Deputado defende blogues sujos e pede distribuição justa da publicidade

Vamos mudar finalmente essa porra? (Pergunta-pedido deste blogueiro).

Em discurso na tribuna da Câmara, nesta segunda-feira (1º), o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) criticou duramente as recorrentes condenações judiciais contra blogueiros não alinhados ao pensamento hegemônico da grande mídia.

Referindo-se ao caso do blog Vi o Mundo, recentemente condenado em primeira instância a pagar R$ 30 mil de indenização por danos morais ao diretor da Central Globo de Jornalismo, Ali Kamel, o parlamentar comparou o contexto atual ao da ditadura civil-militar iniciada em 1964.

“Estamos a assistir no País hoje a um processo muito semelhante ao que foi feito na época da ditadura militar. Qualquer órgão de comunicação alternativo que tinha coragem de questionar o status quo ou chamar a sociedade brasileira para refletir de maneira crítica sobre os anos de chumbo era calado pela baioneta ou era sufocado, asfixiado pela dificuldade de buscar qualquer tipo de apoio publicitário”, afirmou Pimenta, que também é jornalista.

“Hoje estamos a assistir, infelizmente, a algo semelhante a um processo crescente de judicialização coordenado pelos grandes meios de comunicação, com empenho e apoio do Judiciário conservador”, complementou o deputado.

Para o parlamentar gaúcho, as seguidas condenações atentam contra a democracia e contra a liberdade de expressão e são representativas da postura autoritária dos grandes meios de comunicação. “Eles estão novamente mostrando sua determinação e sua força contra qualquer possibilidade de movimentação de qualquer setor da sociedade que atente contra os seus interesses”, disse Pimenta.

Publicidade e casos emblemáticos – O deputado também disse que pretende estimular esse debate na bancada do PT e defende a mudança da política de distribuição de verba publicitária do governo, que estaria asfixiando a diversidade de fontes de informação para a sociedade. “Estamos há mais de 10 anos com governos populares neste País, mas em praticamente nada se alterou a concentração das verbas publicitárias do governo federal para os grandes meios de comunicação, em detrimento de uma política de afirmação de uma mídia regional e de formas alternativas de informação”, apontou.

“O PT  deve protagonizar esse debate, que tem forte vínculo com a nossa história de luta pela democratização do País. Vou propor à bancada a realização de um seminário para discutirmos como a distribuição de verbas oficiais pode ser mais democrática. E também acredito que devemos realizar uma audiência pública sobre os casos emblemáticos de blogs e jornalistas condenados judicialmente por terem feito críticas ou sátiras aos grandes meios. Não podemos aceitar esse processo de judicialização que vem ferindo a liberdade de expressão”, disse Pimenta.

O deputado listou alguns casos de blogueiros e jornalistas condenados ou alvos de ações movidas por grandes meios, além do Vi o Mundo: Luís Nassif, Paulo Henrique Amorim (Conversa Afiada), Rodrigo Vianna (Escrevinhador), Marco Aurélio Mello (Do lado de lá), Falha de São Paulo, Cloaca News e o paraense Lucio Flávio Pinto (Jornal Pessoal) são alguns dos casos considerados emblemáticos.

Rogério Tomaz Jr (assessoria do PT na Câmara Federal)

Buscando contato com o travesseiro de Dilma Rousseff

No dia 8, Dilma Rousseff brindou-nos com um belo discurso no Dia Internacional da Mulher. Foi um discurso feminista e interessante sob todos os aspectos. E, falemos sério, era autêntico. Hoje ela está em Roma a fim de depositar seu ósculo na mão do novo Papa. Acho lamentável que ela se submeta a um Papa tão conservador e que já deu sinais bastante antifeministas, mas o travesseiro de Dilma deve ter-lhe dito coisas terríveis nos últimos dias… Há um grande eleitorado que se diz católico, Dilminha… O Papa é populista e será pop… Ele fala em opção pelos pobres, tu também… É um hermanito e, indo lá, tu fazes alguns pontos com eles… A mídia virá de graça até no Jornal Nacional — que vai te dar 4 preciosos segundos…

Maldito travesseiro! Resultado, ela foi, está lá, já beijou e tirou as tais fotografias.

Chico, Dilma e, de vermelho, o bonitão de Bento XVI | Foto: Roberto Stuckert Filho

Hoje, a Agência Brasil diz que, antes de falar com o Bergoglio, ela elogiou a iniciativa do papa de dar atenção aos pobres. “É claro que o mundo pede hoje, além disso [da preocupação com os pobres], que as pessoas sejam compreendidas e que as opções diferenciadas das pessoas sejam respeitadas”, acrescentou. Será que ela vai dizer isto a ele? Se disser, sobe no meu conceito. Mas nem teve tempo, claro, foi um encontro em pé, rapidinho, ao lado do padre-sexy Georg Gänswein. Só espero que ela não diga que, dã, “Nunca um papa tinha me beijado”, como disse Cristina Kirchner tentando embarcar na onda do papa pop. (Me deu um enjoo agora, sei lá).

