Por Jorge Furtado
Quem estava prestando atenção já percebeu faz tempo: a antiga imprensa brasileira virou um partido político, incorporando as sessões paulistas do PSDB (Serra) e do PMDB (Quércia), e o DEM (ex-PFL, ex-Arena).
A boa novidade é que finalmente eles admitiram ser o que são, através das palavras sinceras de Maria Judith Brito, presidente da Associação Nacional dos Jornais e executiva do jornal Folha de S. Paulo, em declaração ao jornal O Globo:
“Obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada.”
A presidente da Associação Nacional dos Jornais constata, como ela mesma assinala, o óbvio: seus associados “estão fazendo de fato a posição oposicionista (sic) deste país”. Por que agem assim? Porque “a oposição está profundamente fragilizada”.
A presidente da associação/partido não esclarece porque a oposição “deste país” estaria “profundamente fragilizada”, apesar de ter, como ela mesma reconhece, o irrestrito apoio dos seus associados (os jornais).
A presidente da associação/partido não questiona a moralidade de seus filiados assumirem a “posição oposicionista deste país” enquanto, aos seus leitores, alegam praticar jornalismo. Também não questiona o fato de serem a oposição ao governo “deste país” mas não aos governos do seu estado (São Paulo).
Propriedades privadas, gozando de muitas isenções de impostos para que possam melhor prestar um serviço público fundamental, o de informar a sociedade com a liberdade e o equilíbrio que o bom jornalismo exige, os jornais proclamam-se um partido, isto é, uma “organização social que se fundamenta numa concepção política ou em interesses políticos e sociais comuns e que se propõe alcançar o poder”.
O partido da imprensa se propõe a alcançar o poder com o seu candidato, José Serra. Trata-se, na verdade, de uma retomada: Serra, FHC e seu partido, a imprensa, estiveram no poder por oito anos. Deixaram o governo com desemprego, juros, dívida pública, inflação e carga tributária em alta, crescimento econômico pífio e índices muito baixos de aprovação popular. No governo do partido da imprensa, a criminosa desigualdade social brasileira permaneceu inalterada e os índices de criminalidade (homicídios) tiveram forte crescimento, como mostra o gráfico abaixo:
O partido da imprensa assumiu a “posição oposicionista” a um governo que hoje conta com enorme aprovação popular. A comparação de desempenho entre os governos do Partido dos Trabalhadores (Lula, Dilma) e do partido da imprensa (FHC, Serra), é extraordinariamente favorável ao primeiro: não há um único índice social ou econômico em que o governo Lula (Dilma) não seja muito superior ao governo FHC (Serra), a lista desta comparação chega a ser enfadonha. Abaixo, o gráfico com número de empregos formais criados:
Serra é, portanto, o candidato do partido da imprensa, que reúne os interesses da direita brasileira e faz oposição ao governo Lula. Dilma é a candidata da situação, da esquerda, representando vários partidos, defendendo a continuidade do governo Lula.
Agora que tudo ficou bem claro, você pode continuar (ou não) lendo seu jornal, sabendo que ele trabalha explicitamente a favor de uma candidatura e de um partido que, como todo partido, almeja o poder.
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Annita Dunn, diretora de Comunicações da Casa Branca, à rede de televisão CNN e aos repórteres do The New York Times:
“A rede Fox News opera, praticamente, ou como o setor de pesquisas ou como o setor de comunicações do Partido Republicano” (…) “não precisamos fingir que [a Fox] seria empresa comercial de comunicações do mesmo tipo que a CNN. A rede Fox está em guerra contra Barack Obama e a Casa Branca, [e] não precisamos fingir que o modo como essa organização trabalha seria o modo que dá legitimidade ao trabalho jornalístico. Quando o presidente [Barack Obama] fala à Fox, já sabe que não falará à imprensa, propriamente dita. O presidente já sabe que estará como num debate com o partido da oposição.”
Brilhante, Milton!
Não existe exatamente um partido da grande mídia. Mas a grande mídia tem sim seus favoritos quem é José Serra. O New York Times não apoiou Obama? É absolutamente normal que isso ocorra. É importante lembrar que os maus resultados do segundo governo FHC (que foi eleito duas vezes no primeiro turno) dizem respeito às preocupações do mercado em relação a um eventual governo do PT (que não faz muito tempo admitia que era um partido contra “a ordem burguesa e o capitalismo”, foi por esse motivo que o PT não assinou a CF de 1988) — e por isso os índices econômicos foram para o espaço. E o pronunciamento da Judith Brito foi muito bom e deixou de lado a hipocrisia. A grande mídia é fundamental para o Brasil de nossos dias. Exemplo, se a Veja não tivesse estampado na sua capa o vergonhoso contrato de financiamento entre o PT e Marcos Valério ninguém saberia do mensalão petista ( e tem gente que ainda não acredita nisso).
