Hoje, saí às 7 horas para correr. Já estava 29ºC. À tarde, chegaremos aos 37 ou 38°C. Com a umidade, os meteorologistas calculam uma sensação térmica de 42ºC. E não chove ou pouco chove. A chuva permanece em São Paulo e no restante do sudeste. Nossa situação é bem melhor. Ainda podemos ir e vir, a água não incomoda. Há a bicharada. Os mosquitos estão controlados de forma ecológica aqui em casa. Plantamos umas coisinhas que os afastam. Mas há uns besouros descomunais voando por aí. São burros, entram em casa e não conseguem ir embora. Não há como negar, parece uma vingança da natureza.
Enquanto isso, a figura mais importante dos telejornais é a mocinha do tempo. E ela ultimamente tem vindo com notícias ruins, o que deve aumentar a necessidade das pessoas de se informarem. Nossa paranoia a torna popular.
Minha mãe, aos 82 anos, vai aguentando. Meus filhos voltam da praia agora à tarde — estavam com a mãe deles — e eu resolvi mudar um ar condicionado de lugar durante o fim de semana. Queria deixá-lo numa altura mais inteligente para que tivesse maior rendimento. Não quis pagar ninguém para fazê-lo, mas acabei morrendo com um serralheiro. Por exatos 4 mm a coisa não entrava no lugar.
O Grêmio joga hoje às 17h. Como estamos no horário de verão, será na verdade 16h. É simplesmente impossível que tenhamos um bom jogo. Por que marcar um jogo em Porto Alegre neste horário e não, digamos, às 19h30? Nós, o Inter, jogamos às 22h.
A cidade de Forno Alegre:
Menino! Que calor! Eu estava em Minas e não aguentei voltei porque aqui em SJC todo final de tarde chove e dá aquela refrescada! Eu que adoro verão não vejo a hora dele ir embora 🙁
Beijão!
Agora em Curitiba 30º, e quase não consigo pensar.
Tá provocando é?!
A partir de agora, a senhora por favor me faça a fineza de pensar duas vezes antes de reclamar dos dias cinzentos de Curitiba!
Ops!… 8)
Curiosamente, estou lendo um romance que se passa nos EUA, e a temperatura em que os personagens transitam está em 40° negativos.
Não gosto do verão.
43°C eu nunca tinha visto num termômetro portoalegrense. Pois vi agora, na frente da prefeitura.
Seu Milton,
Dê aí a dica: que coisa é essa que espanta mosquito?
Uma citronela plantada num vaso grande bem na porta do quarto que dá para a sacada (rua).
http://www.jardimdeflores.com.br/floresefolhas/A17citronela.htm
É um repelente natural. Leia no site acima. Há instruções, etc.
Eu não consigo pensar…trabalhar…escrever. Meus cães acabam com baldes de água fria e, arredios sempre na hora do banho, parecem agora pedir que lhes refrigerem com a mangueira. Meu filho tá com o corpinho todo empolado, e eu tive que comprar um pulverizador para o quarto dele. Minha esposa passou o dia fora para participar de um curso, e pelo telefone eu disse a ela que estávamos o Eric, o Miles (meu Rottweiler) e eu, pelados, na varanda da casa, e os vizinhos não estavam espantados ; e a Dani, brincalhona, me repreendeu (conseguindo manter um pouco de humor nesse inferno): “pois vai vestir uma cueca no Miles, agora!”
Se eu tivesse grana suficiente, mandaria aos meus outros 6 companheiros e ao gerente do blog o livro “Colapso”, do Jared Diamond (incito todos a lerem e, com o post do Milton, debatermos as informações estarrecedoras nele contidas). Já o presenteei, contudo, tantas vezes, que parte da dívida do cartão é para cobrir essa filantropia do desespero. Não é um livro,mas um vaticínio produzido por uma das mentes mais lúcidas da atualidade: estamos repetindo cegamente todos os passos das civilizações desaparecidas, cuja marca maior é a destruição da atmosfera e condições naturais do planeta. Garanto que, com essa obra única, ficarão como estou: à procura de onde me filiar para agir efetivamente contra o fim. Minha sugestão seria uma conjunção de blogs, ongs, partidos, etc, boicotando uma gama de produtos oriundos das práticas industriais genocidas que estão nos levando, ao ar aberto, para as câmaras de gás. Radical até começar-se a prática: eu abriria mão do meu carro e da coca-cola, em benefício da Bárbara, do Isaac, do Eric…
Acho que uma pequena parte do meu amor por García Márquez vem do meu ódio ao calor. O calor que impossibilita a vida nas tardes de verão, descrito, especialmente, nas obras que se passam em Macondo. Esse calor me lembra minha infância e meu presente, nos vales da região central do Rio Grande do Sul.
