diretores da entidade, pelos minutos de fama para a Geyse.
O artigo sugerido pela Caminhante é mesmo bom. Trabalhei em uma Universidade privada por 6 anos. Fui coordenador de curso de graduação. Enfrentei uma avaliação do MEC. A coisa foi rigorosa no tocante à instalações e ao currículo. As regras do Ministério para a forma como se pensa o papel do docente e do discente nas universidades, porém, deixou muito a desejar. O local onde eu trabalhava procurava ser responsável no que se refere à aquisição de livros, à não dar proteção a alunos pouco afeitos ao estudo, às instalações físicas em geral. Tem 50 anos de existência e não se compara a essa invasão de um verdadeiro camelódromo “educacional” que se está deixando implantar no país, ainda que o ritmo de trabalho fosse organizado de modo a extrair dos professores um máximo de produtividade em um sentido pouco inteligente, sem uma visão de universidade como local verdadeiro de criatividade, reflexão, encontro e diálogo.
De qualquer modo, o que mais me assustou no caso Uniban foi a reação da turba. Reação essa compatível com essa nova onda de fundamentalismo irracionalista e de culto à imbecilidade que se mostra na proliferação das igrejas-show-evangélicas e nos programas de auditório da televisão.
É verdade também que a situação reflete a ampliação do acesso ao ensino superior unido a uma política de mediocrização do ensino fundamental, onde o que importam são números de alfabetizados ainda que, na verdade, se trate de gente que não consegue ler ou expressar-se por escrito em português. Quando digo isso, corro o risco de ser chamado de elitista. Creio que não seja: acho que a universidade deve ser capaz de acolher cada vez mais pessoas, mas ela deve fazer alguma diferença na vida dos universitários. Se é para sair da universidade pensando o mesmo que entrou, então não entendo mais nada.
Comentando outro ponto do artigo indicado pela Caminhante, eu também ando meio assutado com a falta de atenção de grande parte (não todo!!) o movimento estudantil para com o papel da universidade e a qualidade do ensino. Tudo que digo sobre este assunto é pouco embasado e muito parcial, então corro o risco de estar sendo injusto. Vejo muita articulação na busca de ampliar a representatividade dos alunos nos processos decisórios das universidades públicas, o que é bom. Porém, vejo pouca ação no que se refere à uma reflexão e uma praxis de luta contra o processo de pauperização intelectual do ensino superior. Já ouvi gente que faz coro a esse discurso ser chamado de reacionário. Tristes tempos.
Concordo em grande parte com você, Farinatti!
Acho que o Milton teria aproveitado melhor o assunto se fugisse da pessoa da Geysi, sem nenhuma importância para o tema “liberdade de se usar o que quiser” e “liberdade para ser criticada por isso SEM VIOLÊNCIA”, e começasse o debate da mesquinhezação do ensino superior e da alfabetização funcional que distorce as pesquisas institucionais sobre as universidades brasileiras. Na universidade em que fiz História, eu era visto como um problema, uma aporrinhação para a administração, porque simplesmente não me calava diante as mazelas que vão desde o nepotismo descarado a comportamentos nada condizentes com o ambiente reflexivo o qual dissestes acima. A administração chegou a, várias vezes, colocar carros repletos de caixas de som DENTRO do pátio da faculdade, em pleno horário de aula, liberando que se disparasse o funk carioca na maior altura!!!!!! Via-se as alunas saindo de seus recatos estudantis para subirem nos bancos do pátio para encenarem a nova velocidade do créu!
Por um vício intratável, coleciono desde o primeiro número a revista Piauí, da família Moreira Salles. Nada a falar dela, por enquanto, mas a seção de cartas me deixa intrigado: leitores supostamente diferenciados (afinal não é a Caras!) mostram-se incapazes de entender os textos publicados. Em resposta a uma irônical apologia ao CD de Roberto Justus, em que a revista disse ter versões superiores a interpretações de Mc Cartney, etc, um leitor achou um absurdo publicarem um texto gritantemente comprado e tendencioso. Outros se escandalizaram com uma das capas, em que Adão e Eva brincam sob a pena de R. Crumb, afirmando ser pornográfica. A leitura está se tornando uma atividade de decodificação impossível para essas gerações de graduados, mestres e doutores!
É por aí mesmo!
E, veja-se que estamos falando da leitura, que é o primeiro passo para a reflexão. Imagine-se quando o quesito for criatividade ou expressão…
P.S.: A julgar pelos meus erros de crase e concordância no texto acima, eu também não aproveitei a universidade…
Take easy, Luis
Não é tese, nem antítese, muito menos síntese,
Hegeliano falando, a utilização da gramática correta de um comentário em um blog não é um texto assim,assim ….tão acadêmico.
O entendimento do conteúdo de sua observação ,e reflexão, sobre deteminado assunto é a meu ver, o que realmente conta.(Demonstra sua cognição precedendo seu suposto proselitísmo).
(Agora o que realmente conta, é o que o host do site determina, afinal somos visitas e temos que aguardar as regras do baile e do entrelaçamento…)
PS-Dúvida cruel…Neste site e do magnífico e lustroso (!) site do PQP Bach vestimos os mesmos trajes?
Toc.Toc Milton!!!! “vámo lá” ,não está tão tarde assim….