E o Nelson Jobim acertou na mosca hoje: a popularidade de Lula não transfere votos para a Dilma. Eu mesmo aprovo o governo Lula, mas não voto na Dilma sob hipótese alguma. A Yeda tem uma imensa rejeição no RS, mas o Serra tem no RS uma vantagem imensa sobre a Dilma, 45 a 27, segundo o datafolha. E no final das contas, Serra e Dilma fazem parte do mesmo campo ideológico de centro esquerda.
Disseste tudo meu amigo: Pesquisa do Datafolha…
Devem ter usado os mesmos métodos de pesquisa de 1998 quando da eleição de Mario Covas. Clique aqui para lembrar este fato: http://www.igutenberg.org/dataf21.html
Quanto a revista Veja, esta estampa na capa o que lhe convêm e quando quer: http://miltonribeiro.opsblog.org/2010/02/19/a-ultima-da-veja/
Acredito em mensalão. E também em mensalão A.L. (antes de Lula). A mídia não estava lá para defender o povo. Só não acredito em “grande mídia”. Pelo seu tamanho.
Que bom seria, Milton, que todos os trabalhadores brasileiros se “desvestissem” da roupagem de ignorância que os jornalões desse país cismam em distribuir a cada vez que assistimos a um noticiário, dito imparcial, ou abrimos um jornal pseudo-comprometido com a notícia séria. A grande mídia vive com dor de cotovelo, justamente, porque o governo Lula fez mais e melhor do que o dito “intelectual” – FHC. Estão aturdidos. Perdidos. Serra é um “picolé de chuchu”. Me vêm os piores augúrios, os mais tristes pressentimentos, quando penso na possibilidade de ver Serra como possível presidente do país. Atualmente, a mídia chama a política social do presente governo de populismo, os acertos econômicos do governo Lula como resultado de condições propícias da “entidade em si” – o mercardo – e a ascensão da Dilma nas pesquisas de intenção de voto, como uso da máquina pública. O Brasil é um dos únicos países do mundo onde trabalhador vota na direita, nos plutocratas. Onde o parasitado vota no parasita. Terrível. Isso é resultado do “doutrinamento” da Ditadura Militar. Tudo aquilo que diz respeito a um partido de esquerda ou ao fortalecimento do Estado é julgado como ruim. Afinal, “comunista” ou a “esquerda” come criancianha; são uma horda de ateus e defensores do aborto – falando irônica e sarcasticamente. O caso mais patente da política do “partido da imprensa”, foi a “privataria” perpetrada no governo FHC. Fico triste porque a maioria daqueles que defendem esse caso, nunca refletiram mais seriamente a respeito.
Muito bom o texto, MIlton. Parabéns!
A privataria de FHC? Qual delas, as das telecomunicações? Alguém aqui tem saudade do monopólio estatal das teles que privava a população de baixa renda do serviço de telefonia? Ou as do setor elétrico? Aquela que o governo Lula pretende renovar as concessões sem fazer licitação para que muita grana entre na campanha da Dilma?
Esta constatação deve ser apregoada em altos brados. Infelizmente, não há partidos, mas personas: torce-se por um ou outro como quem torce por um time. A oposição não tem discurso e fica na dependência de uma certa imprensa ‘meter o pau’ no governo. As estatísticas, as melhorias, os avanças… é preciso garimpar notícias assim… O post que vc replicou é fundamental.
Não que os jornais sejam santos, não mesmo. Mas esse texto deixa implícito que, se um governo é bom, não se deve trazer à tona suas falhas como mensalões, alianças espúrias, etc. Um quem não está conosco está contra nós, que sabemos onde vai dar.
Agora, pra quem quer rir um pouco, leiam esse texto sobre a imprensa do José Sarney, que deve ser mesmo um grande ficcionista, pra ignorar que controla os jornais e a TV do Maranhão e escrever o seguinte:
Chateaubriand dizia que os jornais não morrem de enfarte fulminante, mas de doenças que no mínimo levam dez anos. Uma delas é a política, outra, a idiossincrasia. Jornais políticos perdem leitores e a credibilidade; os que têm idiossincrasias com pessoas e escolhem inimigos para bajular também contraem o vírus da morte.
http://youpode.com.br/blog/alguemmedisse/tag/sarney-e-a-imprensa/
Temos bons candidatos à Presidência da República dessa vez, à exceção de Serra. Lula foi um populista sim, mas fez investimentos e não fez um governo recessivo como o de FHC, que o Serra quer retornar. Isso é muito importante. Ficarei satisfeito com qualquer um que ganhar, dentre estes três: Marina, Dilma ou Ciro.
É importante pensar nas questões de educação, saúde, melhoria dos salários e das condições de trabalho, no capital humano e em obras que criem condições mínimas de progresso para a sociedade como um todo, como um sistema de drenagem para a “bacia” que é a cidade do Rio de Janeiro.
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