Porque a Dilma morre de medo da migração dos votos dos religiosos, dos evangélicos e também da grande imprensa — financiada pelo governo para bater no governo. Tanto que 70% da verba federal para a publicidade vai para os dez maiores veículos de informação, justamente os mais conservadores e direitistas, que consideram satanistas quem olha os indicadores e aprova o governo do ex-presidente Lula e o da atual presidente.

Mas acordei mal humorado. Sei que desde sempre a política foi e seguirá sendo algo tortuoso e não devo esperar que um governante siga meu ideário sem fazer pit stops em prostíbulos. OK, Dilma, beije a mão do homem, mas, já que estás na Europa, dê uma olhada nos jornais. Alô, travesseiro da Dilma?, aconselhe-a a dar uma olhada na mídia. Aí, do ladinho, existem opções à direita e à esquerda. Os canhotos também recebem publicidade pública (e privada) que lhes permitem manter uma boa qualidade, competindo com os PIGs deles. Pergunta aí na Itália, Dilma, como vai la stampa suini. Verás que ela não é tão hegemônica quanto é aqui. Pergunta se a Miei cari amici daí demitiu seus jornalistas, pergunta!

E mais não digo porque o trabalho me aguarda.

A antiga imprensa, enfim, assume partido

Por Jorge Furtado

Quem estava prestando atenção já percebeu faz tempo: a antiga imprensa brasileira virou um partido político, incorporando as sessões paulistas do PSDB (Serra) e do PMDB (Quércia), e o DEM (ex-PFL, ex-Arena).

A boa novidade é que finalmente eles admitiram ser o que são, através das palavras sinceras de Maria Judith Brito, presidente da Associação Nacional dos Jornais e executiva do jornal Folha de S. Paulo, em declaração ao jornal O Globo:

“Obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada.”

A presidente da Associação Nacional dos Jornais constata, como ela mesma assinala, o óbvio: seus associados “estão fazendo de fato a posição oposicionista (sic) deste país”. Por que agem assim? Porque “a oposição está profundamente fragilizada”.

A presidente da associação/partido não esclarece porque a oposição “deste país” estaria “profundamente fragilizada”, apesar de ter, como ela mesma reconhece, o irrestrito apoio dos seus associados (os jornais).

A presidente da associação/partido não questiona a moralidade de seus filiados assumirem a “posição oposicionista deste país” enquanto, aos seus leitores, alegam praticar jornalismo. Também não questiona o fato de serem a oposição ao governo “deste país” mas não aos governos do seu estado (São Paulo).

Propriedades privadas, gozando de muitas isenções de impostos para que possam melhor prestar um serviço público fundamental, o de informar a sociedade com a liberdade e o equilíbrio que o bom jornalismo exige, os jornais proclamam-se um partido, isto é, uma “organização social que se fundamenta numa concepção política ou em interesses políticos e sociais comuns e que se propõe alcançar o poder”.

O partido da imprensa se propõe a alcançar o poder com o seu candidato, José Serra. Trata-se, na verdade, de uma retomada: Serra, FHC e seu partido, a imprensa, estiveram no poder por oito anos. Deixaram o governo com desemprego, juros, dívida pública, inflação e carga tributária em alta, crescimento econômico pífio e índices muito baixos de aprovação popular. No governo do partido da imprensa, a criminosa desigualdade social brasileira permaneceu inalterada e os índices de criminalidade (homicídios) tiveram forte crescimento, como mostra o gráfico abaixo:

O partido da imprensa assumiu a “posição oposicionista” a um governo que hoje conta com enorme aprovação popular. A comparação de desempenho entre os governos do Partido dos Trabalhadores (Lula, Dilma)  e do partido da imprensa (FHC, Serra), é extraordinariamente favorável ao primeiro: não há um único índice social ou econômico em que o governo Lula (Dilma) não seja muito superior ao governo FHC (Serra), a lista desta comparação chega a ser enfadonha. Abaixo, o gráfico com número de empregos formais criados:

Serra é, portanto, o candidato do partido da imprensa, que reúne os interesses da direita brasileira e faz oposição ao governo Lula. Dilma é a candidata da situação, da esquerda, representando vários partidos, defendendo a continuidade do governo Lula.

Agora que tudo ficou bem claro, você pode continuar (ou não) lendo seu jornal, sabendo que ele trabalha explicitamente a favor de uma candidatura e de um partido que, como todo partido, almeja o poder.

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Annita Dunn, diretora de Comunicações da Casa Branca, à rede de televisão CNN e aos repórteres do The New York Times:

“A rede Fox News opera, praticamente, ou como o setor de pesquisas ou como o setor de comunicações do Partido Republicano” (…) “não precisamos fingir que [a Fox] seria empresa comercial de comunicações do mesmo tipo que a CNN. A rede Fox está em guerra contra Barack Obama e a Casa Branca, [e] não precisamos fingir que o modo como essa organização trabalha seria o modo que dá legitimidade ao trabalho jornalístico. Quando o presidente [Barack Obama] fala à Fox, já sabe que não falará à imprensa, propriamente dita. O presidente já sabe que estará como num debate com o partido da oposição.”