Lembro de um conto do GGM (de “Os Funerais da Mamãe Grande”) onde o calor era tanto que os pássaros arrebentavam as telas e varavam as janelas para morrer dentro das casas.
Estou me sentindo assim.
Estou sendo redundante, mas EU ODEIO O CALOR!
Eu quero tomar um café! Eu quero ler um livro! Eu quero jogar bola!
Ontem, confesso envergonhado, fui à piscina de um clube… É uma tragédia. Se eu for mais algumas vezes vou começar a assistir BBB e ler a Caras. Um horror, as pessoas se engalfinhando para tentar comprar o último pastel, pois todas só saíram da água no último minuto, quando foram expulsas pelos seguranças.
Mas continuarei indo: o Miguel adorou estar na água e abriu bem um sorriso sem dentes, mostrando as gengivas, que faz com que eu faça qualquer coisa para que ele o repita.
***
Você tem razão Milton: nossas cidades estão impróprias para a vida humana.
Charles: vou me somar a ti na tua cruzada. Levarei meus vassalos. Os valores que defendes são justos (nem que seja apenas para os teus vizinhos nunca mais terem que te ver pelado ao lado de um rottweiler na sacada). Aliás, se fosse no RS, a hilária cena que você descreveu teria um adendo: o indivíduo pelado estaria tomando um chimarrão. É sério, não entendo como, mas a gauchada segue tomando chimarrão, suando em bicas, ofegando, espantando as mosas e reclamando do calor sem parar!
Hahaha! Lembro de uma outra cena de García Marquez, dos ouvidos de Melquíades despejando cera derretida no calor. Só te faço uma pequena correção: García Marquez adora o calor, por isso trocou a possibilidade de residir em qualquer outro lugar de clima ameno (será que atualmente existe?) para fazer raiz em Cuba.
Como professor universitário do curso de História, Farinatti, o livro que cito acima vai te interessar de maneira particular: Colapso é um tratado de antropologia formidável!
Boa Lembrança!
Sobre o calor: eu não disse que o Gabo não gostava dele. O que eu quis dizer é que a descrição do calor insuportável que ele faz, me lembra o calor daqui.
Por outro lado, lembro de uma entrevista onde ele disse que não suportava o frio (suas descrições de Bogotá, que odeia, sempre incluem passagens sobre uma cidade fria e afetada) e que gostava de um clima tépido, acima dos 20 graus ou algo assim.
Mas, pensando mais na “presona” do escritor, não acho que ele escreva como quem “gosta” do calorão (sei que você não disse isso, apenas divago aproveitando nossa prosa), acho que ele escreve como quem tem o calor inacreditável como constitutivo de uma identidade pessoal e literária, como matéria que compõe o mundo de Macondo, o mundo do escritor. O calor está lá no desde o início do universo. Não adianta gostar ou desgostar: aquele mundo está posto e ele é com calor.
Só mais uma coisa, Farinatti (pô, não consigo te chamar pelo primeiro nome!).
Em Colapso, das inúmeras sociedades antigas extintas que Jared examina (das ilhas Pitcain e Henderson; os vikings do Alasca…), há o relato impressionante do progressivo desaparecimento do povo que habitava a Ilha de Páscoa.
Como todos sabem, as doze tribos que viviam nesta minúscula ilha, só conseguiam uma relativa harmonia devido ao temor reverencial que tinham pelos moais, as gigantescas estátuas de pedras. A tribo que fazia as maiores e mais imponentes estátuas, exerciam respeito sobre as outras.
A disputa centenária chegou a estágios tão aterradores, que eles destruíram toda a natureza da ilha em prol de erguerem esses deuses de rocha pura; nos últimos anos, os blocos de pedras eram rolados sobre toras de madeira pela população esfaimada para que cumprissem a construção de novos bonecos; estavam tão desprovidos que mataram e comeram o cães, e depois se lançaram em batalhas canibais que pôs fim a tudo.
