O Hotel Sheraton de Porto Alegre realizou uma promoção especial em 12 de junho de 2006, Dia dos Namorados. Por um preço mais ou menos módico para seus padrões, foi oferecido jantar e hospedagem de uma noite em suas luxuosas instalações. Era como se o grande hotel se transformasse em um supermotel. Estava lotado de casais e eu era a metade de um deles. Só que o Sheraton não é um motel; isto é, não é aquele local em que se vai mais ou menos escondido com o propósito de ter por algumas horas um ambiente privado, quase sempre kitsch e que nos provoca irrefreavelmente a libido. A primeira diferença já se notava na chegada: não saíamos de nossos carros em garagens escondidas e sim entrávamos numa féerica fila de casais. Um check-in de aeroporto, entende? Os que estavam ali conosco pareciam ser pessoas estáveis, rotineiras e felizes, donde concluo que esta devia ser minha cara. É claro, era aproximadamente 21h, era o notório Dia dos Namorados ou, mais exatamente, a notória noite do notório Dia dos Namorados. Seria intolerável para qualquer um que tenha seu par ficar sozinho esta noite, assim como seria estranha a presença de amantes eventuais.
Mas era um ambiente cômico. As duplas iam chegando ao balcão, todos sem malas, com as mulheres portando pequenas nécessaires. Todos olhávamos reto para o balcão, pois não apenas qualquer amigo ou conhecido seria indesejável numa hora daquelas, como havia a estranha sensação de se estar entrando em grande grupo num motel. Quem chegava finalmente ao balcão era saudado pelo atendente com um festivo “Feliz Dia dos Namorados” que soava como um ditoso have a nice fucking. Por sorte, a tortura era rápida e entrávamos rapidamente.
Depois de deixarem a pequena bagagem no quarto, os casais desciam para a soberba refeição. Todas as mesas eram pequenas e estavam belamente decoradas. Havia um violinista que ia de mesa em mesa. Aqui acabava o constrangimento inicial, pois a comida e o vinho faziam o habitual milagre de tornar-nos felizes, falastrões e, afinal, podíamos observar abertamente quem praticaria intercurso após a sobremesa. Era interessante, às vezes bonito ou enternecedor. Havia um casal de septuagenários; quando subiram para o quarto, ambos sorrindo intensamente, viu-se que a senhora amparava-se em uma bengala. Havia a falsa loira envelhecida acompanhada de seu jovem, impressionável e anabolizado consorte. Havia o japonês apaixonado que chegou ao restaurante com um copo de champanhe na mão, máquina fotográfica no pescoço, e que levou carinhosamente sua dama para a mesa que lhes fora destinada. (Depois o mesmo solicitou que um garçom lhes tirasse uma foto. Japonês é sempre japonês.) Havia as grandes personagens, como Paulo Roberto Falcão e senhora, etc. Porém, lá também estava o cronista que só fala em sexo, o Casanova, o tarado-mor da cidade: o gremista David Coimbra. Era impossível observar a mulher que o acompanhava sem pensar que — pequenina e delicada — ela seria destroçada dali a minutos.
Sinto decepcioná-los ao ignorar o longo espaço narrativo entre a sobremesa e o check-out. Lá, pudemos ver mais casais saindo abraçados. Aparentemente tudo tinha dado certo. O único casal já visto que estava no check-out era o Garanhão Gremista e a Pequenina Delicada. Ela estava viva e movimentava-se normalmente. Ele não deve ser toda esta coisa. Apenas um fato os diferenciava. Ela não carregava uma nécessaire, mas sim uma enorme — e vermelha — mala.
sensacional.
“O mistério da mala vermelha” (Agatha Christie).
“Little joy and the Big One” (Jeff Chandler).
“Caras e Coroas” (Sidney Sheldon).
“Amar é dar o que não se tem a quem não sabe o que quer” (J. Lacan).
“Crônica de uma noite especial” (A. Tcheckhov).
“Motel Paradiso” (Mae West).
“Amor enim salvat” (Encíclica de Bento XVI”.
Cara,
este david coimbra é um chato de galocha onde ele se mete.
Como personagem gremista, prefiro até o Santana, sem falar no Peninha. Não se levam a sério e, por isto, tornam-se divertidos.
Agora o rapaz é metido a cronista. Escreve uns textos primários, português correto , mas infantis em sua acepção. Resolveu então achar que é intelectual e dar pitaco em política, com frase luminares:
– Prefiro políticos nos cargos a técnicos. Técnicos só tomam decisões técnicas, não pensam nas pessoas. (Claro que a decisão de permitir casas no morro de Angra não foi técnica, digo eu)
– Sou contra a construção de prédios e etc ao lado do Guaíba pois quem construir vai ganhar dinheiro com isso. (sim , queria o quê? não que eu seja favoravel à construção, mas que motivinho hein!)
e assim vai ….
Branco
Se conclui que a Pequena Delicada rumava dali para a concentração do Colorado?
Quem já o viu no CAFÈ TVCOM, ao lado de Tatata Pimentel, Túlio Milmann e Tânia Carvalho, conclui que realmente o cara é uma mala, além de metido a intelectual. Seguidamente toma carraspanas do Sr. Roberto Pimentel, onde também é chutado e esfolado quando tenta discutir literatura ou artes com o ex-professor.
A mala vermelha da moça deveria ser uma homenagem ao seu par.
Admito que a mala seria azula então
Branco
Esta historinha da mala vermelha é antiga. Dentro tinha um anão besuntado.
Assim como uma garrafa de absinto e cigarros turcos.
🙂 🙂 🙂
A mala era grande o suficiente pra caber uma pessoa retalhada dentro? – Espero que mais alguém tenha pensado nisso. Me sinto como uma pessoa que vê sangue nas lâminas de Rorschach.
Hahahahahahahahahahahahahahaha
Se algum dia eu entrar numa roubada dessas, vou pedir ao hotel uma cadeira de rodas para levar minha mulher embora. Sabe como é, nunca se sabe quem vamos encontrar no check-out…
Caro Milton,
o afrodisíaco post foi sedado, drogado, prostituído e enviado ao cárcere privado do Copy & Paste.
¡Muchas gracias!
Pior é ficar em fila de motel no dia dos namorados e com um bebê 10 anos mais moço que a gente… hahahahaha!!!