Absurdo não é? Seres civilizados como nós zombamos dessa obsessão por coisas inúteis (bonecos de pedra!). Mas aí vai ver o assim chamado fiasco do i-pad do Jobs; a Veja, descaradamente elogiando o que parece ser a grande invenção da Apple, a ponto de não ser compreendida pelos consumidores comuns (quanto terá sido o jabá pago pela empresa?) Celulares; tvs de tela plana; telinhas coloridas com fascinantes luzes de por- do-sol; o último lançamento da Hyundai (perdoemos-lhe o recall); e assim vai, as nossas estátuas de pedra pelas quais aguentaremos firme nossa extinção. Quero ver se tem alguém aí que possa me convencer de que é exagero meu.
(Lendo uma citação de Chesterton num livro da Hanna Arendt: “e a verdade se mostrando cada vez mais nítida quanto mais se esforçavam para que não fosse a verdade”.)
Licença que meu celular tá tocando.
Charlles,
Meus colegas e alunos me chamam de Farinatti (eu sempre acho que é o meu pai), minha mãe me chama de Luís Augusto. O porteiro do prédio onde trabalho me chama de Ugusto. Quem me conheceu em certa fase da vida me chamava de Augustus Glup (porque, até os 13 anos eu era gordo, depois, como disse minha vó, “bateu a feiúra dos 13” e virei um magro narigudo). Há quem me chame de Luís. Meus amigos me chamam de Guto. Quem tem dois nomes, ambos relativamente comuns, acostuma-se a ser chamado também de Luís Alberto, Luís Carlos, José Augusto, Carlos Alberto (?!!?).
Fique à vontade para escolher. Eu atenderei sempre. Não sou exigente nesses misteres.
Sobre o que escreveste: no começo da carreira como professor universitário, a gente dá aula de tudo, não importando se temos pesquisa na área ou não. Se temos uma reflexão mais elaborada ou se apenas lemos os textos uma vez antes da aula. Por um lado, isso é ruim. Porém, há uma virtude, que é a possibilidade de fazer outro curso de História quando se estuda para dar aula. E evitar o risco de nos tornarmos hiper-especialistas em quase nada (já se disse que fazer doutorado é saber cada vez mais, sobre cada vez menos… – mas isso dá uma prosa muito mais longa).
Todo esse conversório é só para dizer que, quando eu dava aula de História Medieval (fui professor dessa cadeira por 6 semestres), usava uma explicação muito semelhante ao raciocínio que desenvolveste no teu excelente comentário, para combater o anacronismo de meus alunos que não entendiam que os homens medievais não tinham como pensar como nós, viventes do mundo capitalista e posterior a Descartes e a Freud…
Em tempo: conheço o “Armas, Germes e Aço”. Do “Colapso”, só ouvi falar. Agora vou procurá-lo.
Abraço.
Tem Colapso em biblioteca?
(poxa, eu sei que não tem. Como se não bastasse o Bolaño)
Pior que aqui onde moro, na biblioteca pública municipal, tem 2 exemplares, Caminhante. Aí deve ter. É um livro muito famoso, e se não me engano ganhou várias edições pela editora record.
Procura-lo-ei!
Começo a desconfiar que a Caminhante seja, digamos, pãodurinha. Creio que para viajar, ela prefira mais aquele equipamento – de última geração- denominado de par-de-pés.
Adivinhão! 😛
Ramiro, acho deselegante qualificá-la como pão-dura. Que tal substituir por “financeiramente contida”?
Milton,
uma dúvida crucial: a grafia correta é pão-duro ou pãoduro
(pois já encontrei em textos as duas grafias)?
Usa-se o hífen nas palavras compostas que não apresentam elementos de ligação.
Exemplos:
guarda-chuva, arco-íris, boa-fé, segunda-feira, mesa-redonda,
vaga-lume, joão-ninguém, porta-malas, porta-bandeira,
pão-duro, bate-boca
Exceções: Não se usa o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paparaquedista, paraquedismo.
Fonte: http://www.livrariamelhoramentos.com.br/Guia_Reforma_Ortografica_Melhoramentos.pdf
Abraço.
Mas deixe de comprar alguns sudokus e compre um exemplar pra você que é o tipo de livro pra sublinhar, hachurar, escrever nas margens e reler. O meu, com tudo isso, tá quase ilegível.